Partidos concordam com investigação a Dores Meira mas candidatura às autárquicas divide opiniões

Partidos concordam com investigação a Dores Meira mas candidatura às autárquicas divide opiniões

Partidos concordam com investigação a Dores Meira mas candidatura às autárquicas divide opiniões

Comunistas negam participação em “cabala inventada” pela antiga presidente “para se vitimizar”. Apenas BE vê “legitimidade” no projecto da ex-autarca

Maria das Dores Meira tem de ser investigada pelo alegado uso despropositado do cartão de crédito da Câmara Municipal de Setúbal e o recebimento indevido de ajudas de custo. Esta é a opinião unânime entre os partidos representados nos órgãos autárquicos de Setúbal. Sobre se a ex-presidente tem condições para voltar a apresentar uma candidatura à presidência da autarquia, apenas o Bloco de Esquerda (BE) vê “legitimidade” no projecto da ex-autarca.

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O Partido Comunista Português (PCP) nega envolvimento na vinda do caso a público, enquanto o Partido Socialista (PS) exige explicações à antiga autarca e ao actual executivo. O Partido Social-Democrata (PSD) questiona a capacidade de um novo projecto de Dores Meira, já o Chega (CH) quer uma auditoria, não só à ex-presidente, mas também aos anteriores executivos comunistas. O BE pede que o Ministério Público (MP) seja célere, sendo que o PAN duvida do momento em que a notícia foi publicada e a Iniciativa Liberal (IL) pede cautela até que seja apurada a verdade.

A Direcção da Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP toma uma posição, face ao comunicado publicado nas redes sociais da antiga autarca, e desmarca-se das acusações das quais dizem ser alvo. “Refutamos de forma inequívoca qualquer participação ou autoria numa suposta cabala inventada por Maria das Dores Meira para se vitimizar. Queremos recusar qualquer envolvimento nessa situação na qual somos acusados de forma ignóbil”, refere Nuno Costa a O SETUBALENSE.

Considera também que nas investigações do MP têm de ser “apurados os factos e as responsabilidades”. Sobre a candidatura à autarquia setubalense, refere que são “as entidades que tutelam a aprovação das candidaturas” quem tem de decidir.

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Já Fernando José, do PS, vai mais longe e adianta que a investigação tem de ser estendida ao actual executivo. “Face à notícia, que é suportada por documentos que obviamente vieram da câmara municipal, há que perguntar ao presidente se já abriu um inquérito ou uma auditoria interna, ou se já pediu à Inspecção-Geral de Finanças uma auditoria”.

No entender do socialista, a dimensão mais importante é o apuramento dos factos. “Penso que será fácil de verificar se existe ilegalidade, basta olhar para os boletins itinerários que a ex-presidente preencheu, assinou e autorizou, e fazer essa comparação com os boletins itinerários do motorista e verificar as vias verdes da viatura”. Sobre a candidatura de Dores Meira às eleições autárquicas de 2025, adianta que a “própria é que tem de fazer essa avaliação” e que os socialistas estão mais interessados em “apresentar propostas e soluções para a cidade”.

Do lado do PSD, há dúvidas que a ex-vereadora na Câmara Municipal de Almada consiga, com “uma equipa nova”, apresentar um projecto melhor do que fez no passado. “Para nós a linha que ela representa, já a conhecemos do passado”, atira Nuno Carvalho. O social-democrata afirma que a “única coisa” a ser feita é “analisar a intenção” de Dores Meira, sendo ainda cedo para fazer pronunciamentos sobre as eleições autárquicas.

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No Chega, Luís Maurício fala no princípio da presunção de inocência, mas assegura que Maria das Dores Meira não pode estar acima da lei. Ainda assim, no seu entender, “não há dúvidas”, Maria das Dores Meira “não devia concorrer e devia desistir da sua candidatura”, assinalando ainda que “tem de ser feita uma auditoria”, não só ao mandato da ex-presidente, mas também a todos os anteriores executivos comunistas.

BE defende candidatura da ex-autarca

Opinião contrária tem o BE que, pela voz de Vítor Rosa, afirma que a também empresária e advogada “tem toda a legitimidade para se apresentar às eleições”, sendo preciso aguardar “com calma e serenidade” o que deriva deste processo.

Ainda assim, o membro da Assembleia Municipal de Setúbal deixa críticas e mostra preocupação, explicando que ao mesmo tempo “serve que nem uma luva para a vitimização” de Dores Meira e da sua campanha, o que também aparenta “não ajudar ao debate democrático”. O bloquista “agradece” ainda ao MP que o inquérito seja feito “com celeridade”.

Quanto a Mariana Crespo, do PAN, concorda com uma investigação à ex-presidente, mas estende-a para outras dimensões. “Refiro-me não só à gestão dos dinheiros enquanto era presidente, mas também a todo um conjunto de negócios e concessões que foram feitos durante o mandato, por exemplo o caso da DataRede”.

Considera ainda que a antiga presidente “tem a sua imagem manchada” e, por isso, o partido não a considera “como uma candidata legítima”. No entanto, assegura que “não se pode esquecer o timing” em que a notícia surgiu, vendo este momento como “uma questão interessante”. “Até que ponto é que não há interesse dos outros partidos em denegrir a imagem de Maria das Dores Meira”, questiona Mariana Crespo.

Confessando não conhecer o caso a fundo, a IL não deixa de mostrar preocupação com as acusações referidas. Para o partido, representado por Flávio Lança, é preciso “cautela” e “ter a certeza de que aquilo que foi afirmado é a realidade”, mas, a confirmar-se, aponta que Maria das Dores Meira “não tem condições” de ser candidata à Câmara Municipal de Setúbal.

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