Tio Rex: o futuro da Folk em Portugal, passa por aqui

Tio Rex: o futuro da Folk em Portugal, passa por aqui

Tio Rex: o futuro da Folk em Portugal, passa por aqui

Artista vê inspirações em “Zeca, José Mário Branco, Fausto” e em “Neil
Young ou Leonard Cohen”

 

Está a comemorar 10 anos de vida do seu alter-ego, Tio Rex, e fez a festa principal há
uns dias no Forte de Albarquel, em Setúbal. Encheu o espaço com amigos e seguidores
de um dos projectos musicais mais interessantes por estas paragens.

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Chama-se Miguel Reis, o homem, o músico, o compositor, o cantor que dá voz e alma a
este projecto que inclui uma discografia que, arrisco dizer, é quase de culto a avaliar pelas reacções.

Porque “sempre estive ligado às artes queria ir estudar para a Escola de Teatro da Amadora, mas tive que fazer uns testes e… não entrei”, recorda Miguel Reis.

“Felizmente era bom aluno e chegou a fase de decidir perante as opções disponíveis de
continuar a sua formação, tinha Psicologia, Matemática, Desporto, Turismo… e optei pelo Turismo”. E coincidência das coincidências, foi no Turismo que ocorreu o pontapé de saída para as artes, para a música. “Estava a fazer o estágio na Madeira, conheci um casal sul-africano que me ofereceu a minha primeira guitarra. Foi o meu primeiro instrumento e comecei a explorá-lo. Uma das minhas primeiras canções foi ainda escrita na Madeira, só com dois ou três acordes, mas escrevi”.

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A estreia em disco ocorreu no já longínquo ano de 2012, com o EP “Tio Rex”, recentemente reeditado com novos cuidados. “Foi tipo bootleg, pois eu fiz rigorosamente tudo. Foi um projecto completamente caseiro, muito rudimentar”. No ano seguinte surge o álbum “Preaching to a Choir Friends and Family” já foi editado por uma editora, a Experimentáculo”.

“No início tive duas pessoas de Setúbal que me deram a mão muito cedo, o João Miguel
Fernandes e o Pedro Soares, que era malta que organizava coisas underground e
independentes em Setúbal, no início dos anos 2000, e começaram a marcar-me concertos e coisa começou a abrir”.

As influências musicais são bem claras para o músico: “Apesar de ter crescido com o Zeca, José Mário Branco, Fausto e por aí fora, acho que tenho um bocadinho de Neil Young ou Leonard Cohen”. No entanto, a febre do “metal core”, vivida nos tempos do liceu, deixaria uma marca mais roqueira em Miguel, ainda hoje ele faz questão de incluir parcialmente nos seus trabalhos.

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“Musicalmente estou muito mais perto da música folk, pelas influências já referidas,
mas tenho um lado um pouco mais rock, que também marca presença nos meus temas.
Mas quando escrevo músicas é á guitarra e ao banjo”.

Um universo algo raro em Portugal, nos músicos portugueses. “Sim, pelo menos desde
que eu me mandei para estrada, há 10 anos, penso que há muito pouca gente a fazer esse
lado do folk, em Portugal. Há mais gente ligada ao tradicionalismo, aos adufes. É bom, parece-me que existe o crescimento de alguma Portugalidade. Mas uma coisa não
invalida a outra”.

A febre do “metal core”, vivida nos tempos do liceu, deixaria, no entanto, uma marca
mais roqueira, em Miguel, ainda hoje ele faz questão de incluir parcialmente nos seus
trabalhos.

“Sim, musicalmente estou muito mais perto da música folk, pelas influências já referidas, mas tenho um lado um pouco mais rock, que também marca presença nos meus temas. Mas quando escrevo músicas é á guitarra e ao banjo”.

Tentando manter alguma regularidade nas edições discográficas, porque a criação e o
talento assim o exigem, “5 Monstros”, foi o EP editado em 2014, a anteceder um
trabalho de maior folego, o segundo álbum, “Ensaio Sobre a Harmonia”, do qual me
permito destacar “O que o tempo destrói”, pela sua acutilante mordacidade.

“Desconstruir o mundo através da música, dos sons, das palavras. Uma das coisas que
sempre tentei fazer foi que a textura da canção acompanhe o tema da canção. Se
escrever uma canção tipo ‘A DecaDance’ tinha de ser uma valsa decadente, porque fala
destas coisas impessoais da net, como nos descartamos todos uns aos outros, mas vamos
dançando na mesma. Então a canção tinha de ser uma valsa. Tento sempre fazer isso desde o princípio, tal como os discos eu tento que as texturas e os arranjos expandam o
conceito da canção. E isso é que se tornou um vicio, isso é que se tornou Tio Rex”.

E Tio Rex voltou em 2018 com “5 Tragedies”, um trabalho em forma de EP, veio a publico em 2018 em tempos que o levou para outras paragens.

Lisboa, Porto, Festival dos Bons Sons, foram alguns pontos no caminho iniciado ao vivo no Clube Setubalense e que levaram ainda ao Fórum Luísa Todi, ao Barreiro, a Coimbra, a Aveiro, a Sertã, até chegar ao Forte de Albarquel, para a festa e para novo ponto de partida para outras paragens.

“Life, Love, Loss & Death”, o último trabalho de originais, circula pelas plataformas
digitais e é a confirmação de um talento muito maior que a dimensão do conhecimento
nacional deste projecto.

E que junta uma serie importante de músicos, de amigos que, de formas diferentes tem
marcado o universo musical sadino dos últimos anos; desde a guitarra eléctrica de
Sérgio Mendes (Hands on Approach, João Pedro Pais, A garota não), o baixo de
Bernardo Pacheco Pereira (D’Alva, Suave), a bateria de Diogo Sousa (Moullinex,
quartoquarto), a voz de Marta Banza (Museum Museum).

O futuro da música folk em Portugal passa seguramente por Setúbal, pelo Tio Rex.

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