Anfitrião da reunião maior do PSD entre congressos, Nuno Carvalho quer mostrar que o trabalho da concelhia “dá mais força a Setúbal”
O Conselho Nacional do PSD reúne-se hoje à noite, no Novotel, em Setúbal, para aprovar o orçamento do partido para o próximo ano, debater a situação política e iniciar o processo de revisão dos estatutos.
O presidente da concelhia quer aproveitar o momento para mostrar o trabalho feito na cidade por uma “equipa de verdadeiros independentes” e destacar a intervenção do partido nas questões locais mais mediáticas, como as dragagens e o protesto dos estivadores.
Nuno Carvalho afirma que a coordenação com deputados e eurodeputados do PSD deu “força às preocupações dos setubalenses” e sublinha a forma “moderada” e atenta como a concelhia está na política.
Como vê a escolha de Setúbal para a realização do Conselho Nacional?
É uma iniciativa do líder do PSD, Rui Rio, descentralizar as reuniões do órgão máximo do partido entre congressos. Chegou a vez do distrito de Setúbal e fico naturalmente feliz por ser no nosso concelho e numa data com especial importância política como dia 4 de Dezembro onde o PSD relembra um histórico líder do partido e do país, Francisco Sá Carneiro.
Das matérias em agenda o que destaca?
O Conselho Nacional debate a política interna e externa do partido. Espero que possamos focar o PSD nas matérias que estão esquecidas no Orçamento de Estado como o apoio às empresas onde o financiamento pode passar de um problema a um flagelo. Os últimos avanços na necessária desburocratização do Estado na relação com as empresas são do governo do PSD. Espero também que se possa retomar o tema do apoio às famílias, especialmente nas medidas que apoiam a natalidade porque se continuarmos neste caminho o decréscimo da população em Portugal vai ser dez vezes mais forte e difícil de recuperar que um resgate da troika.
Como é que o presidente da concelhia anfitriã vê a situação actual do partido?
Vemos que o PSD recuperou o país, mas parece que o PSD ainda não está recuperado. O nosso partido esteve limitado na forma de fazer política porque a agenda era limitada pela intervenção da troika e ainda há demasiados portugueses que confundem a nossa ideologia com as duras soluções que o PSD teve que implementar devido aos problemas causados pelo anterior governo do PS. Creio que o PSD está a trabalhar para contrariar essa ideia, mas não é fácil quando o PCP, BE e PS elegem o PSD como alvo principal. Está na altura do PSD olhar com atenção para PCP e BE, especialmente este último, porque só faltou a Catarina Martins visitar Sócrates na prisão ladeada pelas irmãs Mortágua, esse partido concorda com tudo o que o PS fez e faz só para sonhar que um dia pode indicar ministros. Mas atenção, actualmente PCP e BE já governam, uma coligação no Parlamento é uma forma de governar.
O presidente do partido na semana passada pediu tréguas, dizendo que a contestação interna é um suicídio colectivo. Acha que Rui Rio tem condições para continuar e disputar as eleições do próximo ano?
Qualquer líder do PSD legitimamente eleito pelos militantes tem condições para disputar eleições. As condições em que o partido vai a votos é que têm que ser melhoradas. Essa, aliás, é a opinião comum a todos os simpatizantes e militantes, incluindo o presidente do PSD, daí o seu “pedido de tréguas”. Creio que esse ponto comum de melhoria da imagem do PSD deve servir de motor para o nosso partido estar mais forte nas eleições de 2019. E é muito importante que esteja, porque o PSD desempenha um papel fundamental na democracia, porque o CDS está acantonado à direita, o PCP e BE estão acantonados à esquerda e fazem do PS o seu refém. Dar soluções aos diferentes tipos de preocupações de diferentes partes do país só está ao alcance de um partido com a dimensão do PSD, por isso é fundamental que o nosso partido assuma a responsabilidade que tem na democracia. Creio que as principais preocupações dos simpatizantes e militantes estão relacionadas com o que poderá acontecer à nossa democracia se o PSD não desempenhar o seu papel. Ainda há pouco falei das empresas, especialmente as pequenas e médias, e da natalidade em Portugal, sem o PSD esses e muitos outros problemas nunca terão a devida atenção e representação na governação do país.
Como presidente da concelhia, o que gostava de transmitir aos conselheiros nacionais?
Dois temas locais com eco nacional, as dragagens no Rio Sado e greve dos estivadores no Porto de Setúbal. O PSD de Setúbal assumiu posições e desenvolveu iniciativas, aliás, foi o primeiro partido a fazê-lo sobre ambas as preocupações. E mais importante é que a posição foi moderada e com preocupações ambientais e laborais. Falta muitas vezes moderação na política, por isso foi importante a intervenção do PSD. E foi naturalmente importante que as posições que assumi como vereador tenham sido o início de uma conduta igual a nível da Assembleia da República e Parlamento Europeu, onde o deputado Bruno Vitorino e o eurodeputado Carlos Coelho deram força necessária às preocupações dos setubalenses sobre estes assuntos. Estamos a ter impacto positivo em Setúbal com esta forma de fazer política. Este Conselho Nacional será mais uma oportunidade para intensificar a atenção e sintonia do PSD no que se refere a assuntos do concelho de Setúbal.
Como vê a situação do partido no concelho de Setúbal?
Como um partido capaz de servir as pessoas, fazemos isso todos dias, com uma equipa de verdadeiros independentes porque não vivem nem dependem da política para viver, todos os autarcas do PSD de Setúbal têm essa característica sem prejuízo de terem muitos anos como militantes do PSD. Sentimos um grande reconhecimento pelo primeiro ano de mandato cumprido porque estamos a fazer um trabalho sem pensar em ciclos eleitorais e mantendo o foco nas nossas principais causas e as nossas propostas e posições sobre a mobilidade, redução do IMI e IMI familiar reflectem isso. Enquanto vereador nunca contornei um tema, há inclusive muitos temas em que o PSD é primeiro a levar a sua discussão à Câmara Municipal de Setúbal. Estou certo que desta forma o nosso trabalho dá mais força a Setúbal, e já temos agenda para o ano de 2019.