Sindicato propõe datas para reuniões mas Operestiva exige fim da greve

Sindicato propõe datas para reuniões mas Operestiva exige fim da greve

Sindicato propõe datas para reuniões mas Operestiva exige fim da greve

Empresa de trabalho portuário dos dois terminais paralisados não abdica da condição de que o trabalho seja retomado para voltar à mesa das negociações

O Sindicato dos Estivadores e Actividade Logística (SEAL) propôs ontem o agendamento de novas reuniões com os operadores portuários para tentar ultrapassar o conflito laboral no Porto de Setúbal, que está praticamente parado devido à paralisação dos estivadores eventuais. Mas a Operestiva, empresa de trabalho portuário a que prestam serviço os estivadores em luta, continua a exigir o fim da greve para voltar à mesa das negociações.

“Face ao atual ponto de situação nos diversos portos nacionais, a direção do SEAL, reunida hoje, dia 20 de novembro de 2018, acaba de propor às associações que representam as empresas portuárias de Setúbal o agendamento de reuniões, para o que avançam com as datas de 23, 29 e 30 do corrente mês”, refere a carta do SEAL enviada à ANESUL, Associação dos Agentes de Navegação e Empresas Operadoras Portuárias.

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Na carta dirigida à ANESUL, a que a agência Lusa teve acesso, o SEAL propõe que as reuniões para discutir um “Contrato Coletivo de Trabalho (CCT)” e tentar “encontrar soluções para os diversos problemas que têm vindo a marcar a realidade laboral portuária” decorram, como habitualmente, nas instalações da referida associação.

Em resposta a esta proposta do sindicato, a Operestiva emitiu um comunicado em que reafirma a condição da greve ser cancelada.

“Como é prática no Porto de Setúbal, foi requerido ao Sindicato Seal que as negociações prossigam tal e qual como no momento em que foram interrompidas pelo próprio Sindicato, ou seja, sem greve e sem paralisação por parte dos trabalhadores eventuais”, refere a nota em que a empresa, no entanto, se “congratula com a comunicação escrita recebida hoje na ANESUL (associação que a Operestiva integra), do sindicato Seal, para que possam ser reiniciadas as negociações, para resolução de todas as questões referentes ao Porto de Setúbal”.

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A empresa termina o comunicado dizendo “espera assim que, com a actual direcção do sindicato Seal seja possível obter soluções que permitam estabilidade e o retorno das cargas e linhas perdidas nos últimos meses, maioritariamente para Espanha”.

 

 

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O Porto de Setúbal está a trabalhar de forma muito condicionada e a provocar atrasos significativos na movimentação de mercadorias e nas exportações portuguesas devido à paralisação dos trabalhadores eventuais, contratados ao turno, que representam cerca de 90% do total de trabalhadores portuários em Setúbal e que exigem um contacto coletivo.

A agência Lusa tentou obter um comentário da ANESUL face à proposta do SEAL, mas não foi possível em tempo oportuno.

Na semana passada, a referida associação garantiu que “sempre esteve disponível para assinar um novo Contrato Coletivo de Trabalho, face à caducidade do anterior”, mas adiantava também que as negociações com o sindicato só seriam retomadas após o fim da greve dos trabalhadores portuários.

A ANESUL lembrou ainda que foram realizadas mais de 13 reuniões para um novo contrato coletivo, em 2017 e 2018, com uma longa interrupção entre 21 de setembro de 2017 e 12 de junho de 2018, e interrupção definitiva, por parte do sindicato, desde 12 de julho de 2018.

De acordo com a Associação de Agentes de Navegação e Operadores Portuários, o início da greve ao trabalho extraordinário até janeiro de 2019, decretada pelo SEAL em protesto contra a alegada discriminação de trabalhadores dos portos de Leixões, Praia da Vitória e Caniçal, filiados naquele sindicato, contribuiu para o não avanço das negociações.

A paralisação do Porto de Setúbal está a afectar as principais empresas exportadoras da região, como é o caso da Autoeuropa, que na semana passada já registava um atraso na entrega de mais de oito mil veículos produzidos na fábrica de Palmela, não obstante estar já a recorrer, como alternativa, ao Porto de Leixões e aos portos espanhóis de Vigo e Santander.

 

Tribuna pública com Arménio Carlos

Alguns dos estivadores em luta no Porto de Setúbal estiveram ontem numa tribuna pública, na Biblioteca Municipal de Setúbal, promovida pela CGTP em que participou o secretário-geral da central sindical.

Arménio Carlos esteve em Setúbal, a dar força ao Sindicato dos Estivadores e Actividade Logística (SEAL) que tem estado envolvido com os trabalhadores nesta luta. O presidente do SEAL disse a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO que os estivadores eventuais já podem ser sócios do sindicato. O SEAL aprovou no sábado a filiação de membros que não tenham contratos sem termo.

Sobre a contratação de novos trabalhadores por parte da Operestiva, que tem colocado anuncios nos jornais, o sindicato diz que é ilegal, que não é permitida a celebração de contratos de trabalho enquanto estiver em curso a greve.

 

Francisco Alves Rito com Lusa

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