André Martins afirma que vai pedir à tutela que reveja o projecto. Obra naquele local vai avançar e autarca diz que habitantes só se opuseram ao tamanho dos edifícios
Os moradores da Praceta Maria Lamas, no Bairro do Liceu, queixam-se de não terem sido ouvidos pela Câmara Municipal de Setúbal naquelas que foram as suas reivindicações face a esta zona que dizem estar “abandonada”. Afirmam também que a construção de um centro de saúde naquele espaço é completamente “inviável”.
Em Fevereiro deste ano chegou às mãos da autarquia um abaixo-assinado, com 62 assinaturas, onde os habitantes desta zona pediam a “resolução/melhoria” de questões como a insuficiente iluminação pública, imagem urbana, limpeza dos espaços verdes, delimitação da zona de estacionamento, reparação de sarjetas, colocação de lombas em áreas específicas, retirada dos parquímetros da praceta, e ainda, dando conta de que a construção de um centro de saúde naquele local não seria viável.
Segundo explica Leonardo Mendes, em declarações a O SETUBALENSE “não existem condições de se manter o paisagismo da Avenida da Europa e construir prédios, porque não há estrutura naquela região”. “Quando vemos o que há nas redondezas percebemos que o espaço de manobra e paragem dos veículos já é pouco, não existe forma de fazer uma construção ali, a não ser avançar para cima dos edifícios”.
A praceta é usada também “pelos utilizadores das duas estruturas desportivas [a pista de skate e o campo de rugby]”, adianta o morador.
Dizem ter tentado chegar à fala com o executivo para marcar uma reunião com o objectivo de “resolver os problemas da praceta”. Mas, segundo estes, a sessão com a câmara municipal acabou por se tornar na apresentação do novo local de saúde.
“Foi-me sempre sendo respondido pelo gabinete de apoio à Presidência que devíamos fazer a dita reunião para ver estas situações. Recebi contactos por parte de uma pessoa que já não está naquele gabinete a dizer que íamos fazer uma reunião em Setembro para tentar constituir um grupo de trabalho para ver os problemas da praceta e foi sempre neste fio. Nunca se falou, em momento algum, que íamos ver a implementação do centro de saúde”, relata Ilda Borges, também moradora na praceta Maria Lamas.
Esta refere que “a câmara fez folhetos e colocou nas caixas do correio para a reunião” e foi aí que o grupo descobriu o motivo da sessão. “Estávamos convictos de que, para além do centro de saúde, se iria falar dos pontos todos da praceta – porque foi por isso que a reunião foi solicitada -, e foi para isso sempre que nós estivemos ali” e admite que os relatos sobre os problemas na praceta foram passados “muito ao de leve”.
Assim, consideram que existiu “um aproveitamento político por parte da Câmara Municipal de Setúbal para fazer a apresentação de um centro de saúde, como se estivesse tudo bem programado, e como se os moradores tivessem concordado e tivessem sido chamados para este fim”, adianta a habitante.
“A câmara aproveitou-se do nosso movimento para utilizar a informação num sentido diferente daquilo que nós pensávamos, e apareceu-nos uma notícia a falar sobre um centro de saúde, numa reunião proposta por nós, para falar de um assunto em sentido contrário, mas, que diziam que iam fazer apresentação daquilo que seria o projecto”, complementa Leonardo Mendes.
Depois da sessão foi constituído um grupo de trabalho, onde estes dois moradores estão incluídos, para “acompanhar o projecto e outras questões relacionadas com aquela zona do Bairro do Liceu”, como explica o município em nota de Imprensa enviada ao nosso jornal.
André Martins garante que vai apresentar questões à tutela
O novo centro de saúde Maria Lamas/ Bairro do Liceu resulta da assinatura de um protocolo entre a autarquia e o Governo. Este tem um custo previsto de 7.5M€ e está já na fase de adjudicação dos projectos.
O espaço vai ser composto “por uma Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP) e por três unidades de saúde, cada uma para 14 mil utentes e com oito médicos, para um total de 42 mil utentes e 24 médicos, contando com dois edifícios de dois pisos e cave, um com 1333 e outro com 2987 metros quadrados de área bruta” sendo que está previsto um edifício mais pequeno para “unidades de cuidados na comunidade e paliativos”, como explicam na mesma nota.
Depois de ouvir os moradores O SETUBALENSE procurou respostas junto do presidente da câmara municipal, André Martins, que explicou que o executivo está comprometido em “rever o projecto de acordo com algumas questões que foram levantadas” pelos moradores.
Ao afirmar que o novo centro de saúde vai mesmo ser construído naquela praceta o responsável garante que, com base nas reivindicações expressas no abaixo-assinado e na reunião do passado dia 15, que vão fazer chegar à tutela os temas dos moradores com o objectivo de se fazerem alterações no plano inicial, que previa edifícios de grandes dimensões.
“Não temos outro sítio, foi dito por eles [moradores] que não estavam contra o centro de saúde mas que punham questões relativamente à dimensão do projecto e às dificuldades que tinham, nomeadamente o estacionamento, e condicionamentos que a dimensão da obra iria ter na praceta. Já concluímos que vamos propor à direcção para eles alterarem o programa”, afirma.