Duas turmas do 8.º ano daquela escola foram responsáveis pela atividade desenvolvida com o método Miyawaki
Dezenas de alunos da Escola Secundária Sebastião da Gama meteram as ‘mãos na massa’ e contribuíram para que, daqui por pouco tempo, o estabelecimento possa ter zonas de sombra que os próprios vão aproveitar.
O desafio foi lançado por Vítor Gordo, impulsionador do projeto Ilhas da Biodiversidade, em parceria com a Lisnave – que conta já com algumas destas ilhas. A proposta era de que os alunos pudessem utilizar o método Miyawaki para plantar árvores e arbustos, para mais tarde virem a usufruir destes.
“O método Miyawaki surgiu mais ou menos nos anos 70, no Japão, onde começaram a ser criadas algumas florestas urbanas, mediante a observação que ele fazia das florestas sagradas que lá existiam, ou seja, havia uma clara perda das florestas antigas, e onde começou a observar, e a ver o potencial da vegetação local, e a trazer isso para as cidades”, começou por explicar antes dos mais pequenos avançarem com o trabalho no terreno.
Desde 2022 que o projeto está de pé, tendo começado dentro do estaleiro da Lisnave, empresa que também se associou à iniciativa que passa agora para o centro da cidade.
“Este ano o Vítor resolveu lançar este desafio, a propósito da Expo25 em Osaka, e lançou-nos o desafio e nós embarcámos na iniciativa e resolvemos lançar o desafio aqui à escola. Muito obrigada a vocês por terem participado e terem mais consciência daquilo que é o movimento da biodiversidade, da sociedade climática, e daquilo que vai ter até mais efeito em vocês do que propriamente em nós”, referiu Cláudia Spranger da Lisnave.
Presente na iniciativa esteve também a vice-presidente do município que considerou a atividade como “muito interessante”. “Na câmara municipal temos tentado fazer algumas atividades desta natureza, nomeadamente, uma coisa que chamámos ‘Ser Jardineiro por um dia’, temos feito projetos variados. Esta proposta da Lisnave, que me parece muito interessante, de podermos ter aqui o espaço, hoje, neste caso, aqui na Escola Sebastião da Gama, com este acompanhamento das turmas mais novas aqui da escola, poderem, efetivamente, durante vários anos, acompanhar e sentir a pertença deste espaço”.
Explicou ainda que o espaço, no futuro, vai ser uma mais-valia. “Este é um espaço que vocês agora podem achar que pode não ter muita importância, mas vai ser muito importante, porque vai fazer baixar a temperatura da vossa escola em dias em que o calor seja maior”.
A diretora da escola disse que, apesar de a escola ter sido requalificada em 2011, ficaram a faltar espaços de convívio para os alunos. “As cidades de facto são selvas de pedra, e, portanto, nós precisamos transformá-las em cidades mais amigas das pessoas. E a escola tem de ser um nicho de inovação nesse aspeto. Este projeto traz-nos aqui esse nicho, apesar desta escola ter sido requalificada em 2011, não tem um espaço condigno de alunos, tem uma sala mínima de alunos, os alunos andam sempre à procura de sombras, de espaço para estarem e de espaço para conviverem”, disse Maria Fernanda Oliveira.
Os alunos de duas turmas do 8.º ano daquela escola foram responsáveis por plantar 150 árvores, de 34 espécies diferentes, árvores autóctones, muitas delas que estão aqui presentes na Serra da Arrábida.