27 Junho 2024, Quinta-feira

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Irmãos acusados de matar indiano em Setúbal por ódio racial

Irmãos acusados de matar indiano em Setúbal por ódio racial

Irmãos acusados de matar indiano em Setúbal por ódio racial

Ângelo e Fábio Guterres acusados de levar a cabo plano de matança de indianos. Um morador morreu e outro tirou a arma, salvando-se

Ângelo e Fábio Guterres, irmãos de 30 e 24 anos, vão ser julgados no Tribunal de Setúbal por homicídio qualificado motivado por ódio racial. Em causa está a morte de Gurpreet Singh, indiano de 24 anos, em Praias do Sado, Setúbal, com um tiro de espingarda e a tentativa de homicídio de outro compatriota na casa onde moravam com outros cinco indianos e onde Ângelo disparou vários tiros de caçadeira para matar todos os ocupantes. Fábio assistiu ao crime, fazendo vigilância à porta da casa, defende o Ministério Público (MP).

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De acordo com o Ministério Público, “os arguidos decidiram matar Gurpreet Singh e Major Singh por se tratar de indivíduos de nacionalidade indiana, e como retaliação contra indivíduos daquela nacionalidade e para causar terror naquela comunidade”. O MP considera que Ângelo, o autor dos disparos, queria vingar a sua mãe por ter sido alegadamente importunada por indianos, mas agiu contra as vítimas não sabendo que tinham sido estes, apenas por serem indianos.

O crime aconteceu na noite de 5 de Novembro de 2023, na Rua Engenheiro Ribeiro da Silva. Antes do crime, de acordo com a acusação do MP, Ângelo envolveu-se numa discussão com indivíduos indianos num café nas Praias do Sado por alegadamente terem importunado a sua mãe. Ainda assim, nunca percebeu o que disseram por não falar inglês.

O arguido saiu do café, embriagado, e dirigiu-se a casa de um amigo, que residia junto a uma casa onde moravam vários indianos. “Aí avistou Major Singh e suspeitando que tinha sido um dos que tinha importunado a mãe, tentou falar com ele, mas não percebeu por não falar inglês”. Nesse momento, viu outros indianos dentro de casa, saiu e disse que voltava. Ao sair, Ângelo fez sinal da cruz no peito e benzeu-se.

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O MP considerou que nesse momento decidiu matá-los. O arguido ligou ao seu irmão, Fábio, pediu-lhe a espingarda ilegal que tinha guardado e contou o plano, matar os indianos que moravam naquela casa, ao que o irmão aderiu.

Os dois dirigiram-se à casa na Rua Engenheiro Ribeiro da Silva. De acordo com o despacho de acusação, ” os arguidos dirigiram-se àquela casa por saberem que moravam ali indivíduos indianos e que queriam tirar a vida a qualquer cidadão indiano que ali morava”.

Lá chegados, levantaram o estore de um dos quartos onde estava Gurpreet, voltaram a fechar e Ângelo disparou duas vezes, atingindo fatalmente o indiano no peito. Depois acedeu ao pátio das traseiras pelas garagens e encarou Major Singh, disparando outras duas vezes. Atingiu-o no ombro, mas este fugiu de volta para casa.

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Os dois voltaram a encarar-se na frente da habitação e Major Singh conseguiu tirar a arma a Ângelo. Fábio, que assistia a tudo, fugiu com o irmão. Viriam a ser detidos um mês depois pela PJ. A versão apresentada por Ângelo de que agiu por a sua mãe ter sido importunada por cidadãos indianos não é clara. Quando foram detidos, o irmão, Fábio, contou que Ângelo lhe telefonou dizendo que ele próprio tinha sido insultado, não a sua mãe.

O MP acusa os dois por homicídio qualificado com especial censurabilidade por terem “agido determinados por ódio racial, religioso, político, ou gerado pela cor, origem étnica ou nacional”.

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