26 Junho 2024, Quarta-feira

- PUB -
Proprietário exige “milhares de euros” para devolver mobiliário do Parque de Merendas

Proprietário exige “milhares de euros” para devolver mobiliário do Parque de Merendas

Proprietário exige “milhares de euros” para devolver mobiliário do Parque de Merendas

||

Rita Carvalho, vereadora do Urbanismo, garantiu que a Câmara Municipal “está a ver juridicamente como é que a questão pode ser acautelada”

 

O proprietário da Herdade da Comenda exigiu à Câmara Municipal de Setúbal o pagamento de “dezenas de milhares de euros” para devolver o mobiliário que se encontrava no Parque de Merendas. A informação foi avançada por Rita Carvalho, vereadora do Urbanismo, na reunião pública desta quarta-feira, tendo adiantado que o proprietário justificou o montante com o “facto de ter ‘guardado’ o equipamento [durante cerca de dois]”.

- PUB -

“A Câmara não sabe onde está o mobiliário. Notificámos o proprietário a solicitar a indicação de onde está para o podermos ir buscar e recolocar no Parque de Merendas. Fizemos uma notificação por e-mail, que não foi acusada a recepção, e repetimos o procedimento por ofício formal”, disse a autarca, no período antes da ordem do dia, depois da questão ter sido levantada pela bancada do Partido Social Democrata (PSD).

A resposta chegou esta terça-feira, com a autarquia a “receber uma indicação do representante do proprietário a indicar que o facto de ter ‘guardado’ o equipamento durante este período tem um custo”.

“Portanto, só no pagamento desse valor é que o mesmo será disponibilizado”, explicou Rita Carvalho, revelando que o município “está a ver juridicamente como é que esta questão pode ser acautelada”. “Obviamente que não será aplicável um custo sobre uma coisa que foi retirada à revelia. Segundo relatos, o mobiliário até pode estar com danos de ter estado mal guardado durante este período”, acrescentou.

- PUB -

Já o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, disse amentar “que as entidades que têm competência de intervenção naquela área continuem a não ser pró-activos, no sentido de ajudar [a autarquia] a resolver problemas que se arrastam”.

“A última forma desta empresa, ou dos representantes da empresa, estarem neste território, que também é o território do município de Setúbal, é no mínimo caricata. A empresa decidiu retirar de um espaço equipamentos que são municipais”, frisou.

O mobiliário, instalado pelo município em 2018 e retirado pelos novos donos da Comenda aquando do encerramento e da vedação do Parque de Merendas – cortada em Janeiro último pela edilidade – foi “colocado com a autorização do anterior proprietário”.

- PUB -

“Este novo proprietário entendeu retirar de lá aqueles equipamentos, comunicou à Câmara que tinha retirado e que eles estariam à disposição. Agora recebemos uma carta a dizer que, para levantar os equipamentos, temos de pagar umas dezenas de milhares de euros”, sublinhou o autarca.

A concluir, garantiu que o município levará “isto até às últimas consequências”. “O direito e o interesse público por parte da Câmara Municipal, enquanto estivermos aqui, será defendido até às últimas consequências”.

PS diz que acção “não surpreende” e PSD afirma que pedido é “ilegítimo”

Já a oposição revelou tratar-se de uma informação sobre a qual não tinham conhecimento, com a bancada do Partido Socialista (PS) a afirmar que a “actuação dos proprietários não surpreende” e com os vereadores sociais-democratas a considerarem o pedido “ilegítimo”.

“Atendendo àquilo que tem sido a forma de actuação dos proprietários da Herdade da Comenda não nos surpreende. Aquilo que nos surpreende é que o município tenha demorado praticamente dois anos desde que o mobiliário [foi retirado] a tomar a iniciativa de pedir aos proprietários que [o] devolvessem”, salientou o socialista Joel Marques a O SETUBALENSE.

Isto tendo também em conta que se trata de equipamento “colocado pelo município e que custou ao erário público perto de cem mil euros”. “Creio que será importante que quem retirou o mobiliário o devolva nas mesmas condições que o retirou. Não estando, que o reponha nas condições em que ele estava”, sublinhou.

Fernando Negrão (PSD), por sua vez, revelou tratar-se de uma “informação importante”. “Eles têm tido o mobiliário à sua guarda, mas têm-no tido de uma forma que parece, para já, que não é legal, o que torna ilegítimo qualquer pedido de pagamento”, disse.

Questionado sobre a possibilidade de o equipamento poder vir a estar danificado, o social-democrata afirmou que “se tiver, de facto, males muito profundos, deve ser objecto de alguma discussão sobre o pagamento dos arranjos”.

O mobiliário, instalado em 2018 pela Câmara Municipal, foi retirado passados cerca de dois anos – assim como foi vedado o acesso ao Parque de Merendas – para, segundo justificou na altura a Seven Properties – Sociedade de Investimentos Imobiliários, dar início a trabalhos de arqueologia.

Em Janeiro último, a Câmara de Setúbal retirou as vedações, fazendo com que o espaço voltasse ao domínio público. Agora, o próximo objectivo da autarquia passa por recolocar o mobiliário no Parque de Merendas.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -