Instalada em Setúbal há 21 anos, a Sobreviver tem de mudar de casa e vai para um espaço em Palmela, mas a mudança tem custos
A mais antiga associação de defesa animal do Distrito de Setúbal, a Sobreviver, vai ter de sair das instalações em Setúbal passando a instalar-se num novo abrigo em Palmela. Com 21 anos de actividade, feitos em Maio deste ano, este organismo sem fins lucrativos, que depende financeiramente das quotas dos associados e donativos, está numa corrida contra o tempo para continuar a trabalhar na protecção de animais abandonados.
“Apesar de toda a compreensão e paciência do proprietário do terreno onde estamos na zona Poçoilos [em Setúbal], sensivelmente, dentro de dois meses vamos ter de sair”, diz Sara Barrocas Alves, uma das voluntárias que faz parte da Associação Sobreviver.
A opção acabou por incidir num espaço alugado no concelho de Palmela onde, neste momento, estão a decorrer obras para a instalação de canis e outras infra-estruturas. “A deslocação para o novo abrigo não é complicada uma vez que actuamos em todo o Distrito de Setúbal”, comenta a voluntária.
Complicado está a ser reunir capacidade financeira para fazer face a uma obra que começou no início de Junho. “O total de investimento previsto é de 21 739 euros, e ainda não temos a verba toda. Precisamos de dinheiro e de doação de material, por isso a obra está a ser feita por etapas”, refere.
Para brita e areia, a associação assumiu os custos, para o cimento conseguiu que fosse doado pela Secil, já passou pelos custos da terraplanagem e por pagar uma parte da verba ao empreiteiro que está a executar os trabalhos, “mas ainda falta”, diz a voluntária, por isso apela aos donativos.
“Precisamos de vários materiais, quem quiser ajudar a associação pode fazê-lo com depósitos através do nosso NIB, que está nas nossas páginas do Facebook e Instagram, ou comprando materiais nas lojas onde temos descontos”, explica Sara Barrocas. “Estamos, assim avançar para o novo abrigo, passo a passo”, acrescenta.
Neste momento, entre cães e gatos, a Sobreviver dá abrigo e cuidados veterinários a cerca de 150 animais, mais cães – cerca de 80 – do que gatos, com isto, a associação precisa também de doações para a ração. “Por mês é preciso cerca de 1 200 quilos”.
A verba vem através das campanhas da associação ou entregas directas. Aliás, parte da verba doada é também necessária para os cuidados veterinários, sendo que os casos de esterilização também contam, em parte, com a articulação com o Canil Municipal de Setúbal.
A fundação da Sobreviver, em 2003, começou precisamente no antigo canil municipal. Conta Sara Barrocas que uma das fundadoras da associação dava apoio aos animais capturados que estavam no canil, isto numa altura em que ainda era permitido o abate. “Começámos a resgatar alguns dos animais que, inicialmente, ficavam em casa dos voluntários, ou conseguíamos que fossem adoptados. Mas este funcionamento não era o suficiente, e daí decidiu-se constituir a associação e ter um espaço de abrigo”, espaço este de onde a Sobreviver vai ter agora de sair.
Com quatro voluntários mais activos, e outros que ajudam algumas vezes por mês, os animais chegam ao abrigo da associação através de denuncias sobre animais abandonados, por maus tractos e outros que são entregues pelos donos que, por mudarem de casa deixam de ter condições para os ter.
“Uma das nossas grandes dificuldades é conseguir pessoas para adoptarem os animais, a maioria deles são adultos o que, por vezes, desmotiva a adopção. Mas as pessoas venham até nós, e vão perceber a ternura e empatia dos animais”, apela Sara Barrocas Alves.