10 Agosto 2024, Sábado

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Primeira rede de tráfico de meixão a chegar a tribunal operava a partir de Setúbal

Primeira rede de tráfico de meixão a chegar a tribunal operava a partir de Setúbal

Primeira rede de tráfico de meixão a chegar a tribunal operava a partir de Setúbal

Em causa estão crimes de associação criminosa, contrabando qualificado e dano contra a natureza

 

Chegou pela primeira vez a tribunal uma rede criminosa internacional de tráfico de meixão – espécie de enguia juvenil, cuja captura é proibida e que vale milhares de euros no mercado asiático –, que operava na região de Setúbal.

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O julgamento está a decorrer em Lisboa. Eram três os cabecilhas que utilizavam armazéns em Almada e Palmela e hospedavam as “mulas”, que transportavam o meixão vivo até aos mercados asiáticos, em hotéis situados em Setúbal e no Montijo.

Em causa estão crimes de associação criminosa, contrabando qualificado e dano contra a natureza, referente ao tráfico de meixão. A investigação pelo Ministério Público de Lisboa teve início em Janeiro de 2018 com a apreensão de 47 quilos de meixão, colocado em malas de viagem no aeroporto da capital, com destino a Paris e China.

Foi nessa altura detido o principal arguido, por ter transportado para o aeroporto as “mulas” que iriam levar o meixão. Nos últimos três anos, a investigação desmantelou a rede liderada pelos três homens de nacionalidade chinesa, com morada em Setúbal e Lisboa. Já outros 13 arguidos, entre os quais pescadores, “mulas” do Mali e Malásia e comerciantes, estão em liberdade.

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A espécie de enguia juvenil era comprada a pescadores pelos três principais arguidos em Benavente e Alcácer do Sal a 300 euros o quilo. O produto era depois acondicionado em armazéns arrendados em Palmela e em Almada, concelhos onde existiam tanques de água apetrechados com motores eléctricos para a circulação da água corrente, gelo e oxigénio em garrafas industriais.

Os arguidos chegaram, inclusive, a comprar ostras em Setúbal, com a intenção de as exportarem para a Malásia. Conseguiram os documentos para fazer passar o produto no aeroporto e foram os próprios a transportar as caixas de esferovite para Lisboa.

No percurso, dissimularam nas caixas mais de cem quilos de meixão, avaliado em 650 mil euros, que tinha como destino a Malásia, mas a carga foi apreendida. Pressionados pela investigação, os arguidos deitaram fora cerca de 200 quilos de meixão, que valeria cerca de 1,3 milhões de euros.

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Os proveitos do tráfico eram obtidos em moeda virtual, que depois seguia para as suas contas bancárias. Em Janeiro de 2021, por sua vez, o Ministério Público de Lisboa partiu para uma operação nunca antes vista em Portugal, de combate ao tráfico de meixão.

Foram executados 13 mandados de busca e apreendidas seis viaturas, três delas de alta cilindrada, 78 mil euros em dinheiro, dez redes de meixão, nove tanques de conservação com equipamentos de refrigeração, material destinado à preservação e tráfico da espécie por via aérea ou terrestre, assim como telemóveis e bloqueadores de sinal.

Os 16 suspeitos, entre pescadores, angariadores e “mulas”, foram detidos e os três cabecilhas da rede ficaram em prisão preventiva, medida de coacção que prevalece hoje.

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