Projecto com os restaurantes já decorre há um ano e os proprietários consideram que foi uma medida positiva, que já evitou a produção de toneladas de CO2
Os Serviços Municipalizados de Setúbal (SMS) fecharam o ano de 2024 com 4633 toneladas recolhidas de bio-resíduos, número que cresceu face ao ano anterior, em 33%. Os compostos são depois encaminhados para tratamento na Amarsul.
Desde 2021, ano em que voltaram a funcionar os SMS, já foram recolhidas mais de 12 mil toneladas de bio-resíduos que, em conjunto com os resíduos verdes, são “são transformados em composto, usado para o enriquecimento dos solos, evitando a sua deposição em aterro e consequente produção de cerca de 7,2 mil toneladas de CO2”, como explicam em nota de Imprensa enviada à redacção de O SETUBALENSE.
Esta deriva da campanha “Setúbal Com.posto tem + valor” que conta com a adesão de mais de 20 mil famílias e onde estão abrangidas as modalidades de recolha porta-a-porta, nas zonas com menor densidade populacional, e predominância de moradias, e a recolha colectiva de proximidade, com mais concentração de população.
A recolha de bio-resíduos nos restaurantes é outra das modalidades contempladas. Investidos no projecto estão já mais de 100 estabelecimentos que, todos os dias, recebem a visita do veículo “Recolha de resíduos urbanos sem emissões”, 100% eléctrico, que colecta os resíduos colocados nos contentores castanhos cedidos pelos SMS.
Os trabalhadores fazem as rondas todos os dias da semana e passam pelos estabelecimentos depois do período de almoço e/ou depois do período de jantar. O programa não tem custos de adesão e, a vantagem, é que todos estão a contribuir para a diminuição dos depósitos em aterro. A limpeza dos contentores fica à responsabilidade dos proprietários dos estabelecimentos de restauração.
No restaurante O Alface, na Avenida José Mourinho, Tânia Sousa considera que o projecto é “muito benéfico” e que “é um trabalho muito bem feito”. “Para nós foi maravilhoso, sentimos que tem sido muito bom, as equipas de trabalho têm sido incansáveis, não temos qualquer razão de queixa”.
Já Vítor Costa, proprietário dos estabelecimentos Kodachi Setúbal e Galitos, denota que existem outras medidas que poderiam ser implementadas para melhorar a recolha deste tipo de lixo produzido pelos restaurantes. Dá nota de que os trabalhadores deviam passar mais vezes nos contentores enterrados e pede que se possa aumentar o número destes depósitos.
A cozinheira do restaurante Leo do Choco, Rute Silva, estabelecimento que conta com cinco depósitos, explica que “tem estado a correr tudo bem” e que não existem dificuldades, apesar de no início do processo ter sido mais difícil a adaptação.
A recolha é feita essencialmente nos estabelecimentos da Avenida Luísa Todi e ruas transversais, mas prevê-se que seja alargado a outras zonas da cidade. Começou em Dezembro de 2023, o que significa que completou um ano no mês passado, e com saldo positivo.
Na passada quarta-feira foi aprovada, em reunião do executivo da Câmara Municipal de Setúbal, uma proposta para aquisição de mais contentores para os bio-resíduos, num montante de cerca de 155 mil euros.
Recolha abrange 34% da população mas Carlos Rabaçal quer mais
O presidente do conselho de administração dos SMS, Carlos Rabaçal, faz uma retrospectiva ao que foi o impulsionar deste projecto referindo que o investimento tem sido “progressivo”, também devido à adesão da população.
“O alargamento deste projecto no município tem vindo a ser progressivo, desde logo porque estão muitos custos envolvidos – em termos operacionais – mas também porque estamos condicionados pela adesão e correcta participação dos cidadãos”.
Aos dias de hoje a recolha de bio- -resíduos na cidade de Setúbal está na ordem dos 34% mas Carlos Rabaçal garante que, em 2025, haverá mais investimento na comunicação com os munícipes para que o número possa crescer. “Este ano queremos ser mais ambiciosos neste domínio, reforçando a comunicação e informação aos munícipes e a disponibilidade do serviço, de forma a podermos inverter mais rapidamente a actual situação, e generalizar a separação dos bio resíduos no município de Setúbal”.
O responsável admite que quem também faz parte deste projecto é a população, pois é ela que tem um papel determinante na correcta separação dos resíduos. “A sensibilização dos munícipes é determinante para este projecto, porque só podemos recolher o que as pessoas separam, e tem de ser bem separado, para não ficarmos com um resíduo contaminado, inviabilizando o seu correcto tratamento. Queremos que o município de Setúbal seja exemplar a esse nível e acreditamos que os setubalenses e azeitonenses estão disponíveis e predispostos a fazerem a diferença”.