Cerca de 50 munícipes já se juntaram à causa que foi levada à última reunião pública do executivo
O barulho que se faz ouvir da ‘noite setubalense’ é já inaceitável para alguns dos habitantes de algumas das zonas da cidade que se juntaram para dar nome à “Associação de Direito ao Descanso – Setúbal”. Queixam-se da falta de ajuda por parte da autarquia, do não cumprimento dos horários estipulados para o ruído em espaço público e do crescente licenciamento dos espaços nocturnos, que tem aumentado a revolta dia após dia.
A Avenida Todi, a Rua Guilherme Gomes Fernandes e Avenida José Mourinho, a Rua de São Filipe e a Rua 5 de Outubro são apenas algumas das ruas identificadas no comunicado “Pelo Direito ao Descanso em Setúbal”, enviado à redacção de O SETUBALENSE, mas garantem que há mais localidades onde o barulho se faz ouvir.
O movimento de cidadãos conta já com a participação de 47 pessoas onde se incluem “moradores inquilinos” e seis proprietários de alojamentos locais ou arrendatários.
“Tornou-se incomportável descansar ao fim-de-semana, para muitos de nós, são noites seguidas sem dormir ao som dos bares e das discotecas e das multidões embriagadas, no meio da lixeira e confusão altamente alcoolizada”, queixas explanadas no manifesto.
“É hora de dizer basta. É hora fazer cessar este ataque à qualidade de vida e à saúde de muitos e muitos cidadãos desta cidade. É hora de nos respeitarem. É hora de fazer Setúbal mudar para melhor”.
Questão foi levada a reunião do executivo
Ana Fidanza usou da palavra na última reunião pública do executivo sadino – que decorreu a 8 de Novembro – para expor uma situação que diz não ser pontual e já se registar há vários anos.
Durante a sua alocução, no período de intervenção do público, a cidadã explanou o problema e pediu esclarecimentos sobre a responsabilidade da câmara municipal sobre esta matéria.
Admitiu que “depois do covid a situação tem vindo a desmoronar”, e que, das “20 participações” que os moradores já dirigiram à autarquia, apenas “duas tiveram resposta”. “É uma questão sistémica de um regulamento que não existe na câmara de Setúbal e que é necessário para que as coisas cessem”, afirmação que André Martins, presidente do executivo, desmentiu.
Em resposta o autarca mostrou-se solidário. “Eu não posso estar mais de acordo com aqueles que, estando na sua residência, são afectados por situações que perturbam o seu direito”.
“Nunca me foi proposta nenhuma reunião enquanto presidente de câmara mas sei que este assunto tem sido colocado aos serviços que têm competência para actuar, e aliás, os serviços estão a actuar. Também a situação, como também disse, não depende apenas da actuação da câmara municipal, depende de outros serviços, designadamente, das forças
de segurança”.
Assumiu, no entanto, a responsabilidade pela acção da autarquia referindo que há disponibilidade para marcar uma reunião no sentido de apurar melhor as questões e passar para a actuação. “A câmara municipal tem de desenvolver, e creio que está a desenvolver, procedimentos para corresponder às expectativas que os moradores destas zonas têm. É essa a nossa responsabilidade e nós vamos assumi-la”.
“São problemas que muitas cidades no nosso País têm, que existem e que afectam as pessoas. Cabe à administração encontrar as formas de dar resposta a estes problemas, e eu estou convencido que, na sequência desta reunião, a senhora vereadora que tem a Fiscalização e a senhora vice-presidente que tem a área da avaliação do ruído, no final da reunião poderão encontrar forma de marcar uma reunião e de avaliar, e melhor explicarem, a complexidade destes problemas”, adiantou o autarca.
Em declarações a O SETUBALENSE Ana Fidanza disse que depois da intervenção na sessão de câmara foi agendada uma reunião, com a vice-presidente Carla Guerreiro e a vereadora Rita Carvalho, para a próxima sexta-feira, 17 de Novembro.