Montijo, Setúbal e Sesimbra estão a crescer, chegando aos 90% de procura turística, e os americanos estão a surgir como “factores” novos na procura por Setúbal
A performance turística da Península de Setúbal está em linha com os resultados alcançados pela região de Lisboa. É isto que aponta Jorge Humberto Silva, director do Departamento Operacional da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL). Na “sequência de um bom ano de 2022”, a península tem razões para sorrir no início deste ano, à boleia do sol e mar, gastronomia, natureza e enoturismo.
À luz dos últimos resultados divulgados pelo INE relativamente ao sector do Turismo, como está a ser a performance da Península de Setúbal?
O turismo na Península de Setúbal, em coerência com os resultados da região de Lisboa, está a ter um muito bom início de 2023. O primeiro trimestre de 2023, a partir de uma amostra muito significativa dos alojamentos turísticos na Península de Setúbal, organizada e trabalhada pela Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, permite-nos referir crescimentos da procura turística na ordem dos 90% no Montijo, 60% em Setúbal e 45% em Sesimbra. Estes resultados dão, aliás, sequência a um bom ano de 2022 na Península de Setúbal.
A nível concelhio, que principais tendências há a destacar em termos de crescimento ou redução de números turísticos?
Os mercados de Espanha, Reino Unido, Portugal e Brasil são maioritariamente responsáveis pelo crescimento de 60% em Setúbal. Setúbal mantém como principais mercados no seu perfil turístico Portugal e Espanha. O Brasil e os Estados Unidos aparecem como factores novos, ou relativamente novos, na procura turística por Setúbal. A diversidade na procura turística, reduzindo excessivas dependências, é, aliás, uma boa notícia para o turismo em Setúbal.
Como se tem comportado o mercado interno nas visitas turísticas na região de Setúbal?
Os portugueses por si só valeram, no primeiro trimestre de 2023, aproximadamente 40% da procura. Significa que as ofertas, os recursos e os conteúdos turísticos de Setúbal não só estão adaptados às expectativas e aos gostos das portuguesas e dos portugueses, como Setúbal é reconhecida como uma relevante opção de férias.
Que balanço se pode fazer do mercado externo, a nível de dormidas e nacionalidades mais presentes?
Espanha, Brasil, EUA, França e Alemanha, por esta ordem, são os principais mercados externos. Considerando, no entanto, a relativa sazonalidade no turismo em Setúbal teremos de esperar pelo Verão para sabermos se esta tendência, do primeiro trimestre, se mantém como uma tendência do ano de 2023 como um todo.
Em que aspectos se traduz, na região de Setúbal, a performance excepcional do turismo a nível nacional?
O turismo em Portugal cresceu significativamente no primeiro trimestre do ano com valores, na procura turística, a rondarem os 40%. Mas para o mesmo período a região de Lisboa cresceu 50%. Significa que a Península de Setúbal cresce, como seria de esperar, em paralelo com a região de Lisboa. Assumindo os seus próprios conteúdos e produtos turísticos. Importa, por esta ordem de razão, destacar o sol e mar, a gastronomia, a natureza e o enoturismo.
Que vantagens tem a região para captar mais turistas; e por outro lado, que desafios ou impasses enfrenta?
As suas evidentes ofertas turísticas são as suas reais vantagens Ofertas, outra vantagem acrescida, integradas numa região que lidera o crescimento turístico em Portugal. Para além dos produtos e das ofertas referidas a região tem dois rios, o Tejo e o Sado, que assumem muitas possibilidades turísticas. Saibamos perceber que o desenvolvimento que precisamos tem de ser sinónimo de sustentabilidade e o perfil turístico da região vai integrar um território absolutamente singular no contexto nacional. Um dos desafios mais relevantes que enfrentamos é o desafio da mobilidade. Apenas com melhores transportes, em particular transportes públicos, podemos aproximar, como exemplos, Alcochete da Caparica e Setúbal de Sesimbra. Se queremos que o turismo seja um cada vez mais relevante contributo para a coesão regional temos, necessariamente, de colocar os transportes e a mobilidade na equação do turismo do futuro.
Que perspectivas tem a ERT-RL para 2023, a nível geral, para o turismo da Península de Setúbal?
Uma muito boa perspectiva de acordo com a perspectiva para a região de Lisboa.
Na sua opinião, que factores deve a região potencializar para continuar a crescer a nível turístico?
Todos os nove municípios (Almada; Seixal; Barreiro; Moita; Montijo; Alcochete; Palmela; Sesimbra; Setúbal) da Península de Setúbal têm evidentes conteúdos e recursos turísticos. A questão não é assim o seu “potencial”, mas sim o seu “real”. E o que os turistas encontram é o real. Por isso o essencial são as ofertas que existem. Ofertas promovidas e divulgadas por empresas que as comercializam junto dos turistas. E, deste ponto de vista, e genericamente para toda a Península de Setúbal (quer os territórios mais ligados ao Tejo quer mais ligados ao Sado), precisamos de mais ofertas e mais empresas com ofertas de experiências, que permitam que os muitos turistas que visitam Lisboa visitem também a Península de Setúbal. Aliás, o Plano Estratégico para o Turismo da Região de Lisboa (2020-2024) tem como uma das suas missões mais relevantes precisamente o aumento da coesão turística regional, promovendo o crescimento dos fluxos turísticos nos territórios de menor “densidade” turística. Estarmos preparados para receber e fazê-lo em harmonia com as comunidades locais é o desafio que a maturidade do turismo na Península de Setúbal nos propõe.