“O ciclo do PCP na gestão da Câmara de Setúbal está esgotado, não tem estratégia de futuro”

“O ciclo do PCP na gestão da Câmara de Setúbal está esgotado, não tem estratégia de futuro”

“O ciclo do PCP na gestão da Câmara de Setúbal está esgotado, não tem estratégia de futuro”

Paulo Lopes

O PS coloca-se na linha da governação da Câmara nas autárquicas de 2021. Fala em novas ideias e nova dinâmica

 

 

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Para o PS o ciclo político da gestão comunista na Câmara de Setúbal acabou. Em entrevista a O SETUBALENSE, Paulo Lopes, vereador e presidente da Concelhia socialista, acusa o executivo de Maria das Dores Meira de já não ter nem ideias nem dinâmica para resolver os problemas do concelho. Diz que o PCP se sente dono da razão mas, nas ruas, as pessoas estão saturadas pela falta de soluções efectivas. Afirma que a descida do IMI foi show off, tem a certeza que o estacionamento pago não acautela os residentes e crítica as cancelas no acesso às praias da Arrábida. Para o vereador não há dúvidas que o futuro e desenvolvimento de Setúbal passa pela gestão socialista.

Que balanço faz da governação da Câmara de Setúbal, pela maioria comunista, durante estes quase três anos do actual mandato?

Setúbal está há 20 anos com gestão do Partido Comunista e, ao fim deste tempo, constatamos que não têm novas soluções para resolver problemas, não há capacidade para inovar. Estes quase três anos representam bem o fim de um ciclo do PCP na governação do município.

É preciso que se faça diferente, com novos protagonistas, novas ideias, nova dinâmica e visão que alavanque o concelho de Setúbal para os próximos tempos. O PS tem essa nova dinâmica. Partimos para as autárquicas de 2021 com confiança de que somos futuro em Setúbal.

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A CDU nas autárquicas de 2017, em Setúbal, em contraciclo a outros concelhos do distrito, reforçou a maioria. Isso pode trazer dificuldades ao PS para vencer a Câmara?
Não. Nos últimos três anos de mandato, na discussão dos temas mais quentes, confirma-se um PCP em fim de ciclo. O reforço que conseguiu nas últimas autárquicas foi conjuntural; muito devido a Maria das Dores Meira que tem um ‘apport’ grande em Setúbal, mas que se desgastou. O PS anda nas ruas a fala com as pessoas, e transmitem-nos saturação com esta maioria na Câmara.

Este ciclo encerra-se definitivamente também porque a actual presidente, Maria das Dores Meira, não se pode recandidatar por ter atingido o limite de mandatos. Portanto, há aqui um ‘terminus’ e uma oportunidade para nascer um novo ciclo político com uma visão mais moderna.

Sobre o PS, como avalia o trabalho autárquico que tem feito neste mesmo período?

Nos últimos três anos levantámos muitos dos temas quentes na discussão autárquica, temos estado presentes em todos os órgãos e com muita dinâmica junto da sociedade civil. O PS é a única alternativa de poder. Lideramos a batalha contra a taxa de Imposto sobre Imóveis (IMI) em Setúbal, contra o estacionamento tarifado que aumentou exponencialmente, novas opções no acesso às praias da Arrábida, complemento da resposta à pandemia Covid-19 e no Orçamento da Câmara; o PS tem estado em toda a linha e demonstrado que tem gente capaz de dar início a uma nova gestão da Câmara.

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Pela primeira vez a Câmara de Setúbal baixou o (IMI), mas o PS exigia uma taxa ainda mais reduzida.

Há mais de dez anos que o PS propõe a redução gradual do IMI da taxa máxima – que se tem praticado em Setúbal – para a mínima, mas o executivo do PCP chumbou sempre as nossas propostas. Agora vir reduzir o IMI em 0,01% e depois aumentar o estacionamento pago é dar com meia mão para depois tirar com as duas. O que a maioria dos setubalenses poupa por ano com esta redução insignificante de IMI nem dá para pagar dois cartões de estacionamento para residentes no mesmo agregado familiar.
É verdade que Setúbal já não aplica a taxa máxima de IMI, 0,45%, passou para 0,44%, mas continua a ser o concelho do distrito com a taxa mais elevada de IMI. Isto é uma medida de ‘show off’.

O argumento do executivo para aplicar esta redução de IMI é responder ao momento muito difícil que estamos a passar com a pandemia, mas isso só vai ter efeito em 2021, e coisa ínfima. O PS tinha apresentado uma proposta para o IMI de 2019, que é pago este ano, de 0,40%, o PCP não aceitou. Se tivesse aceitado, agora sim neste período difícil, os setubalenses iriam pagar menos IMI.

Apesar de discordar desta redução o PS absteve-se. Porquê?

Depois de uma luta de vários anos para que a taxa de IMI baixasse, entendemos que não iriamos votar contra porque, apesar de tudo, há uma baixa, apesar de insignificante. Mas não ficamos de maneira alguma satisfeitos e criticámos o executivo por esta medida não ter um impacto real nos bolsos dos munícipes.

Outra das críticas do PS é sobre o projecto de estacionamento tarifado. No que discorda?

O PS foi sempre contra o novo projecto de estacionamento pago em Setúbal nos moldes em que foi apresentado pela maioria comunista. Estamos a falar de um aumento de mais de 500% do número de lugares pagos em Setúbal, e por um período de 40 anos. O alargamento das áreas para estacionamento pago em Setúbal para nós não faz qualquer sentido. Veja-se o caso de zonas meramente residenciais, para que serve o estacionamento tarifado?

