Sandra Cunha, cabeça-de-lista bloquista aponta como objectivo “derrotar as maiorias absolutas que corrompem o interesse público e o espírito democrático”
O Bloco de Esquerda (BE) pretende, nas próximas Eleições Autárquicas, em Setúbal, retirar a maioria absoluta à Coligação Democrática Unitária (CDU) que governa o município.
O objectivo foi assumido por Sandra Cunha, cabeça-de-lista do BE à Câmara Municipal, na apresentação dos candidatos bloquistas a Setúbal, que decorreu esta quinta-feira, num almoço nos Ídolos da Praça, em que esteve presente a coordenadora nacional do partido, Catarina Martins.
Sandra Cunha defendeu a necessidade de “derrotar as maiorias absolutas que corrompem o interesse público e o espírito democrático”, e garantiu que o BE está pronto para assumir responsabilidades no executivo municipal.
A candidata, professora universitária e deputada na Assembleia da República, lançou farpas à CDU, falando na “teimosa prática” de “privilegiar o centro da cidade em detrimento da periferia”, ou da “febre da estética e do embelezamento”.
“As pessoas não vivem de rotundas enfeitadas e de praças coloridas”, atirou Sandra Cunha, defendendo que Setúbal precisa de outras coisas, como um plano de mobilidade e transporte público com qualidade e tarifas “acessíveis”. Para isso, a candidata defende a renegociação com os concessionários de transportes.
A redução da taxa de IMI é outra bandeira levantada pelo BE, com Sandra Cunha a acusar o actual executivo de comunista de manter a taxa máxima não por imposição do Contrato de Reequilíbrio Financeiro mas por “uma escolha”, de “pagar as dívidas da Câmara à custa das famílias, mesmo em tempo de crise”.
A reversão do abastecimento de água para a gestão pública é outra proposta vincada pela candidata. “Não há pacto ou compromisso que, lesando os direitos das pessoas, não possa ser renegociado”, disse, referindo-se à renegociação do contrato com as Águas do Sado.
Entre outras coisas, os bloquistas propõem também um “plano de reabilitação urbana com rendas acessíveis que traga as pessoas para o centro da cidade e não para as margens”.
“Setúbal tem uma das mais belas baías do mundo mas é uma cidade de costas voltadas para o rio”, concluiu Sandra Cunha.
A ideia de que a maioria CDU tem contribuído para afastar as pessoas do centro da cidade, beneficiando o investimento imobiliário de grandes grupos, – “dos empreendedores Belmiro de Azevedo e Jerónimo Martins”, frase que suscitou gargalhada geral – foi apresentada também por Francisco Sousa, independente candidato à Junta de Freguesia de S. Sebastião e pela líder nacional do BE.
“Em Setúbal tem havido rotina e desresponsabilização a mais”, gritou Catarina Martins, apontando as áreas sociais e ambientais como questões em que o município pode intervir mais.
“Pode ou não uma autarquia ser responsável pelo interior das casas quando recebe as rendas de quem lá vive?”, perguntou a coordenadora bloquista, justificando a diferença relativamente aos outros partidos de esquerda com a motivação. “O problema não é saber quem está mais à esquerda”, disse, explicando que o que importa é “a não resignação” e que nessa matéria, o BE é a “esperança” que pode fazer a mudança.
“O BE vai ter resultados que podem mudar, aqui na Freguesia de S. Sebastião, na Assembleia Municipal, mas também na Câmara Municipal”, afirmou.
Antes de Catarina Martins, falaram também Joana Mortágua, deputada e representante da distrital de Setúbal, e Vítor Rosa, da concelhia de Setúbal, que falou em representação da candidata à Assembleia Municipal. Rosário Amaral não esteve presente, segundo foi explicado, por motivos de saúde do seu companheiro.
O almoço, de cachupa servida em pratos de plástico, juntou cerca de uma centena de pessoas.