26 Junho 2024, Quarta-feira

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Pedro Pina: “Com Sebastião da Gama como tema da feira celebramos a serra, o rio e a palavra”

Pedro Pina: “Com Sebastião da Gama como tema da feira celebramos a serra, o rio e a palavra”

Pedro Pina: “Com Sebastião da Gama como tema da feira celebramos a serra, o rio e a palavra”

O eleito com o pelouro da Feira de Sant’Iago calcula que a edição deste ano deve atrair 350 mil visitantes

 

O vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal explica o regresso ao período alargado de feira. Este ano são 17 dias. Diz que assim há mais probabilidade de quem tira férias nesta altura ainda conseguir vir à feira e que os custos não aumentam significativamente. Em entrevista a O SETUBALENSE, Pedro Pina justifica a escolha do centenário de Sebastião da Gama para tema do certame como uma forma de celebrar a Arrábida, o Sado e a poesia. Sobre o programa, destaca duas preocupações principais; que o cartaz musical seja suficientemente diversificado para não deixar ninguém de fora, e dar oportunidade aos artistas locais de também subirem ao palco das Manteigadas.

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O tema da feira este ano é o centenário de Sebastião da Gama. Porquê?

Nós temos de encontrar sempre um tema chapéu, que sirva também de alguma maneira como um amplificador, um holofote, de algo que no trabalho da autarquia consideramos muito relevante. Sebastião da Gama, por todo o seu papel e pela poética muito relacionada àquilo que é incontornável, distintivo desta cidade: o rio Sado e a serra da Arrábida. Quando falamos de literatura, de poesia, temos que falar de Sebastião da Gama. Sendo a feira também a celebração da cidade e o momento mais festivo que nós temos, achámos que era relevante que, no ano em que se iniciam as comemorações do centenário, que este fosse o motivo, porque celebrando Sebastião da Gama celebramos a serra, o rio a palavra. Por isso, pareceu-nos que era um tema interessante, tendo em conta que é uma data redonda, e penso que é um tema que gera simpatia.

Este ano a feira volta aos 17 dias, mais uma semana do que foi o ano passado. Que diferença é que isso faz?

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Entendemos que a feira é uma dimensão orgânica, em constante mutação. Hoje ainda continuamos a falar das grandes questões fraturantes, como a localização da feira, ou conteúdo da feira, mas isso é bom porque se nos distanciarmos e tivermos em conta a antiguidade do evento, percebemos que em mais de 400 anos há-de ter tido inúmeras discussões. Algumas dessas discussões nem constam nos anais da história. A verdade é que a feira passou por muitos e diferentes lugares para ter chegado até aqui e, portanto, eu olho, enquanto membro deste executivo municipal, para a feira, como uma dimensão orgânica em permanente mutação independentemente das críticas. No ano passado, decidiu-se, ainda com muito receio, os 10 dias, mas depois de uma reflexão e análise crítica, considerámos que, pela adesão do público, pela procura dos feirantes, pelo conteúdo que também era possível imprimir, que os 16 ou 17 dias iam muito mais ao encontro daquilo que eram as necessidades de um evento desta natureza. Estamos a falar também de um período de férias em que muitas pessoas se ausentam de Setúbal, portanto, 10 dias cobrem apenas dois fins-de-semana e isso faz com que, se calhar, algumas pessoas que queiram ir à feira não tenham essa oportunidade. Achamos que estes 17 dias, este ano, cumprem essa função, dão mais capacidade também em termos dos seus conteúdos para responder a uma oferta muito mais larga. Vamos ver, este ano são 17 dias e parece-nos, pelo que as pessoas nos tem dito, que é melhor, que há maior satisfação, mas estamos sempre disponíveis para considerar soluções que se mostrem mais indicadas.

Com este calendário, o dia de S. Tiago já fica incluído no período da feira. Isso tem algum significado?

Para ser sincero, é absolutamente simbólico, para usar um palavrão um bocadinho “à la manière” do Pierre Bergé, do poder simbólico. Enquanto sociedade vivemos muito do simbólico. Sendo a feira de S. Tiago está associada a esta dimensão mais simbólica do patrono e, considerando que há essa associação, tivemos essa preocupação de integrar a data. Vamos ver o que é que o futuro nos reserva sobre isso, não sei se essa é a questão mais determinante para o sucesso de um evento que tem que, acima de tudo, corresponder a uma grande expectativa e a um contexto.

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Sobre a programação, os concertos, o cartaz o que gostaria de destacar?

Acima de tudo, temos de olhar para a Feira de Sant’Iago através daquilo que é a realidade da atractividade de um evento desta natureza nos dias de hoje, e, sobre isto, muito se diz, às vezes muito do coração, da emoção, da memória, da saudade. Sabemos que hoje os espetáculos são uma determinante muito relevante para atrair muitas pessoas ao certame e, portanto, tivemos esse cuidado. Basta ver que já o ano passado tivemos esta preocupação, de uma grande heterogeneidade de estilos musicais na oferta. Creio que ninguém fica de fora ou pouca gente ficará de fora. Inclusive este ano, pela primeira vez vai haver um espetáculo dirigido à infância e que também faz com que os pais possam levar os seus filhos especificamente para verem esse espetáculo. Há também uma preocupação de termos o público jovem na feira, com muitos espetáculos específicos, e temos artistas consagrados que tocam diferentes faixas etárias, muito diversificadas, como são os casos do Pedro Abrunhosa ou do João Pedro Pais. Outra preocupação à cabeça é não nos esquecermos das pessoas da nossa terra. São apenas 17 dias, se calhar precisaríamos de dois messes para conseguir responder a todos os artistas locais. Mas quisemos, quer no palco principal quer no palco encontros – que eu não gosto de chamar de palco secundário, é um palco que tem muita dignidade, com todas as condições técnicas e que está num espaço privilegiado da feira – ter o cuidado de reunir artista locais com uma grade história na música setubalense e que também levam a cidade a muitos pontos, quer de Portugal, quer do mundo. Este ano alguns deles revisitam a Feira de Sant’Iago, no passado também por lá passaram, e temos muitos valores emergentes que, num trabalho, com a Divisão de Juventude e a Divisão de Cultura, também terão espaço e oportunidade de tocarem na feira. A programação foge dos cânones só dos palcos, com muita animação, traz espetáculos um bocadinho, se calhar, inusitados com o envolvimento da área da dança e com o trabalho da companhia de teatro e de animação no próprio espaço da feira. Acho que é certamente uma programação muito rica, muito diversificada e que, acredito, vai ao encontro dos públicos que nos visitam.

Falou em cerca de 350 mil visitantes?

Sim, é a expectativa que temos, considerando os números que, objectivamente, tivemos no ano passado, de 25 mil pessoas, em média, por dia. Acredito que, com 17 dias e com a programação que preparámos e tendo o tempo também a ajudar – a meteorologia é um factor sempre aleatório que concorre também para o sucesso – podemos ter números absolutamente impressionantes na procura da Feira de Sant’Iago.

Sobre o orçamento para este ano, mais sete dias significa que os custos também cresceram em proporção?

Não necessariamente, o orçamento é basicamente o que estava previsto. Aumentamos sobretudo a receita, porque uma parte dos custos são fixos e não acrescem necessariamente em função do número de dias. A receita, objetivamente aumenta, porque quem está a usufruir do espaço da feira para fazer o seu negócio tem também um custo associado, que decorre das taxas que estão formalmente aprovadas, no regulamento da feira. Nesse sentido, o que tem crescido é a feira. O orçamento rondará os 900 mil euros.

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