22 Julho 2024, Segunda-feira

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Santa Casa da Misericórdia cresce e contraria dificuldades financeiras

Santa Casa da Misericórdia cresce e contraria dificuldades financeiras

Santa Casa da Misericórdia cresce e contraria dificuldades financeiras

Fernando Cardoso Ferreira apresenta projecto para continuar a evoluir, mostrando que paradigma “não mudou, apenas se alargou”

Os efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia causaram ‘danos’ à Santa Casa da Misericórdia de Setúbal, mas, ainda assim, a instituição não só se manteve estável, como “cresceu e melhorou”.

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Com quase 400 utentes, a Santa Casa tem como projecto continuar a evoluir continuamente, tendo como objectivo mostrar que o paradigma “não mudou, apenas se alargou”. Como ‘prova’ disso, a instituição recuperou totalmente o Lar Acácio Barradas, pronto para responder a procuras mais “actuais”.

A Santa Casa da Misericórdia de Setúbal tem, no seu conjunto, 265 pessoas residentes, 110 pessoas em apoio domiciliário, sendo que confecciona à volta de 850 refeições por dia e a nível de pessoal, ronda os 270 funcionários.

Em entrevista a O SETUBALENSE, o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Fernando Cardoso Ferreira, explica que entre 2018 e 2019 a situação tinha estabilizado completamente. “Quando pensávamos que a recuperação podia ser entre 2021 e 2022, as coisas tornaram-se complicadas por causa da pandemia e depois veio a guerra”. O provedor sublinha que com a guerra veio a “inflação brutal”, a subir nomeadamente nos géneros alimentares, na energia e nos combustíveis, fazendo com que “a boa situação se degradasse extraordinariamente”.

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“Tínhamos uma situação já estabilizada, mas voltámos a ter enormíssimos problemas e o Estado sempre a comparticipar na casa dos 36%, 37% quando devia chegar aos 50% do serviço”, explica. Relativamente às situações contratuais na instituição, o provedor admite que os trabalhadores estão “muito mal pagos”, realçando que a “pressão administrativa de todos os meses de Janeiro existir um aumento salarial, sem que houvesse da parte do Estado a correspondente comparticipação”, é algo muito complicado para a instituição, deixando a garantia que está a existir uma adaptação.

“Nós estamos muito subdimensionados aqui, por exemplo, em pessoal administrativo. Nos próprios lares temos os mínimos que são os rácios de pessoal previstos nos chamados acordos de cooperação”.

Fernando Cardoso Ferreira realça que está a ser feita uma recuperação “lenta” com a crise, mas sublinha que o mais importantes é manter tudo a funcionar, garantindo também alguma manutenção dos equipamentos. “Este é o nosso projecto: crescer e melhorar continuamente. A ideia é desmistificar um pouco a percepção que se tem da Santa Casa”. O provedor mantém-se focado no futuro e atento ao presente, assegurando que é preciso “encontrar soluções para resolver os problemas”.

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Lar renovado para ajudar todas as categorias sociais

O Lar Acácio Barradas está totalmente renovado e em funcionamento, apesar de ainda não ter existido uma inauguração oficial. O espaço agora apresenta uma “qualidade diferente”, tendo a Santa Casa como objectivo mostrar que o paradigma da Misericórdia “não mudou, apenas se alargou”. O provedor clarifica que continuam a existir residentes com baixos rendimentos, mas também começaram a ser aceites pessoas com rendimentos maiores. A principal novidade neste espaço renovado é que a capacidade aumentou de 32 para 43 pessoas, sendo que os novos onze lugares incluem acordos com a Segurança Social.

“Quando iniciámos o projecto, em 2017, estávamos estabilizados do ponto de vista financeiro. Não adivinhávamos que viria a pandemia, nem que viria a guerra. Mas, quando tudo isso aconteceu, o comboio já tinha saído da estação e estava a uma velocidade tal que não era possível parar”, começa por explicar. Quanto à escolha deste lar para ser renovado, o provedor esclarece que este foi eleito porque tinha 36 pessoas, algo que permitia distribuir as pessoas para os outros lares.

“Começaram a surgir problemas, a obra, que deveria ter ficado pronta em Janeiro deste ano, acabou por estar concluída apenas em Junho”, relata.

Quanto aos apoios, o provedor explica que a santa casa concorreu ao Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) e obteve um financiamento que variou entre 1, 5 e 1,8 milhões de euros. “A obra, inicialmente prevista para 2,7 milhões, acabou custando muito próximo dos 5 milhões devido a uma revisão de preços extraordinária imposta pelo governo”, realça.

A grande novidade deste lar está no piso inferior, onde existem três apartamentos: dois T1 e um T0, totalmente equipados com kitchenette, casa de banho e roupeiros. Um dos T1 tem quarto e sala separados, enquanto o T0 é um espaço único. “Estamos a oferecer uma solução para pessoas que ainda estão fisicamente bem, mas que não se sentem seguras em casa”, aponta. Em termos de saúde, a associação tem enfermeiros disponíveis para triagem e, se necessário, médicos que atendem emergências durante a noite. Os residentes podem tomar as refeições nos apartamentos ou na sala de jantar, em horários diferentes dos outros utentes.

“Esta é uma aproximação ao conceito de Residência Assistida, que sabemos que existe mercado para isso”, atira. A nível de funcionamento, neste momento o lar está a funcionar com algumas pessoas, e, para já, está a operar com um terço da capacidade. A previsão é que tudo esteja a funcionar a 100% até ao final do ano de 2024.

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