8 Julho 2024, Segunda-feira

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“Todos podemos falar em Democracia mas nem todos temos o mesmo entendimento sobre ela”

“Todos podemos falar em Democracia mas nem todos temos o mesmo entendimento sobre ela”

“Todos podemos falar em Democracia mas nem todos temos o mesmo entendimento sobre ela”

A académica Rita Figueiras e o jornalista Francisco Alves Rito participaram em conferência no âmbito da Universidade de Verão da UNISETI

“Todos podemos falar em Democracia mas nem todos temos o mesmo entendimento sobre ela”. Palavras de Rita Figueiras, docente da Universidade Católica Portuguesa (UCP), que falava para uma sala cheia de gente interessada em ouvir falar sobre “Jornalismo e Democracia”.

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O tema esteve em debate nas novas instalações da Universidade Sénior de Setúbal (UNISETI) onde, além da também directora convidada da edição de aniversário do jornal O SETUBALENSE, falou o director deste periódico, Francisco Alves Rito.

A fragilidade da democracia, a desinformação que circula nas redes sociais e os avanços tecnológicos foram três dos temas que mais se destacaram numa manhã de muita conversa e perguntas do público.

Na sua intervenção a docente explicou que “não há valores absolutos, são todos ponderados” ao falar sobre o entendimento que os jovens têm sobre a definição de viver em Liberdade e Democracia. “Nos vários estudos que têm sido feitos os jovens falam muito em democracia mas se lhes forem perguntar o que é que isso significa, não vai ser a mesma coisa para os jovens do que é para as pessoas mais velhas. Para os jovens – e vou fazer uma generalização – a democracia existe se eles tiverem a possibilidade de escreverem o que quiserem na internet”.

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Ao mencionar o crescimento dos partidos políticos de extremos, seja à esquerda ou à direita, considera que estes têm contribuído para haver menos credibilidade na democracia e nas instituições democráticas. Considerando o jornalismo como um 4.º poder – que tem a competência de questionar o poder e as decisões que aqui são tomadas – expressa que este está, cada vez mais, a ser posto em causa e a ser considerado “falacioso e discriminatório”.

Para esta ideia, na visão de Rita Figueiras, o avanço da tecnologia e a disseminação de todo o tipo de informação – sem que exista uma confirmação sobre o que é escrito – está a fomentar cada vez mais a desconfiança no trabalho jornalístico.

“É óbvio que há bom e péssimo trabalho jornalístico – tal como os políticos – mas não significa que todos os jornalistas são maus, mas há esta generalização abusiva de confiança. Se há desconfiança das instituições e do jornalismo, o que é que fica? Fica um espaço enorme para o rumor, as teorias da conspiração, e o diz que disse, que a internet muito alimenta”.

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“A democracia está verdadeiramente em risco”

A Terceira Guerra Mundial, as alterações climáticas e o avanço das tecnologias são, no entender de Francisco Alves Rito, as ameaças globais dos nossos tempos. Considera que “a democracia está verdadeiramente em risco” e, concretamente sobre jornalismo, considera que a base de um bom funcionamento de todos os poderes assenta numa “sociedade esclarecida e informada capaz de suportar essa responsabilidade de governar a nossa organização colectiva – que é o Estado” e que, sem isso, “dificilmente podemos ter um Estado de qualidade”.

“A qualidade de uma coisa depende da qualidade da outra. Se tivermos um povo exigente e uma sociedade exigente e capaz, teremos com certeza um Estado mais bem governado e capaz de responder a estes desafios. O jornalismo tem um papel essencial nisso, este nível de desenvolvimento da sociedade, pelo menos naquilo que diz respeito à informação e ao conhecimento da situação, depende de um jornalismo capaz”.

No complemento às palavras da docente da UCP detalha que é um engano as pessoas pensarem que com as redes sociais e a internet estão informadas sobre o que se passa no Mundo. Entende por isso que “o jornalismo é essencial” para desenvolver o “espírito crítico” em cada um de nós.

“Em cada momento apreciarmos como negativa ou positiva, termos sentido crítico, relativamente a uma medida concreta, a uma política pública ou a qualquer acontecimento social, depende muito daquilo que lemos, ouvimos e vimos na televisão dos comentadores e dos especialistas”.

Interesse e perguntas não faltaram por partes daqueles que assistiam à sessão, também integrada na Universidade de Verão daquela instituição, e o debate acabou por também fluir com o público.

A conferência é integrada nas comemorações do 169.º aniversário do jornal O SETUBALENSE que, além da publicação de uma edição especial – a 31 de Julho –, traz à cidade e à região o programa da RTP “Portugal em Directo”, apresentado pela jornalista Dina Aguiar, vai emitir uma reportagem feita em Setúbal, pela jornalista Filipa Marques Henriques, e fazer um directo do exterior.

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