Homem de 47 anos, actualmente em prisão domiciliária na Costa da Caparica, apalpava as crianças. PJ encontrou fotos no seu computador
Um professor com 47 anos que leccionava inglês para turmas de terceiro e quarto ano num colégio em Setúbal aproveitou-se da ingenuidade das alunas que tinha ao seu cargo para as acariciar nas zonas íntimas, fosse por fora ou por dentro da roupa. Os crimes de abuso sexual de crianças ocorreram no ano lectivo de 2016/2017 e o homem, actualmente em prisão domiciliária na Costa da Caparica, onde reside, está acusado de 26 crimes de abuso sexual de menores.
De acordo com o despacho de acusação do Ministério Público, “o arguido, enquanto se encontrava a ministrar a disciplina de inglês, no interior da sala de aulas, bem como durante o recreio, por diversas vezes e em momentos diferentes, aproximou-se das crianças e colocou a sua mão sobre a roupa que trajavam, ou no interior da mesma, tocando-as e acariciando-as”. O MP considera que o arguido pôs em causa o livre desenvolvimento da personalidade das vítimas, na esfera sexual, que forçou as vítimas a um contacto físico de natureza sexual que as mesmas não queriam, aproveitando-se da sua posição de dominância hierárquica e da ingenuidade das crianças.
“Ao agir da forma descrita, o arguido quis e conseguiu satisfazer os seus instintos libidinosos, actuando por gestos, na pessoa das menores, contra a sua vontade, constrangendo-as a um contacto físico de natureza sexual que as mesmas não queriam”, acusa o Ministério Público, que avança ainda que “para atingir o seu objectivo, o arguido não se coibiu de se fazer prevalecer da confiança em si depositada pelas crianças, por força das funções que exercia, que lhe garantiam, proximidade constante e diária com aquelas”.
A primeira queixa chegou ao conhecimento da Polícia Judiciária de Setúbal em maio de 2017, quando a mãe duma aluna deste colégio se dirigiu directamente a um inspetor e expôs a situação vivida pela filha e colegas de turma em plena sala de aula. O homem foi detido em Outubro, quando já não se encontrava no colégio e a investigação permitiu chegar a 26 vítimas, todas alunas das quatro turmas que ministrava do terceiro e quarto ano de escolaridade.
No âmbito da busca efectuada pela Polícia Judiciária em casa do suspeito, foram encontrados no computador do então suspeito várias gravações de vídeo de meninas em locais públicos, como praias ou parques na zona de residência. O suspeito fazia mesmo zoom sobre as partes privadas das crianças, e foi no momento da detenção indiciado por um crime de gravações ilícitas. Por este ser um crime que carece de apresentação de queixa, o MP decidiu pelo arquivamento, já que à investigação não chegou qualquer queixa formal.
O caso segue agora para análise pelo Juiz de Instrução Criminal do Tribunal de Setúbal. A defesa do arguido remeteu quaisquer comentários para depois da decisão instrutória, mas referiu que este requereu a abertura de instrução por “razões técnicas”.