23 Julho 2024, Terça-feira

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Guarda prisional sob ameaça de morte há quatro meses

Guarda prisional sob ameaça de morte há quatro meses

Guarda prisional sob ameaça de morte há quatro meses

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Alegadamente, um ex-recluso do EPE de Setúbal incendiou as viaturas particulares de dois guardas prisionais e ameaçou um deles de morte, assim como os seus familiares

 

Após a sua viatura pessoal ter sido incendiada, alegadamente por um ex-recluso do Estabelecimento Prisional (EP) de Setúbal, um guarda prisional afirma que também foi, várias vezes, ameaçado de morte. A mesma situação estará a ser vivida por outro guarda prisional deste EP, cuja viatura foi igualmente incendiada na madrugada da passada sexta-feira, ficando totalmente destruída.

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Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) assume que há um sentimento de “insegurança” entre os guardas prisionais, “mas que, de facto, o estacionamento de viaturas particulares não é permitido no interior dos estabelecimentos devido a normas da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais [DGRSP]”.

O dirigente sindical explica que, “apenas no período da noite, durante o qual a vigilância do espaço envolvente aos estabelecimentos é mais difícil de garantir, é permitido aos guardas prisionais estacionarem no interior dos EP”.

Entretanto, até que seja possível provar a autoria dos actos, “a menos que as viaturas estejam protegidas por seguro contra todos os riscos, não é possível ressarcir os lesados, uma vez que as mesmas estavam estacionadas em espaços exteriores ao EPE e, portanto, fora da sua responsabilidade legal”.

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No caso de Joaquim (nome fictício) em Maio, aquando do fogo posto que levou à destruição total da sua viatura, “foi inclusive realizado um movimento nacional para angariação de fundos de modo a que o guarda pudesse adquirir outra viatura até a investigação estar concluída e ser possível imputar responsabilidades”, explica Jorge Alves.

Acto de vingança

Em declarações a O SETUBALENSE, Joaquim afirma que, em Maio passado, o indivíduo alegadamente envolvido na destruição da sua viatura, encontrava-se em liberdade condicional, com pulseira electrónica, “que terá retirado para se puder movimentar livremente sem ser localizado”. E foi durante esse período que esteve à porta da sua casa “acompanhado de cães de raça Pastor Alemão, instigando-os para que o atacassem, assim como aos seus familiares”.

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O indivíduo quereria obter vingança por, durante o período em que esteve detido, Joaquim lhe ter apreendido objectos que não podia ter em sua posse no EP.
Após esta situação a viatura do guarda prisional foi incendiada no exterior da prisão de Setúbal.

Passados quatro meses o quadro de ameaças prossegue, “agora com a viatura particular de outro colega incendiada”, afirma.

Joaquim é guarda prisional há 26 anos, com cerca de 20 anos de actividade no EP de Setúbal e afirma que se sente “em perigo” e “impotente para proteger a família”. Lamenta ainda que, o Corpo da Guarda Prisional “não seja contemplado por subsídio de risco, visto ser uma profissão de risco acrescido”. Por isso afirma que, “se fosse hoje não teria tomado a decisão de concorrer para os serviços prisionais, visto que, para além do terror vivido” ainda tem de “suportar prejuízos”.

O guarda prisional já expôs o caso à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), e foi-lhe indicado que “formalizasse queixa para o caso prosseguir em investigação e conseguir o ressarcimento dos prejuízos”, neste momento avaliados em cerca de 25 mil euros, entre o valor da viatura incendiada e o valor necessário para a aquisição de outra viatura. Solução para a qual contou com a solidariedade dos seus colegas de profissão.

Sobre este caso a DGRSP declarou a O SETUBALENSE que “por se tratar de uma ocorrência que teve lugar na via pública, a investigação está cargo do órgão de polícia criminal competente” e esclarece que “após o encerramento do EP, está autorizado que os trabalhadores estacionem as suas viaturas em espaço reservado no perímetro do estabelecimento”

Família de guarda prisional também estará em risco

Joaquim relatou a O SETUBALENSE que, nos últimos meses, tanto ele como a família, foram ameaçados várias vezes por este indivíduo. E, num desses momentos, a sua esposa “foi mesmo assistida em unidade hospitalar”. O guarda prisional também chegou “a ser esmurrado” e ameaçado de que “um dia destes a sua casa iria ser incendiada com todos lá dentro”.

O alegado suspeito terá ainda comunicado a outro guarda prisional que, um dia, iria “contratar as suas ‘tropas’” e, após retirar a arma a Joaquim, “iria espancá-lo, incendiar o seu carro, colocar produto estupefaciente no jardim da sua casa para o incriminarem, assim como acusá-lo de colocar telemóveis no interior do Estabelecimento Prisional de Setúbal”.

Depois destes acontecimentos, a 20 de Maio, cerca das 5h00 da madrugada, quando Joaquim se encontrava de serviço no EP de Setúbal, o seu carro foi “regado com substância inflamável e foi ateado fogo ficando totalmente destruído”, explica.
Após este acto, no local, Joaquim foi informado pela Polícia de Segurança Pública (PSP) que “havia um mandato de captura para o suspeito, por ter retirado a pulseira electrónica e violado os termos da condicional”.

A captura acabou por ocorrer e agora o indivíduo cumpre pena no EP de Pinheiro da Cruz, mas continua a fazer chegar ameaças a Joaquim.

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