Nuno Costa: “Nunca baixaremos os braços. Vamos dar a volta e tornar a governar Setúbal”

Nuno Costa: “Nunca baixaremos os braços. Vamos dar a volta e tornar a governar Setúbal”

Nuno Costa: “Nunca baixaremos os braços. Vamos dar a volta e tornar a governar Setúbal”

O vereador que ocupa a vaga deixada por André Martins reconhece que o resultado eleitoral “não satisfaz”, mas garante que a CDU continuará a defender o serviço público sem fazer uma “oposição cega”

Depois de duas décadas de presença autárquica e de doze anos à frente da Junta de Freguesia de São Sebastião, o professor de Física e Química regressa agora ao centro da vida política setubalense, desta feita como vereador da CDU na Câmara Municipal de Setúbal.

- PUB -

Em entrevista a O SETUBALENSE, Nuno Costa, que substitui André Martins após renunciar ao mandato, afirma, sem rodeios, que o resultado das últimas eleições “não satisfaz”, mas não apaga “a transformação profunda” que esta coligação “operou” em Setúbal. Entre a análise política e a autocrítica, o autarca admite que a candidatura independente de Maria das Dores Meira “determinou a alteração do resultado”, e que a comunicação do partido “poderia ter sido mais eficaz”.

Para este mandato assegura uma oposição “não cega”, atenta a cada proposta e centrada na defesa dos serviços públicos e dos trabalhadores. É com o mesmo espírito de proximidade que diz ter cultivado na freguesia que liderou, que Nuno Costa quer levar para a Câmara “as preocupações e aspirações da população”, num mandato que quer marcar pela escuta e pela coerência.

O agora vereador assegura que o futuro da CDU em Setúbal continua em aberto, com a convicção que esta força política vai “dar a volta e voltar a governar Setúbal”.

- PUB -

Como é que a CDU interpreta o resultado das últimas eleições autárquicas?

É um resultado que não nos satisfaz, naturalmente. Não está de acordo nem com a transformação que a CDU conseguiu fazer em Setúbal, nem com o projeto, nem com a atividade que estava em curso, mas pronto, é o resultado que obtivemos. Foram as responsabilidades que os setubalenses nos deram e, portanto, nós trabalharemos naturalmente, tentando não defraudar as expectativas daqueles que votaram na CDU. Trabalharemos naturalmente com esse resultado e com as responsabilidades que nos deram.

Que balanço faz da gestão anterior, liderada por André Martins?

- PUB -

A CDU esteve no poder não só nos últimos quatro anos. A CDU esteve no poder nos últimos 24 anos e operámos uma grande transformação em Setúbal. Neste último mandato continuámos a concretização de uma visão de desenvolvimento para Setúbal, que está em curso, independentemente dos resultados eleitorais e independentemente do que aconteceu no dia 12 de outubro, essa visão está em curso. Basta olharmos para o Centro de Saúde da Bela Vista, que está praticamente concluído, no Centro Escolar Barbosa do Bocage, no Mercado de Azeitão, no Auditório Cultural de Azeitão, no Parque Verde da Quinta da Amizade, no Parque Verde de 25 de Abril na Freguesia do Sado, no Pavilhão das Manteigadas, na Várzea. Há um conjunto de obras que traduz esta visão de desenvolvimento de Setúbal, equilibrada, sustentável, que está em curso e, portanto, eu, para fazer uma avaliação do trabalho da CDU, não posso restringir ao último mandato, porque isso não faz sentido.

Considera que o eleitorado de Setúbal ‘puniu’ a CDU?

