As três envolvidas no caso da Segurança Social de Setúbal foram ‘apanhadas’ num lapso do Ministério da Saúde
Elisabete Adrião, vereadora socialista na Câmara do Seixal e funcionária do Instituto da Segurança Social de Setúbal, viu o Ministério Público arquivar o processo sobre a inoculação indevida com a vacina contra a covid 19, de que foi acusada.
Um caso que envolveu também uma outra funcionária daquele serviço, Lia Verónica, e resultou no pedido de demissão da directora do Centro Distrital de Segurança Social, Natividade Coelho. Mas todas foram ilibadas.
A demissão de Natividade Coelho foi o primeiro caso mediático a envolver uma instituição estatal no início do processo de vacinação contra a covid-19. Em Janeiro de 2021, a directora foi apontada por ter incluído 126 funcionários do mesmo Centro Distrital da Segurança Social na lista de vacinação, e ela própria.
Na mesma altura, em Janeiro, era a vereadora socialista da Câmara do Seixal, Elizabete Adrião, a publicar na sua página de Facebook uma foto do cartão comprovativo de ter sido inoculada com a primeira dose da vacina, o que além de críticas políticas, lhe valeu uma queixa no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP).
“Todas foram denuncias anónimas”, afirma Elisabete Adrião que, tal como Natividade Coelho e Lia Verónica acabaram de ser ilibadas pelo Ministério Público. “O processo de inquérito em que fui constituída arguida foi arquivado tendo o Ministério Público concluído não ter cometido qualquer acto passível de procedimento criminal”, refere Elisabete Adrião em comunicado de imprensa por si enviado.
Na mesma informação, a vereadora socialista expõe ter-se “limitado a cumprir com comunicado superior, o qual dava conta da ‘disponibilidade de vacinas para trabalhadores do Centro Distrital de Setúbal que exerciam funções de risco’”. E acre[1]dita que foi seleccionada para ser inoculada por exercer como Técnica Superior de Acção Social, e como tal, “integrava os chamados serviços críticos, abrangidos pela primeira fase de vacinação, no capítulo Grupos Prioritários, que contactavam com doentes covid, nomeadamente em visitas domiciliárias”.
E aqui acrescenta, referindo o texto do mesmo documento: “o papel dos profissionais dos serviços essenciais era fundamental para manter o funcionamento do sistema de saúde e do sector social”.
A O SETUBALENSE, Elisabete Adrião conta que as saídas para o terreno eram feitas por duas equipas, uma de Saúde e outra com elementos da área Social. “Andávamos com os enfermeiros”.
O que terá levado às inoculações a funcionários da segurança social, foi um “lapso em cadeia com origem no Ministério da Saúde”, expõe o Ministério Público. Terá assim existido um erro informático que fez o Ministério da Saúde trocar listagens correctas que recebera do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Arrábida e do próprio Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, por outras erradas. O que se sabe, é que Natividade Coelho pediu explicações sobre a alteração que verificara e disseram- -lhe que “era mesmo assim”.
Mas esta é toda uma história que Elisabete Adrião diz que quer encerrar. “Provocou-me danos irreparáveis politicamente, pessoalmente e também familiarmente”, inclusive, a vereadora fala em ter passado por um quadro quase depressivo, em que “apenas a força da família e dos amigos” lhe deram coragem.
Mas não parece esquecer que a “sua honra e bom nome [foram] gravemente ofendidos por notícias divulgadas na comunicação social em Janeiro de 2021”, e acrescenta: “fui alvo de vis ataques políticos pelo simples facto de, na qualidade de funcionária do Instituto de Segurança Social de Setúbal, ter sido inoculada com a primeira dose da vacina contra a covid-19, em cumprimento de ordens superiores”. O que parece colocar de lado é a possibilidade avançar com pedidos de indeminizações. “Quero matar o assunto definitivamente”, afirma.