Apesar de ter viabilizado a proposta, PSD tem a mesma posição, ao considerar que poderia ter havido “conversas prévias”
A gestão CDU diz ter recebido “com surpresa” a proposta do Partido Socialista (PS) para a atribuição de Medalhas Honoríficas a oito “filhos da terra” e a uma colectividade sem que tenha havido “consensualização” entre as três forças políticas que compõem a Câmara Municipal de Setúbal.
“A CDU, mesmo com maioria absoluta, sempre concordou em consensualizar, de forma geral. Diria mesmo que o lema do PS, de agir em diálogo, na procura de consensos, caiu por terra nesta proposta”, afirmou o vereador comunista Carlos Rabaçal na reunião pública da passada quarta- -feira.
Para o autarca, e apesar de ser “uma opção e que cada um apresenta as suas propostas”, “corre-se o risco de as votações serem as mais díspares”. “Isso coloca uma dificuldade para as pessoas. Não há coisa mais desagradável que uma pessoa ser proposta por um órgão e metade dizer que sim e metade dizer que não”, considerou. Contudo, e depois de sublinhar que “o vereador Carlos Rabaçal sabe daquilo que tem sido o esforço de consensualização do PS em matérias de gestão corrente e estratégica do município”, Joel Marques (PS) explicou tratar-se de “um tema completamente inverso”.
“Estamos perante aquilo que é uma proposta de reconhecimento de personalidades ou instituições. É uma proposta, tem de ser votada em Câmara, mas pode ser apresentada por qualquer bancada. Da mesma forma que o regulamento não especifica que este tipo de reconhecimento tem de ser atribuído no Dia da Cidade”, justificou o eleito socialista.
A proposta viria a ser aprovada com seis votos a favor e cinco contra, apesar de também a vereadora Sónia Martins (PSD) considerar que “podia ter havido uma consensualização entre forças e algumas conversas prévias, apontando até para o caminho da apresentação de uma proposta única”. “Acho que estas escolhas das personalidades que queremos ver distinguidas no município são importantes, mas o PS entendeu não conversar com as restantes forças políticas. Como normalmente são muito entusiastas da articulação prévia”, atirou.
“Comportamento” do PS foi “indigno e inadequado”
Enquanto isso, o presidente da edilidade, André Martins, classificou o “comportamento” do PS de “indigno e inadequado”, sem que estejam em causa “as pessoas e as colectividades indicadas”. “Este tipo de comportamentos, neste caso do Partido Socialista, é o que nós entendemos como politicamente inadequado.
Naturalmente que nós não estivemos de acordo”, explicou o edil a O SETUBALENSE. Já durante a reunião pública, o autarca frisou que “desde há muitos anos, quando se trata da atribuição das Medalhas Honoríficas a entregar no Dia da Cidade, há uma única proposta que passa pela Câmara Municipal e que reflecte o contributo e as sugestões das várias forças políticas representadas”.
Por considerar que “está em causa a dignidade do próprio órgão da Câmara”, André Martins relembra que pediu “ao chefe de gabinete para contactar o PS e o PSD para haver precisamente uma conversa a este propósito”. “Pedi para que cada um pudesse fazer as suas sugestões. Pensamos que esta atitude não é dignificante nem para o município nem para quem recebe as medalhas. Se for uma proposta conjunta, quando as pessoas recebem a medalha, é dada pela Câmara Municipal, no seu conjunto”, sublinha. Contrariamente, o vereador Fernando José (PS) assegurou que foram “informando nas reuniões de câmara que a proposta iria ser apresentada”. “Assim o fizemos aquando da saudação a Renato Paiva e quando falámos de Ricardo Formosinho. Ficámos a aguardar por um contacto, que nunca existiu”, atacou.
Vão ser agraciados oito “filhos da terra” e uma colectividade centenária
Na reunião pública de quarta- -feira, foi aprovada com seis votos a favor e cinco contra a atribuição de Medalhas Honoríficas a oito “filhos da terra” e a uma colectividade. A Medalha de Honra da Cidade na classe de Desporto vai ser entregue à “velha glória do Vitória FC”, Ricardo Formosinho, assim como “a Paulo Catarino, setubalense de gema e jogador de futebol no activo até aos 50 anos de idade”.
A mesma distinção vai receber Renato Paiva, treinador de futebol que levou o clube equatoriano à vitória, tendo sido depois eleito treinador do ano no Equador, e Sandro Mendes, ex-jogador de futebol e actualmente treinador, reconhecido pela segunda vez pela Câmara de Setúbal. Enquanto isso, Fernando Ferreira, mais conhecido por “Viola”, vai arrecadar a Medalha de Honra da Cidade na classe Associativismo e Sindicalismo.
Já Pedro Lisboa será distinguido na classe de Actividades Culturais pela “sua carreira enquanto intérprete de fado, compositor e autor”. Também Francisco Borba e Fernando Paulino vão receber a Medalha de Honra da Cidade, nas classes Actividades Culturais e Associativismo e Sindicalismo, respectivamente. A colectividade também reconhecida será o Grupo Desportivo Setubalense “Os 13”, à qual vai ser entregue a Medalha de Prata da Cidade “por toda a sua actividade desportiva, cultural e recreativa ao longo de 100 anos”.