Proximidade com Lisboa e variedade de espaço nobres, combinada com os de lazer, aumentam cotação da região
Luís Bandadas
O Distrito de Setúbal está a ganhar peso no mercado imobiliário nacional. A afirmação é de Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), como conclusão quando se lhe pede uma análise à realidade do sector na região. “Nos últimos anos tem vindo a ganhar muito mais relevância, principalmente pelo facto da imensidade de inflação em Lisboa e também porque com a pandemia de covid-19, os portugueses começaram a valorizar mais o espaço, varandas, quintais e o que é mais acessível na área de Setúbal”, diz, em entrevista a O SETUBALENSE.
Hugo Santos Ferreira destaca a resiliência do sector para enfrentar as dificuldades que tem enfrentado nos últimos anos. “O nosso sector tem enfrentado múltiplos desafios, muitos deles inesperados. Para além da pandemia de covid-19 e o panorama de guerra que actualmente vivemos, o sector imobiliário ainda se debate com lutas antigas, como o problema do licenciamento urbanístico e questões como o aumento exponencial do custo de construção, agravado altamente pela inflação que tem surgido. No entanto, destes problemas surgiram rápidas capacidades de adaptação e inovação, mostrando que o sector é resiliente, com aptidão para contornar problemas e várias crises”.
Em seguida, lembra: “Não é de agora o facto de a oferta não conseguir acompanhar a procura no sector imobiliário e, consequentemente, os preços do imobiliário em Portugal aumentaram bastante”. Como se não bastasse, acrescenta, “os custos de construção estão a atingir valores inéditos. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística revelam que os custos de construção da habitação nova subiram cerca de 12% entre Março de 2022 e o período homólogo. Mais chocante ainda é que entre 2019 e 2021, o aumento destes custos rondou os 27%”.
Este aumento exponencial justifica-se, na sua opinião, por dois factores principais. “O primeiro é o aumento do custo de materiais, que começou a surgir no início na pandemia, que paralisou empresas e importações e exportações, e o contexto de guerra na Europa também só veio agravar esta situação. A outra vertente que contribui para este aumento de custos é que Portugal está actualmente a enfrentar uma crise de mão-de-obra”.
“Estima-se que faltem no nosso país cerca de 70 mil trabalhadores nas obras, ou seja, há obras que não conseguem começar, há obras que estão completamente paradas devido à falta de mão-de-obra, aumentando bastante o custo total da obra e, naturalmente, como está a surgir competitividade no mercado, os empregadores são obrigados a subir os salários”.
Olhando o futuro a médio prazo, Hugo Santos Ferreira sublinha que sector imobiliário já mostrou a sua resiliência e capacidade de inovação, e diz acreditar que o mesmo “se vai manter forte até ao final do ano”.
APPII desde 1991 a promover o investimento em Portugal
A APPII, constituída em 1991 é a entidade nacional que representa os promotores e investidores imobiliários, nacionais e estrangeiros, com actividade no território português, cujo volume de investimento representa anualmente 15% do PIB nacional.
Em 2022, a associação celebrou 31 anos de existência a representar este sector do investimento imobiliário, nas suas várias vertentes, onde se incluem, entre outras, as empresas de promoção imobiliária e as recém-criadas SIGIS – Sociedades de Gestão e Investimento Imobiliário.
A associação pauta a sua actuação pela capacitação de Portugal como um destino de investimento credível, seguro e atractivo aos investidores e pela criação de todas as condições com vista ao desenvolvimento das cidades do futuro, não fossem os promotores imobiliários os “fazedores de cidades”.
A APPII é considerada um centro vivo de troca de ideias, conhecimentos e negócios entre as empresas nacionais associadas e os players internacionais, que pretendem entrar no mercado imobiliário através de uma associação credível com 30 anos de vida.
É por isso que a APPII é, desde a sua fundação, considerada uma das principais portas de entrada dos investidores estrangeiros em Portugal.