Ou procurou apenas uma mudança? Estamos a fazer essa avaliação, mas, de qualquer forma, há uma questão que ressalta, relativamente ao último mandato eleitoral, que não podemos negar. Tivemos uma ex-presidente de Câmara da CDU que agremiou simpatia, prestígio, enquanto presidente de Câmara da CDU, que se candidatou como independente, apoiada por outras forças políticas. Isso é um facto importante que determinou a alteração do resultado. Às vezes somos levados a fazer aqui uma avaliação muito simplista dos resultados, mas este facto não pode ser ignorado no contexto da avaliação do resultado. Haverá, com certeza, outros fatores, naturalmente, a comunicação, poderíamos ter feito uma comunicação mais eficaz. Lançámos um conjunto significativo de obras e de investimentos na habitação, e outros que são investimentos absolutamente essenciais, no espaço público, na questão da mobilidade, entre outros, que se calhar não comunicámos da melhor forma. As obras falam por si próprias achámos que as pessoas iriam, naturalmente, rapidamente saber o que é que se está a passar na outra ponta do concelho, que as pessoas da Azeitão sabem o que é que está a passar no Sado, isso não é verdade, é preciso ter uma comunicação eficaz.

Como é que recebeu a decisão de André Martins de renunciar ao mandato de vereador?

Não vou fazer considerações sobre isso, o André Martins fez a sua avaliação, fez a sua ponderação e tomou a sua decisão, e, portanto, não me cabe a mim fazer considerações sobre isso, é uma decisão pessoal. Respeito e assumirei as minhas responsabilidades em consequência da sua decisão.

Entra para substituir o antigo presidente da Câmara, que mensagem é que quer deixar aos eleitores sobre essa transição?

O que eu posso dizer do exercício do mandato que vou fazer é que será sempre equacionado em coletivo, no conjunto daquele que é o coletivo partidário e no conjunto da CDU, portanto, sempre em ponderação com o PEV, mas será um mandato que honrará os compromissos eleitorais, honrará a confiança depositada na CDU. Será um mandato com uma agenda própria e tentando levar para aquele fórum as justas aspirações da população, as necessidades, as suas preocupações. Este será um mandato exercido com proximidade com a população, sempre tentando levar aquelas que são as preocupações para aquele fórum. É isto que podem esperar do mandato da CDU. É aquilo que tenho de dizer às pessoas.

Admite aceitar pelouros no executivo de Dores Meira?

Essa questão está ultrapassada, os pelouros em princípio já estão distribuídos e não houve nenhum contacto com a CDU. Acho que não faria muito sentido dado o posicionamento das duas forças políticas. Não faria sentido, porque aceitar pelouros implica um acordo, o acordo implica ser feito em cima de ideias, de valores e, portanto, eu acho que aí não vislumbro grandes pontos de contacto. É perfeitamente natural que os pelouros tenham sido atribuídos e que a CDU não tenha sido contactada.

Que tipo de oposição é que a CDU pretende fazer neste novo ciclo?

Temos um profundo compromisso com a democracia e com o funcionamento dos órgãos, isso é o que as pessoas podem esperar de nós. Não faremos uma oposição cega, vamos avaliar proposta a proposta, levar aquilo que são as preocupações para o seio do debate na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal, e avaliar propostas que conduzirão à elevação da qualidade de vida das populações, todas as outras não poderão contar com o nosso apoio, isso é o que as pessoas genericamente podem contar por parte da CDU.

Quais é que serão as prioridades políticas que levará para a Câmara enquanto vereador?

Temos de ver o desenrolar do mandato, mas questões que tenham a ver com aquilo que são os nossos princípios, a defesa do serviço público, a defesa e valorização dos trabalhadores. São questões muito importantes para nós e, portanto, é aqui que vamos ponderar as propostas e é aqui que vamos naturalmente construir as nossas propostas e que levaremos à Câmara e à Assembleia Municipal.

Houve importantes desenvolvimentos nos últimos mandatos, a questão da água que passou do domínio privado para o domínio público, portanto isso foi a CDU que fez e foi no último mandato, a manutenção dos resíduos na esfera pública, a valorização dos trabalhadores e das suas carreiras, nomeadamente a co opção gestionária, como sabe é um acelerador na progressão dos trabalhadores, portanto questões como estas são centrais e que não deixaremos de oferecer forte oposição se enveredar para outros caminhos.

Relativamente ao IMI familiar, qual será a política da CDU, agora na oposição?

