Restaurantes reabrem com cautelas, mas confiantes

Restaurantes reabrem com cautelas, mas confiantes

Restaurantes reabrem com cautelas, mas confiantes

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Empresários da restauração aplicam medidas de limpeza e desinfecção contra o coronavírus para dar confiança aos clientes. Esplanadas e sardinhas no verão podem animar os negócios

 

Sair de casa para comer peixe assado, petiscos, carnes grelhadas, sardinhas ou choco frito volta a ser possível a partir desta segunda-feira, dia em que os restaurantes, cafés e pastelarias de todo o país têm luz verde para reabrir na segunda fase do desconfinamento anunciado pelo Governo. Em Setúbal, os preparativos de muitos restaurantes começaram na semana passada e o clima que se sente entre os empresários oscila entre a confiança e o realismo face à procura.

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Nas Fontainhas, o Taberna Grande – casa de petiscos, comida tradicional e carnes do Gerês grelhadas – reabriu hoje, após os últimos preparativos feitos sexta-feira à tarde. Foram retiradas mesas no interior e na esplanada para garantir a distância social de dois metros entre clientes, colocados frascos de desinfectante em cada uma delas e definidos corredores de circulação para evitar o cruzamento de pessoas.

“As ementas são laváveis e as mesas são limpas cada vez que as pessoas vão à casa-de-banho”, explicou o gerente, Nuno Campos, a O SETUBALENSE. O restaurante, que de resto vai manter a aposta no take-away até ao final do ano, pertence aos mesmos donos do Poço das Fontainhas, aberto há 27 anos, e que reabre ao público amanhã. A ideia é a mesma: transmitir confiança com a adopção das normas recomendadas pela Direção-Geral da Saúde para prevenir o contágio de clientes e trabalhadores.

Peixe fresco à mesa

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Terça-feira é também o dia de Paulo Oliveira reabrir as portas da Casa do Mar, na Avenida José Mourinho, com a garantia de só servir o melhor peixe fresco (à dose ou ao quilo, “os preços mantêm-se”). Vai haver “carapau, massacotes, dourada, sargo, robalo, salmonete, choco, lulas e bacalhau grelhado”, e com a época da sardinha a começar, Paulo está confiante na resposta da procura. E diz mais: “Estou a pensar pôr esplanada para compensar a perda de lugares” – de 80, passaram para metade, distribuídos por duas salas, com as devidas distâncias e dispensadores de desinfectante à entrada.

Estes cuidados repetem-se no restaurante A Cataplana, onde Alexandre Guerreiro já tem tudo pronto para sentar os clientes, a partir de terça-feira. Mas vai haver alterações, avisa o dono, que também grelha o peixe. “Cada vez que é rodízio temos de ir oito vezes a cada mesa, não devo conseguir fazer isso”. Portanto, está a pensar servir só doses (compostas por peixe do dia, pão, azeitonas, salada, bebida, sobremesa e café) “nos primeiros quinze dias” após a reabertura, e ir ajustando a oferta à procura. Quem quiser escolher à carta poderá consultá-la no telemóvel ou em formato descartável.

No Largo da Fonte Nova, onde funcionam três casas de peixe assado, a Tasca Kefish só abre na sexta-feira, 22, após ter adoptado “um plano de prevenção” contra a Covid-19, que passa pela limpeza e por uma zona de quarentena para pessoas possivelmente infectadas. “Temos condições [para combater o impacto do vírus] graças à esplanada, mas as regras de distanciamento social, a nova forma de trabalhar, o investimento feito em produtos e a falta de clientes faz com que estejamos bastante apreensivos”, declarou Stéphane, o responsável, a O SETUBALENSE. A expansão da esplanada e a chegada da época da sardinha poderão, ainda assim, animar um pouco o negócio.

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Aposta nas esplanadas

Confiante na possibilidade de vir a expandir a esplanada, compensando a redução de lugares, está Susana Jones, responsável pela petisqueira Sem Horas, no Largo da Misericórdia. Mas ainda não há certezas. Certo é que “até junho” o horário vai ser reduzido (até às 19h durante a semana e às 22h ao sábado), num espaço que antes da pandemia estava sempre aberto e cheio de turistas estrangeiros. Agora, os preços piscam mais o olho aos portugueses: menu diário a 10 euros, saladas a seis euros; sandes de carne assada com bebida e café a cinco euros, por exemplo.

Já Vasco Alves, chef de cozinha e dono dos espaços De Pedra e Sal (que reabre brevemente no Largo da Ribeira Velha) e Moscatel de Setúbal Experience (aberto a partir de hoje na Praça do Bocage), prefere falar em “adaptação” dos negócios à nova realidade de controlo do surto. Encomendou 600 máscaras laváveis com o logotipo da marca, dispensadores de álcool a pedal e substituiu os menus em madeira que estavam em cima das mesas por outros em vinil, afixados na estrutura. A carta também deu entrada a novos pratos e antecipa um “take-away moderno” de mini-marmitas para todos os gostos. “Temos de nos adaptar”, diz.

Do outro lado da Praça do Bocage, a pastelaria Botequim du Bocage nunca parou de funcionar graças à valência de padaria. A diferença é que a partir de hoje já se pode comer no interior e na esplanada, conservando dois metros de distância face aos outros clientes, conta Alice Conceição a O SETUBALENSE. O mesmo cuidado vai ser tomado na Taberna490, na Avenida Luísa Todi, onde Sérgio Coelho quer sentar os clientes com a mesma confiança com que o faria com a sua família noutro espaço de restauração. “Não acredito que as pessoas vão ficar muito tempo, mas queremos que estejam à vontade”. A limpeza das mesa entre clientes e horários de refeição, o uso de máscaras e as ementas desinfectadas estão garantidos.

“O Miguel”: sinalética, menu digital e lista de espera para a casa-de-banho

Sinalética no chão a pedir aos clientes para esperarem pela mesa, a fixação, em cada mesa, de um link de acesso à ementa no site do restaurante e uma lista de espera para os clientes irem à casa de banho são algumas das medidas que a gerência do restaurante O Miguel tomou para reabrir o espaço, em segurança, esta segunda-feira. Os pormenores da reabertura foram ultimados numa reunião entre o responsável Miguel Peixoto e os 15 funcionários da casa, que estavam, a maioria deles, em lay-off até esta segunda-feira. Ficou decidido que os clientes terão sempre de usar máscara (exceptuando à mesa), desinfectar as mãos à entrada e à saída das casas-de-banho e manter a distância social de dois metros. A lista de espera para ir à casa-de-banho “é uma ideia adequada ao estabelecimento”, uma vez que era frequente as pessoas fazerem fila enquanto esperavam, explicou o responsável a O SETUBALENSE. Outro dos cuidados é a indicação das horas a que cada mesa foi desinfectada, assim como a colocação de desinfectante de mãos “na entrada, casa-de-banho, cozinha, bar e zona da grelha”. O menu não vai sofrer alterações, mas as ementas (usadas o menos possível) vão ter gavetas de quarentena. “Isto vai afectar e muito a experiência, mas eu acho que a adesão dos setubalenses vai ser muito boa”, acredita o empresário.

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