O estacionamento tarifado serve para promover a rotatividade do lugar. Nas zonas residenciais, onde não existe um procura de espaços comerciais ou de serviços, porquê tarifar? Se as pessoas estão em casa não faz sentido aplicar-lhes uma taxa de estacionamento. Isto apenas serve para promover um acréscimo da receita da Câmara.
Por isso o PS votou contra, mais ainda quando o estacionamento vai ser concessionado por um prazo de 40 anos. Ou seja, a Câmara de Setúbal vai entregar à empresa que ganhar a concessão o monopólio do estacionamento à superfície que, depois de ter conseguido ganhos, vai construir estacionamento subterrâneo, também pago, isto por 40 anos; é hipotecar o futuro.

Referiu que o PS não concorda como o executivo decidiu restringir o acesso às praias da Arrábida. Que opção tomaria?

Não entramos no populismo de soluções milagrosas para resolver um problema complexo, mas defendemos uma Arrábida de todos e para todos. Não concordamos com anos consecutivos de cancelas a impedirem o acesso a uma jóia da nossa cidade, esta é mais uma prova que o ciclo do PCP na gestão da Câmara de Setúbal está esgotado, não tem qualquer estratégia de futuro.

Temos visitado os concessionários das praias da Arrábida e estão preocupados. Aliou-se aqui uma tempestade com o problema da pandemia e o da mobilidade. O cenário que todos eles nos traçaram é extraordinariamente negativo.

O PS apresentou algumas soluções alternativas para o acesso às praias, em reunião de Câmara e Assembleia Municipal, mas o PCP continua a considerar que todas as soluções que a oposição apresenta são para rejeitar, isto revela que se sentem donos e senhores das soluções perfeitas e infalíveis.

As cancelas não são solução, tem de ser feito um plano estratégico para acabar com esta situação. O PS está a preparar uma estratégia que não se fica pelo cerceamento da mobilidade. As soluções passam pelo reforço da vigilância e abrir o trânsito num só sentido criando bolsas de estacionamento ao longo do percurso e também mais transportes públicos. Mas no caso deste ano, deveria ter-se pensado melhor sobre o transporte público, porque as pessoas têm medo de o usar por causa da pandemia. Mas o que a Câmara fez foi manter a mesma solução de há três anos.

Como avalia as medidas tomadas pela autarquia e pelo Governo quanto a esta pandemia ?

Ninguém estava preparado para isto. No início fomos referência na mitigação da pandemia, mas quando começámos a desconfinar começaram a surgir focos. O Governo tem tido uma acção de excelência, mas não podemos cometer erros no desconfinamento.
Na Câmara municipal o PS apoia todas as medidas de combate à pandemia. Quando lutamos numa batalha como esta, temos de estar todos juntos. Depois haverá tempo para analisar o que se poderia ter feito melhor.

Mas mesmo neste quadro, quando o PS apresentou um pacote de 17 medidas para complementar o que o executivo estava a fazer em vários sectores, a maioria não aceitou. De umas disseram que já estavam a ser implementadas, a outras disseram ser da responsabilidade do Governo, e com outras não concordaram; ou seja, arranjaram sempre uma desculpa para não aceitar. Mas, curiosamente, algumas até vieram depois a ser aplicadas.

O PS Setúbal já desenhou algum plano de recuperação económica e social para o futuro do concelho?

Esta pandemia mudou a perspectiva de todos quanto ao futuro. Antes da pandemia tínhamos uma economia pujante, hoje tudo é diferente no concelho, no país e no mundo.
O projecto para os próximos anos tem de passar, entre outras medidas, pela recuperação das empresas, reconstrução da economia e apoio às famílias.

O próximo mandato autárquico vai ter um peso muito forte nesta recuperação económica e social no âmbito local. Neste momento estamos a desenhar esse projecto com medidas concretas para o futuro, isto independentemente do que tem de ser feito já; foi o que apresentámos no pacote de 17 medidas para Setúbal.

O projecto de recuperação para Setúbal tem de estar em linha com o projecto Nacional e o projecto europeu, para não correr o risco de ficar para trás.

Socialistas vão eleger presidente da Federação para o próximo mandato

Os socialistas do distrito vão decidir, a 17 e 18 deste mês, o presidente da Federação de Setúbal para o próximo mandato, que terá como primeiro grande embate político as autárquicas de 2021. António Mendonça Mendes, actual presidente desta estrutura, recandidata-se, e vai ter de medir votos com o candidato Carlos Gordo.

Para Paulo Lopes não há dúvidas que “o candidato certo é António Mendes; tem o meu apoio”. Na Federação de Setúbal, “já provou as suas capacidades de liderança quando nas autárquicas de 2017 conduziu o partido à vitória em cinco concelhos do distrito. Reforçou a votação nos que já governava e conquistou três câmaras ao PCP, para além de ter subido a votação em outras autarquias”.

Esta onda ganhadora do PS no distrito, com António Mendes, verificou-se ainda nas eleições europeias e nas legislativas de 2019 com os socialistas a elegerem 9 deputados por Setúbal.

O que não correu bem ao PS foram as autárquicas no concelho de Setúbal, em que a maioria comunista, em contraciclo, reforçou a sua posição na Câmara. Para Paulo Lopes este foi um resultado “meramente conjuntural” e diz estar confiante que “o PS vai ganhar Setúbal”, o que não revela é se vai encabeçar a lista socialista à Câmara sadina.
“A escolha dos candidatos tem um tempo próprio. O que posso dizer é que sou presidente da Concelhia de Setúbal e vereador, portanto um dos rostos do PS em Setúbal”.

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