Matilde Santos: “Quero fazer carreira na dança até que o corpo me permita e depois investir no ensino”

Matilde Santos: “Quero fazer carreira na dança até que o corpo me permita e depois investir no ensino”

Matilde Santos: “Quero fazer carreira na dança até que o corpo me permita e depois investir no ensino”

Bailarina setubalense, que está na escola Martha Graham School, em Nova Iorque, não esquece os tempos na Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, “onde não se importava de voltar”

 

Nascida e criada em Setúbal, Matilde Santos viveu na cidade até aos 18 anos, altura em que fez as malas rumo a um sonho: estudar para ser bailarina profissional em Nova Iorque.

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Quando tinha seis anos, a Academia de Dança Contemporânea de Setúbal mudou as suas instalações para perto da sua casa, nas Manteigadas. Repetia vezes sem conta que queria ser bailarina e um dia o pai decidiu inscrevê-la, e à sua irmã, nessa escola. Esteve lá durante dois anos e decidiu parar.

Havia de voltar mais tarde, por culpa da irmã, dois anos mais velha, “que entrou no curso de formação de bailarinos e estava sempre a contar-me histórias giras sobre o que fazia e aprendia. Fiz uma audição, entrei no 5.º ano e fiz o processo todo até ao 12.º ano. A partir do momento em que entrei soube de imediato que era isto que queria fazer”, começa por dizer.

Essa experiência foi, nas suas palavras, “muito difícil, olhando para trás”, mas ainda assim “bastante boa, dá-nos estaleca para o mundo profissional e ainda bem que tive aquele treino porque sinto que estou muito mais preparada agora. No geral, foram anos bastante bons e não me importava de voltar atrás, sinceramente”.

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Aos 14 anos, disse aos pais que queria ir a Nova Iorque. “A escola onde estou agora, a Martha Graham School, sempre foi a escola para onde quis ir, sempre foi a minha primeira escolha, mas como era Nova Iorque sempre pareceu um pouco distante da realidade”, partilha.

Quando terminou a faculdade, fez várias audições, mas não conseguiu entrar em nenhuma das alternativas. Optou então por fazer um gap year e aos 18 anos voltou a questionar os pais sobre uma ida a Nova Iorque para fazer uma audição para a escola onde estuda agora. “Continuei a insistir e acabei por vir. Fiz um curso de três semanas na minha escola e depois uma audição. Já estava em Portugal há cerca de três semanas quando recebi um e-mail da escola a dizer que tinha sido aceite”, conta.

Quando o sonho se torna realidade

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A história do sonho tornado realidade começava, assim, em 2019, ano em que se mudou para “o sítio onde são feitos os sonhos”. A experiência até agora “tem sido bastante boa. É exactamente o que estava à espera e sinto que está a ajudar-me, não só com o meu treino agora mas também com potenciais ofertas de trabalho. Prepara-nos para o mundo mais profissional”, refere.

Na pandemia voltou a Portugal durante cerca de dez meses, onde esteve até ao ano passado. “Estava a ter aulas no Zoom, pelo que de qualquer forma não valia a pena ficar em Nova Iorque”. Também no ano passado acabou o curso que fez inicialmente, “mais abrangente, sobre música, anatomia, teatro” e no mês de Junho terminou “o de formação para professores”, área na qual pretende seguir caminho. “Sem dúvida gosto bastante de ensinar e quero muito seguir a veia de professora, tanto aqui como em Portugal. A técnica que estudo na minha escola não existe muito em Portugal e gostava de levar também o meu treino para o meu país, um dia mais tarde talvez”, revela. “Neste momento estou mais interessada em efectivamente dançar, fazer uma carreira e quando o meu corpo já não der mais depois então investir mais no ensino. Já tenho até algumas ofertas de trabalho”, adianta.

No que diz respeito ao seu trabalho recente, destaca a participação, enquanto bailarina solista e de grupo, em “Emotions Physical Theatre”, “de uma companhia de dança moderna e contemporânea, de um dos professores da minha escola, que me convidou e prontamente disse que sim”.

Não está, por isso, nos seus planos regressar a Portugal num futuro breve. “É um país maravilhoso, mas na área em que estou sinto que aqui tenho muitas mais oportunidades. Se trabalhasse em Portugal, poderia ser bailarina, mas teria de ter outra coisa para conseguir sustentar-me. Aqui os bailarinos efectivamente ganham salários”, afirma.

Matilde Santos considera, assim, necessário “investir mais nas artes e na cultura em Portugal. Há pessoas, nomeadamente colegas meus, que infelizmente não tiveram os mesmos meios que eu e em Portugal não conseguem fazer vida sendo bailarinos porque não há oportunidades. Temos de trabalhar mais neste sentido para todos conseguirem fazer um percurso enquanto bailarinos. Não falta talento”.

Sobre a ligação que mantém com a sua cidade natal, partilha que “sempre que vou de férias, gosto muito de ir jantar à baixa com os meus pais e de toda a zona ribeirinha. Deixa-me sempre relaxada, assim como ir à serra só passear. Setúbal é uma cidade maravilhosa”.

 

Matilde Santos à queima-roupa

Idade 21 anos

Naturalidade Setúbal

Residência Nova Iorque

Área Dança

Aos 14 anos pediu aos pais para ir a Nova Iorque, já decidida sobre o caminho que queria seguir

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