Defendemos no último mandato uma redução de uma outra forma, menos acentuada, precisamente para ponderar a questão do equilíbrio das contas. Teríamos feito uma descida menos pronunciada, mas essa questão ficou lá atrás, ou seja, essa ponderação devia ter sido feita quando se baixou, não é agora vir alterar o que está feito. Uma coisa é termos feito um caminho diferente relativamente aos impostos, outra coisa é dizer que agora vamos voltar para trás. São coisas totalmente distintas, avaliaremos o que aparecer em cima da mesa coletivamente e, portanto, não quero manifestar já uma opinião sobre isso, mas dificilmente voltaremos para trás, isso não está em causa.

Depois de estar à frente da Junta de Freguesia de São Sebastião, como encara esta nova função na Câmara?

Encaro com serenidade. Tenho muitos anos de dedicação à causa pública, trabalhei de uma determinada maneira, com proximidade com as populações, ganhei alguma experiência no exercício desses cargos, não foi só enquanto presidente de Junta, mas enquanto membro da Assembleia de Freguesia de São Sebastião e conto poder emprestar essa experiência e essa forma como exercia esses mandatos à minha prestação no seio da Câmara Municipal. Conto que a minha experiência seja um fator positivo e a forma como exercia esses mandatos seja um fator positivo e determinante no exercício destas novas funções, mas no fundo a perspetiva de intervenção não muda, o exercício das funções com proximidade, o exercício das funções ouvindo as pessoas, colhendo a sua opinião, discutindo coletivamente as soluções, portanto todo esse estilo de estar na vida política e pública eu acho que não muda.

Como é que vê o futuro da CDU em Setúbal depois destas eleições?

Há espaço para um rejuvenescimento da base política? Claro que sim. Disse no início um fator que influenciou fortemente aqui o resultado eleitoral, mas a CDU tem trabalho feito, obra feita e projeto, ou seja, nós aceitamos com toda a naturalidade os resultados eleitorais, mas encaramos o futuro com esperança, porque uma força como a CDU, que transformou Setúbal como transformou, que tem provas dadas e que tem o projeto que tem, só pode encarar o futuro com satisfação. Vamos ao combate pelo esclarecimento, nunca baixaremos os braços e vamos apresentar ao eleitorado daqui a 4 anos mostrando a obra que conseguimos fazer em Setúbal. Acreditamos que vamos dar a volta e vamos outra vez chegar ao poder em Setúbal.

Que balanço é que gostaria que fosse feito do seu trabalho daqui a quatro anos?

O balanço que eu gostaria que fosse feito é o de um vereador que não se afastou das populações, que esteve presente, que reuniu, que ouviu, que levou essas preocupações e essas necessidades à Câmara Municipal, e que exerceu o mandato com grande proximidade. É o que nos é solicitado com as responsabilidades que nos deram e é exatamente isso que eu espero fazer.

Acredita que só fará sentido que daqui a quatro anos o candidato à Câmara da CDU seja Nuno Costa?

Estamos muito longe para decidir essas matérias e, portanto, isso não está em causa agora, não faz sentido sequer discutir isso agora. Quatro anos é um tempo ainda grande e, portanto, haverá, com certeza, espaço e tempo para fazer essa reflexão e apresentar um bom candidato nessa altura. Estamos muito longe de fechar qualquer decisão sobre essa matéria.

E o Nuno Costa acredita que tem qualidades suficientes para ser esse bom candidato?

Essa avaliação, se a pessoa está ou não em condições para ser candidato, é uma ponderação que terá de ser feita mais tarde. Pode haver outra pessoa com melhores condições objetivas para ter essa tarefa na altura e, se assim for, estará tudo bem. Mas isso é uma avaliação que terá de ser feita mais tarde.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -

Apoie O SETUBALENSE e o Jornalismo rumo a um futuro mais sustentado

Assine o jornal ou compre conteúdos avulsos. Oferecemos os seus primeiros 3 euros para gastar!

Quer receber aviso de novas notícias? Sim Não