Volume de negócios caiu abruptamente nos últimos cinco meses com ‘desaparecimento’ da estação de camionagem da 5 de Outubro
O negócio dos táxis, a par do comércio local instalado perto da antiga gare de Setúbal, foi fortemente afectado pelo ‘desaparecimento’ da estação de camionagem da Avenida 5 de Outubro.
O fecho dos ‘Belos’ já provocou, inclusive, o encerramento de uma das praças de táxis que antes funcionava na zona. A que se mantém ‘de pé’, localizada junto à lateral do edifício, agora sem movimento e com um aspecto abandonado, luta diariamente pela sobrevivência.
O serviço, outrora bastante procurado, funciona agora a conta-gotas. No local permanecem actualmente pouco mais de três taxistas, quando antes a praça encontrava-se quase sempre lotada, com uma capacidade para sete veículos em simultâneo.
“Isto caiu, a bem cair”, começa por explicar Rui Ferreira, taxista há 15 anos naquela praça, a O SETUBALENSE. Se tiver de estimar, diz que o serviço decresceu nos últimos cinco meses “entre os 70 a 80%, superando as perspectivas mais pessimistas”.
“Chegamos a estar duas, três horas à espera de serviço”, confessa, para em seguida acrescentar: “Pensámos que isto se mantivesse, mas não, isto não tem movimento nenhum”.
Já Fernando Jacinto, também profissional experiente, diz lamentar a morte da praça, ao mesmo tempo que relembra, com saudade, a época em que esta era bastante movimentada. “Quando comecei, disseram-me logo para vir para a rodoviária porque era a melhor”, confessa.
Foi este um dos primeiros conselhos que recebeu enquanto novato, já lá vão 22 anos. Para os dois taxistas, é urgente definir-se um futuro para o edifício da estação rodoviária na Avenida 5 de Outubro, assim como são incompreensíveis os sucessivos adiamentos da inauguração do Terminal Interface da cidade, na Praça do Brasil, para o qual foi garantido uma nova praça de táxis, explica Rui Ferreira.
“Temos de aguardar até aquilo abrir, ou deixar de abrir, e temos de andar por aqui”, desabafa.
Fernando Jacinto, por sua vez, é da opinião de que o histórico imóvel não deveria de ser abandonado. Ao apontar para a gare, sublinha: “Isto aqui não devia de morrer totalmente”. “Deviam deixar alguma coisa, não sei, porque destas ruas vem muita gente apanhar táxis”, sublinha.
No que diz respeito à nova estação intermodal, o experiente taxista reconhece que a ideia não é negativa, mas que seria um erro os autocarros abandonarem por completo o espaço na Avenida 5 de Outubro, já que este representa centralidade e proximidade ao centro da cidade.
Sobre o terminal edificado na zona da Várzea, Rui Ferreira disse considerar a infra-estrutura bastante deficitária nas condições que oferece aos utentes e aos autocarros, também porque não tem uma praça de táxis.
Tais entraves acabam por obrigar os profissionais a ter de aceitar serviços em outras zonas da cidade. “Estamos a sobreviver”, revelou Rui Ferreira, a concluir.