Domingos de Sousa garante que foram apresentadas alternativas às famílias das crianças que frequentavam o centro
O Equipamento de Apoio à Infância ‘O Cogumelo’ não vai manter as funções de Centro de Actividades de Tempos Livres (CATL) no próximo ano lectivo. A confirmação foi dada a O SETUBALENSE pelo presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal, que afirma ter dado alternativas às famílias das crianças que frequentavam a instituição, numa reunião realizada já este mês. De acordo com Domingos de Sousa, não há condições para manter o ATL em funcionamento por mais tempo.
“Nós tínhamos um contracto com a TST com duração até 31 de Julho, mas que terminou no dia 31 de Maio, uma vez que a Alsa Todi ficou com este sistema de transportes. No dia em que se deu cessação do contracto, começámos logo a trabalhar para arranjar uma alternativa”, esclarece o presidente. “Acontece que só nesta altura fiquei a saber que a empresa TST estava a fazer-nos um preço especialíssimo por este serviço, um valor que rondava entre os 2780 e os 2940 euros. Quando começámos à procura de alternativas percebemos que nenhuma empresa da região praticava estes preços”, prossegue.
“Percebemos que a solução seria aumentar bastante as mensalidades ou terminar com este serviço,” refere Domingos de Sousa. A confirmação é avançada pelo presidente da Cáritas Diocesana em sequência de uma carta aberta redigida pelos pais das crianças do CATL e publicada n’O SETUBALENSE no dia 20 de Julho, a pedir à instituição para “não desistir”. Domingos de Sousa garante que foram apresentadas diversas soluções aos pais na referida reunião e que nenhuma avançou por falta de resposta dos mesmos. “Eu dei abertura na reunião. Disse que a Cáritas não iria fazer contractos de transporte a pagar 200 euros por dia. No entanto, se 18 ou 20 famílias colocassem cá as crianças e as viessem buscar, eu garantia a resposta social até ao fim do próximo ano lectivo. Eu assegurei isso, mas, até à data de hoje, ninguém nos contactou nesse sentido”.
Apesar de ser uma “situação desconfortável”, Domingos de Sousa afirma que “não está preocupado”. “O ATL não é uma resposta da Cáritas. Pode ser, num contexto em que eu o possa exercer porque os pais gostam ou porque a Cáritas passa os seus valores e princípios, mas têm de existir condições para a sua realização. Se fosse um caso de pobreza, a Cáritas tinha obrigação de agir, só que o problema é outro e existe resposta para ele,” afirma o presidente da instituição.
“Na reunião, a direcção do equipamento ‘O Cogumelo’ fez o levantamento das instituições da região que ofereciam este serviço e que ainda tinham vagas e apresentou-as aos pais. Eu próprio expliquei bem as razões pelas quais tomámos esta decisão e chamei à atenção para o facto de existirem respostas sociais para as quais temos de estar disponíveis – a situação dos sem-abrigos ou dos jovens em situação de risco”, acrescenta. Domingos de Sousa sublinhou ainda ter tido o cuidado de verificar as mensalidades pagas por este serviço, afirmando que “em 32 crianças, 50% tinha mensalidades relativamente baixas”, o que “não permite que o ATL mantenha as suas funções.”
No entanto, o presidente garante que o encerramento da instituição em nada interfere com os seus funcionários e assegura que “todos irão ter os seus postos de trabalho.” Contrariamente, os pais na carta aberta afirmaram não terem sido “apresentadas estratégias mobiliza[1]das pelo presidente e pela direcção no sentido de resolver o problema”. “A posição por parte do presidente foi irredutível, fechada ao diálogo, autocrática e, na perspectiva das famílias, indiferente à impossibilidade de muitos pais conseguirem arranjar uma solução a curto prazo para os seus filhos, sujeitos a listas de espera e/ou valores incomportáveis apresentados por instituições privadas”. O SETUBALENSE contactou ainda a empresa TST, que confirmou a cessação de contracto por mútuo acordo, não tendo “mais declarações a fazer.”