As três crianças com idades entre os dois e seis anos foram retiradas pela PSP de Setúbal na quarta-feira de uma casa em condições miseráveis
A mãe das três crianças de dois a seis anos que viviam até à semana passada com os pais em condições miseráveis numa casa abandonada em Setúbal concordou que os filhos lhe fossem retirados e acolhidos em instituições. A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Setúbal, que iniciou o processo quando as crianças estavam internadas no hospital, avança que “a medida protectiva de Acolhimento Residencial das três crianças teve o consentimento da mãe”.
Questionada sobre a existência de processos anteriores, a CPCJ não respondeu.
As três crianças com idades entre os dois e seis anos foram retiradas pela PSP de Setúbal na quarta-feira, dia 15, de uma casa em condições miseráveis onde viviam com os pais na Rua Vale do Grou, no piscatório Bairro de São Nicolau. Estavam doentes, com hematomas e foram transportadas na quarta-feira ao hospital onde ficaram internadas até sexta-feira.
As crianças receberam tratamento e até podiam ter tido alta no dia seguinte à admissão, mas a CPCJ não as deixou sair do hospital, agindo com urgência para encontrar uma instituição de acolhimento, o que aconteceu na sexta-feira. Hoje continuam institucionalizadas e bem de saúde.
Foi a PSP, através da Esquadra Investigação Criminal, que encontrou os menores nesta situação quando notificava o pai do pagamento de uma multa pelo Tribunal de Setúbal. O caso era desconhecido das autoridades e nem estava referenciado no Conselho Local de Acção Social (CLAS) de Setúbal.
Os pais, homem de 23 anos e mulher com 25, foram identificados pela PSP. São suspeitos do crime de exposição e abandono de menores.
A zona onde o casal morava com os três filhos no bairro piscatório setubalense é composta por algumas casas térreas que foram requalificadas por novos proprietários e outras abandonadas. Foi numa destas que o casal morava com os menores. Dormiam todos num colchão numa casa sem condições de higiene, sem porta de entrada e sem janelas que impedissem a entrada do frio.
A PSP, face à descoberta pelos agentes da Esquadra de Investigação Criminal de Setúbal, à gravidade da situação e ao perigo a que estas crianças estavam expostas, accionou o INEM. As crianças encontravam-se num extremo estado insalubridade, denotando grave falta de higiene, hematomas na cara, estando uma delas num avançado estado febril. Foram assistidas e conduzidas ao Hospital de São Bernardo.