Comunidade educativa acusou o governo e as direcções escolares de “restringir a liberdade” do protesto que se tem vindo a sentir desde o final do ano passado
Enquanto o Conselho de Ministros prosseguia, durante a manhã desta quinta-feira, no interior do Forte da Albarquel em Setúbal, o exterior foi tomado por cerca de 70 oficias de justiça do Tribunal Judicial de Setúbal e 30 membros da comunidade educativa do distrito, num acto conjunto de protesto e descontentamento com a situação vivida na educação e na justiça.
Entre assobios, apitos, buzinas e gritos, a comunidade educativa anunciava as reivindicações que são públicas desde Dezembro de 2022.
No entanto após a Guarda Nacional Republicana (GNR) ter pedido aos manifestantes para se deslocarem para uma posição mais distante da entrada do forte, com base no decreto-lei n.º 406/74 de 29 de Agosto, os ânimos aqueceram e os professores começaram a acusar o Governo de estar a “restringir a liberdade” do protesto.
Gustavo Bastos, professor da Escola Secundária Sebastião da Gama, disse a O SETUBALENSE que ficou “incrédulo”, já que “julgava que estava num país livre” e onde as pessoas, pacificamente, “podiam mostrar descontentamento” para com os governantes de Portugal. “Nós estamos em 2023, não em 1973 – período de ditadura – não nos podemos manifestar num local bem distante do Forte de Albarquel e designaram um buraco para nós estarmos o que é indigno”, acrescentou.
Já Cristina Almeida, professora da Escola Secundária D. Manuel Martins, revelou a O SETUBALENSE que mais professores estão a ser chamados para prestar declarações ao Ministério Público, já que, como foi possível apurar no local, são pelo menos dois docentes do distrito que estão constituídos arguidos pela promoção de marchas e protestos.
Junto dos professores estavam oficiais de justiça da comarca de setúbal a reivindicarem a contratação efectiva e não deslocalizada de pessoal. Carlos Espada, um dos manifestantes deste sector, mencionou a O SETUBALENSE que durante as duas últimas legislaturas têm sido feitas promessas “que não são cumpridas”.
“Nós trabalhamos fora de horas e não temos qualquer tipo de compensação monetária ou período de descanso. Neste momento o Tribunal Judicial de Setúbal, segundo números oficiais, está a funcionar com menos 30% dos recursos humanos necessários, sem contar com as baixas prolongadas que agravam este cenário”, esclareceu o oficial de justiça.
Também naquele espaço estiveram presentes representantes do alojamento local, que de uma forma mais leve demonstraram desagrado pelas medidas anunciadas pelo Estado em relação à habitação.