Auditório de Poçoilos recebeu, no passado sábado, os interessados em conhecer o projeto que incentiva os cidadãos a gerir os biorresíduos
Os Serviços Municipalizados de Setúbal (SMS) realizaram este sábado aquela que foi a primeira ação de formação e entrega de kits no âmbito do projeto de compostagem doméstica do concelho. O evento, que marcou o arranque da iniciativa, decorreu no Auditório dos Poçoilos e contou com a participação de 20 munícipes, os primeiros a aderir ao projeto e a assumir um papel ativo na gestão dos biorresíduos.
Esta iniciativa pioneira insere-se num projeto alargado dos SMS, que prevê a distribuição gratuita de um total de 500 kits de compostagem, com financiamento assegurado pelo Fundo Ambiental.
As inscrições para esta fase inicial abriram a 27 de outubro, e a adesão tem sido cada vez maior demonstrando assim o interesse da população setubalense em contribuir ativamente para as práticas de sustentabilidade.
O projeto de compostagem doméstica em Setúbal não é apenas uma medida de sensibilização ambiental, mas uma resposta direta e estratégica às exigências da legislação europeia e nacional.
A Diretiva-Quadro Resíduos (Diretiva 2018/851) e o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2030) impõem metas ambiciosas para Portugal, nomeadamente a obrigação de atingir um mínimo de 65% de preparação para reutilização e reciclagem de resíduos urbanos até 2035, e de reduzir a deposição em aterro para um máximo de 10% na mesma data.
A partir de 1 de janeiro de 2027, apenas os biorresíduos que sejam comprovadamente recolhidos seletivamente ou tratados na origem, como é o caso da compostagem doméstica, poderão ser contabilizados para as metas nacionais de reciclagem. Atualmente, uma parte significativa dos resíduos orgânicos ainda é tratada de forma indiferenciada nas unidades de Tratamento Mecânico Biológico, um cenário que o projeto de Setúbal visa alterar de forma estrutural. A compostagem doméstica representa, assim, uma das formas mais eficazes de desviar esta fração do aterro, transformando um passivo ambiental num recurso valioso.
A ação de formação foi concebida como um pilar essencial para o sucesso da iniciativa. O objetivo não se limitou à entrega do equipamento, mas sim a dotar os participantes de um conhecimento aprofundado sobre a ‘ciência’ da compostagem. Durante a manhã do passado sábado os participantes conheceram o conteúdo do guia de compostagem, focando-se em aspetos cruciais.
Foram discutidas as melhores práticas para a manutenção do compostor, incluindo a necessidade de arejamento e controlo da humidade, e a forma de prevenir e resolver problemas comuns, como odores desagradáveis ou a presença de pragas. A participação nesta formação é um requisito obrigatório, para quem se queira inscrever e fazer parte do projeto, e tem como objetivo mostrar a importância da capacitação técnica para garantir que o processo de compostagem seja bem-sucedido e seguro.
Cada um dos 20 participantes recebeu o seu kit de compostagem, estando incluído um compostor e o guia de compostagem, que serve como manual de referência. Para garantir as condições adequadas ao processo de decomposição, o projeto exige que os participantes cumpram critérios de elegibilidade específicos, entre os quais ser maior de 18 anos, residir no concelho de Setúbal e, crucialmente, dispor de um espaço exterior adequado, com uma área mínima de 2 m², como jardim, logradouro ou quintal.
A compostagem doméstica não só beneficia o ambiente através da redução da quantidade de resíduos enviados para aterro, como também gera um impacto económico positivo para o município.
O produto final da compostagem, o composto, é um fertilizante natural de alta qualidade, que os munícipes podem utilizar nos seus jardins e hortas, fechando o ciclo da matéria orgânica e promovendo a fertilidade dos solos de forma sustentável.