Teatro Estúdio Fontenova estreia performance sobre memórias e a ligação corpo-terra

Teatro Estúdio Fontenova estreia performance sobre memórias e a ligação corpo-terra

Teatro Estúdio Fontenova estreia performance sobre memórias e a ligação corpo-terra

Patrícia Paixão e Eduardo Dias são os responsáveis pela criação e interpretação

 

Este sábado, o Teatro Estúdio Fontenova estreia “Cerco”, pelas 22h00, na Sala José Afonso da Casa da Cultura. A sua primeira performance de 2020 surge a convite da Casa da Cultura e está integrada no ciclo Duplicidade, apresentando-se de seguida, às 23h00, Disruption Ensemble – Portrait Concert.

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“Surgiu a ideia para, nesta performance de Fevereiro, fazermos algo com ligação aos direitos da terra e aos direitos do corpo. Como é que a perda de direitos da terra e de acesso à terra influencia os direitos do corpo? E como é que as nossas escolhas e as nossas memórias nos afectam?”, começa por explicar Patrícia Paixão, responsável, a par de Eduardo Dias, pela criação e interpretação desta performance. “Fomos buscar memórias nossas da natureza e da terra em que vivíamos e convivíamos quando éramos crianças e fizemos o exercício de perceber como é que as vemos hoje em dia e como é que isso afecta o nosso estado de espírito, a nossa vivência e o nosso crescimento”, continua.

“Corpo e terra, dois lugares que habitamos, como não pensar neles de forma intrinsecamente ligada?”
É a partir desta pergunta que Patrícia e Eduardo olham para o Alentejo e para Setúbal, trazendo as suas próprias memórias para cima do palco, para movimentos indígenas que questionam a violência para com terra e a violência para com o corpo da mulher e para a visão de sete mulheres, à volta do mundo, com diferentes vivências e ocupações profissionais, sobre qual é, nas suas opiniões, a relação entre a terra e o corpo.

Para além disso, na criação deste trabalho, Eduardo e Patrícia tiveram ainda por base investigações académicas de Sílvia Federici e o conceito de Karl Marx de “cercamento” – “que se deu quando os latifundiários e camponeses mais ricos cercaram terras que eram terras comuns deixando a população com menos acesso à terra e neste sentido importa perceber como é que isso as influenciou a nível da comunidade”.

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Assim, resultado das memórias, das vivências, das pesquisas e também das suas reflexões, cercam “corpos, palavras, memórias e movimentos descobrindo que precisamos de os devolver, mais livres e mais abertos”.

Nas palavras de Eduardo Dias, este foi um trabalho de “corte e costura que deu origem a uma manta de retalhos textual que depois começou a passar para o corpo, para os nossos próprios corpos”.

Com criação e interpretação de Eduardo Dias e de Patrícia Paixão, design, vídeo e operação técnica de Leonardo Silva e produção de Graziela Dias, esta performance tem, segundo os dois actores do Teatro Estúdio Fontenova, “um tema bastante pertinente e actual” e uma abordagem objectiva sobre o mesmo.

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“Aqui, os direitos à terra não são abordados de forma subjectiva. Temos momentos muito objectivos relativos a situações muito actuais, nomeadamente no que diz respeito às diferenças que sentimos nas nossas memórias, relativamente a Setúbal, como é que era e como é hoje em dia, e também ao Alentejo”, explicam. “Neste momento, parece-nos ser um tema que, até tendo em conta as condições climáticas e toda a perda de biodiversidade, nos alerta para o facto de devermos ter mais consciência do quão presentes estão estas alterações também na nossa sociedade portuguesa”, rematam, deixando presente o desejo e a intenção de futuramente apresentar a performance noutros sítios.

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