Comunistas apontam responsabilidade de “resolver ou manter problema” para o PS. Pretendem ainda integrar serviço na Transtejo e manter trabalhadores
O Partido Comunista Português (PCP) e o Bloco de Esquerda (BE) vão entregar na Assembleia da República uma recomendação para o Governo incluir a travessia do rio Sado, entre Setúbal e Tróia, no passe Navegante, desafiando, assim, o executivo PS a posicionar-se sobre o aumento dos preços do transporte fluvial.
O PCP pretende “resgatar o direito ao transporte público fluvial entre as margens do Rio Sado”. Em declarações a O SETUBALENSE, Paula Santos, líder parlamentar do partido comunista, explica que “há muito que o PCP tem vindo a defender a integração deste transporte no Passe Navegante”.
Para a deputada comunista, o PS tem de assumir as suas posições relativamente a esta matéria, uma vez que o pretendido pelo partido é “resolver um problema que é amplamente sentido pelas populações”. “Fica na responsabilidade do PS se quer resolver ou manter o problema”.
No entender de Paula Santos, é “inaceitável que ainda não se tenham tomado medidas para resolver este problema”, de modo a “garantir o acesso e a mobilidade à população”, sendo que trata de uma questão de “elementar justiça”.
“Na parte do PCP o que se exige é uma solução para assegurar a estes utentes uma garantia de mobilidade. Fica à responsabilidade dos outros partidos, se querem resolver verdadeiramente este problema”.
Desta forma, o PCP pretende que se considere a concessão existente entre a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) e a Atlantic Ferries, e resgate o contrato de concessão, por ausência de cumprimento do objecto contratual, de modo a “melhorar a mobilidade das pessoas e bens”, o que traria “enormes benefícios para a Área Metropolitana de Lisboa e para o país”, e que se proceda à sua integração do serviço na empresa do sector empresarial do Estado (Transtejo). O partido quer ainda que se integre os trabalhadores desta empresa, na empresa que ficar com a concessão.
Já o Bloco de Esquerda considera que o Governo deve “intervir e articular entre as várias entidades no terreno para que a travessia fluvial seja rapidamente incluída no PART e abrangida pelo passe Navegante”. Desta forma, o grupo parlamentar do BE propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que “articule com as entidades municipais e intermunicipais e com a APSS de forma a incluir a travessia fluvial no Programa de Apoio à Redução Tarifária nos transportes públicos”.
Caso esta medida seja adoptada, a mesma permitirá que a viagem passe a estar integrada no passe metropolitano de 40 euros quando, actualmente, o passe da travessia, que está concessionada à Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) e à empresa Atlantic Ferries, chega aos 92,80 euros mensais.
Na passada terça-feira os autarcas de Setúbal, Alcácer do Sal e Grândola, insurgiram-se contra os preços da travessia numa conferência de imprensa conjunta, onde defenderam a extensão do passe Navegante para esta travessia. Os deputados do PS eleitos pelo círculo de Setúbal também questionaram o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, sobre a inclusão da viagem Setúbal-Tróia no tarifário da Área Metropolitana de Lisboa.