FETESE afirma que medidas de apoio foram anunciadas antes da distribuição de dividendos entre accionistas para “calar” prémios e férias cortadas
A Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Escritório e Serviços (FETESE) acusa a Navigator de criar “um cenário mediático” para promover a sua “imagem empresarial, através da imprensa”, após ter anunciado no passado dia 27 que iria gastar 10 milhões de euros num pacote de benefícios atribuídos aos seus 3200 colaboradores, para os apoiar no “período difícil que a economia atravessa”, devido à pandemia. E afirmam que “tal ajuda é apenas ficção”.
Os sindicatos anunciam mesmo que, ao contrário do que foi anunciado, “em 2020 os trabalhadores ainda não viram qualquer atualização no salário, nem em nenhuma outra clausula pecuniária que conste no Acordo da Empresa”. Sendo que, também “não houve lugar ao pagamento do prémio de desempenho”. Aliás, “em bom rigor, o cenário que está a ser preparado internamente é o oposto da imagem publicada na imprensa”, afirma a FETESE.
Para além destas alegadas falhas, em Setúbal, Aveiro, Figueira da Foz e Vilha Velha de Rodão, os trabalhadores também “viram ser-lhes suprimidos dias de férias e dias de folga em troca do pagamento integral do salário, mesmo em meses em que não foi aplicado o lay-off”, acusam os sindicatos.
Um contexto que o Secretariado Nacional da FETESE considera “inaceitável”, exigindo o “regresso à mesa das negociações” e que os resultados económicos do 3º trimestre, avaliados em 100 milhões de euros, sirvam para “actualizar os salários dos trabalhadores”.
Segundo alegam os sindicatos, o anúncio do pacote de medidas de apoio aos trabalhadores terá sido realizado tendo em conta, precisamente, os lucros do 3º trimestre.
Para a FETESE a divulgação na imprensa foi realizada com o objectivo de “silenciar os parceiros sociais e trabalhadores do grupo”, antes da administração proceder à “distribuição de dividendos aos seus accionistas” que a Comissão Executiva já anunciou serem de “cerca de 100 milhões de euros”, mesmo após a empresar ter beneficiado do apoio do Estado com regime de lay-off simplificado, entre Junho e Julho.
A FETESE já enviou, há vários meses, uma proposta negocial e considera que “deu à empresa o tempo de resposta necessário para além do previsto na legislação”, tendo em conta a evolução da pandemia no primeiro semestre do ano. Mas, “até hoje a Navigator nunca respondeu”, alega.