Movimento independente fala em vitória e socialistas assumem derrota, mas todos os votos contam para eleger o presidente da mesa da assembleia
Novos partidos, saída de outros, descidas e subidas. É assim que vai estar a nova Assembleia Municipal de Setúbal que, tal como aconteceu na câmara municipal, sofreu muitas mudanças.
No mandato que vai começar no final deste ano o PS obteve a maioria de mandatos, porque além de ter conseguido eleger 10 deputados conta ainda com os três presidentes das freguesias de Azeitão, São Sebastião e UF Setúbal – que têm assento no órgão por inerência – fechando assim com um total de 13 eleitos.
A candidatura de Maria das Dores Meira (Setúbal de Volta) teve a maioria dos votos, mas estes não foram suficientes para obter a maioria dos assentos da assembleia municipal, o que perfaz um total de 10 eleitos. Apesar de ter mais votos que os socialistas, numa margem de 43 votos, é a inerência dos presidentes de junta de freguesia que ‘estraga a festa’ ao movimento independente.
O maior perdedor da noite de domingo volta, também neste órgão, a ser a CDU que detinha a maioria dos mandatos e que passa agora para ter apenas quatro eleitos. Tal como o PS, a coligação beneficia de ter elegido dois presidentes de junta – no Sado e em Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra – ficando assim com seis eleitos na AM.
Quem vai presidir aos trabalhos? Está tudo em aberto
Mais votos de um lado e mais mandatos do outro faz com que esteja tudo em aberto e não será fácil decidir quem vai presidir aos trabalhos do órgão autárquico. Num total de seis partidos representados no órgão, todos podem propor um presidente, bem como os primeiro e segundo secretários, mas já se conseguem perspetivar nomes que possam estar na linha da frente.
Por um lado, David Martins (Setúbal de Volta) que para ser eleito vai precisar dos votos de outras bancadas, e ainda, Paulo Lopes (PS) que beneficia de um maior número de mandatos, mas nem isso pode deixar os socialistas descansados quanto à liderança do órgão. Os 13 votos, que ficam a cargo do Chega, da CDU, da IL e do Livre, vão ser decisivos.
Chega reforça votação e soma mandatos
O Chega conseguiu reforçar a votação que tinha obtido há quatro anos. Em 2021 o partido tinha ficado, em termos da assembleia municipal, em quarto lugar dos mais votados e em 2025 conseguiu ficar no fim do pódio das listas mais votadas.
Assim, passam a contar com sete eleitos no órgão, mais cinco mandatos para acrescentar aos dois que já tinham sido garantidos há quatro anos.
Este ano o Chega conseguiu angariar 10785 votos (19,51%), quase mais oito mil votos do que há quatro anos – em que conseguiram conquistar 6,38% do eleitorado num total de 2837 votos.
BE, PAN e PSD perdem todos os eleitos
O Bloco de Esquerda e o PAN perderam a representação que tinham neste órgão autárquico. A votação de domingo não permitiu que nenhum dos partidos conseguisse manter – ou até eleger mais – membros dos que tinham face a 2021.
Em termos percentuais, e numa votação em que concorreram nove listas, o PAN ficou em último classificado ao obter apenas 1,19% (658 votos) o que, tendo em conta o cenário de há quatro anos, se traduz numa perda de 682 votos.
Também o BE desceu nas votações ficando em 7.º lugar dos mais votados, conseguindo conquistar apenas 1,54% do eleitorado (853 votos) contra os 2262 votos obtidos em 2021. Assim, perdem o único membro eleito na assembleia municipal.
O PSD, que este ano não apresentou listas a nenhum órgão autárquico, também sai a perder nestas eleições. Os social-democratas que em 2021 garantiram seis eleitos na assembleia municipal ficam agora sem nenhum. Recorde-se que o PSD a nível nacional apoiou a candidatura de Dores Meira, contra a vontade da estrutura concelhia.
Livre estreia-se no órgão e Iniciativa Liberal mantém-se igual
Conforme saem três partidos do panorama da assembleia municipal entra um outro. O Livre, que pela primeira vez apresentou listas a este órgão autárquico, conseguiu eleger um deputado para compor as bancadas da assembleia.
Com uma percentagem de 3,67% (num total de 2026 votos) o partido consegue, pela primeira vez, eleger um candidato – sendo que nem na câmara municipal nem nas assembleias de freguesia conseguiram garantir lugares.
CDU reduz assentos municipais para menos de metade
O maior perdedor da noite de domingo foi mesmo a CDU que, além de baixar consideravelmente nas votações para a câmara municipal, também perdeu expressão na AM Setúbal.
A coligação que há quatro anos conseguiu garantir 12 eleitos – aos quais se juntaram os presidentes das cinco juntas de freguesia, totalizando 15 assentos – não conseguiu eleger mais de quatro deputados para o órgão.
Ao manterem as lideranças da Junta de Freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra e da Junta de Freguesia do Sado, e por inerência, o partido vai contar com seis eleitos no mandato que vai durar até 2029.