33 imagens a preto e branco espelham a tradição vivida nas Festas em Honra de Nossa Senhora do Rosário de Tróia pela lente do fotógrafo Renato Monteiro. Até 20 de Março, no Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal
A preto e branco, pessoas, barcos, festas, tradições e a cultura ligada ao rio, entre Setúbal e Tróia, fazem parte da exposição fotográfica “Festas de Nossa Senhora de Tróia”. Fotografias da autoria de Renato Monteiro, tiradas entre 2003 e 2016, e repartidas agora por três salas do Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal (MAEDS).
A mostra que retrata as festividades populares de Nossa Senhora do Rosário de Tróia foi inaugurada na tarde de sábado no MAEDS, onde fica patente na galeria deste museu até 20 de Março.
Fotografias guardam património imaterial da região
“A fotografia de Renato Monteiro deixa-nos entrar no cerne da acção porque o artista está com os peregrinos, é mais um peregrino, fala a mesma linguagem, movimenta-se ao mesmo ritmo”, começou por apresentar Joaquina Soares, directora do MAEDS e curadora da exposição ao lado de António Marrachinho.
“Uma fotografia a feita por dentro, como se o Renato Monteiro estivesse também ali a divertir-se, a rezar, a apanhar sol, a comer, a fazer tudo o que estas romarias comportam”, continuou Joaquina Soares, explicando que estas festas são o “momento de descanso para a comunidade piscatória, que faz a romaria.
O momento em que podem parar a pesca, as lides e estar a descansar, com as famílias, nesta paisagem maravilhosa que é a caldeira de Tróia”. A directora do MAEDS referiu ainda que estas são imagens “centradas nas pessoas e isso é o mais importante para manter viva a tradição e a cultura popular.
Património imaterial único da nossa região”. Presentes estiveram também o próprio autor, Renato Monteiro, Sofia Martins, secretária-geral da Associação de Municípios da Região de Setúbal, Armando Oliveira, presidente da comissão organizadora das Festas de Nossa Senhora do Rosário de Tróia e os demais intervenientes na exposição.
Fotografia de Renato Monteiro é documental, etnográfica e humana
Sendo António Marrachinho também curador desta exposição, destacou o trabalho desenvolvido pelo fotógrafo “para chegar aos afectos e perto dos pescadores”. Um trabalho em que “as manifestações mais humanas estão espelhadas”, considerando que, além de fazer um relato documental e etnográfico, “Renato Monteiro orienta a câmara fotográfica para o que há no coração português. Onde há sempre mar”.
O autor das fotografias deixou na tarde de sábado o seu agradecimento pela presença da comissão organizadora das Festas de Nossa Senhora do Rosário de Tróia, na À gura do seu presidente, Armando Oliveira, saudou fotógrafos amadores e amigos presentes e agradeceu ao MAEDS “pelo acolhimento e trabalho realizado nesta exposição”.
Renato Monteiro, que guiou todo o momento inaugural, fez ainda questão de referir que António Marrachinho “foi a peça modular desta exposição, porque foi dele a ideia de promover o meu trabalho quando eu já tinha afastado a hipótese de alguma vez torná-lo público” e recordou Roland Barthes e a sua máxima de que os fotógrafos ama dores têm em si o verdadeiro espírito da fotografia.
Antes de o grupo percorrer os corredores das salas do MAEDS houve ainda tempo para ouvir Sara Loureiro que brindou os presentes com a leitura de um excerto da obra “Os Pescadores”, de Raul Brandão, sobre o mar de Setúbal. A mostra fotográfica, organizada pelo Museu de Arqueologia e Etnografia a do Distrito de Setúbal e pela Associação de Municípios da Região de Setúbal, é composta por 33 imagens a preto e branco e mais cerca de 90, projectadas como complemento.
As fotografias, tiradas entre 2003 e 2016, retratam as celebrações religiosas dedicada à padroeira da comunidade piscatória de Setúbal residente nas Fontainhas e Bairro Santos Nicolau e em grande parte originária da Beira Litoral. De acordo com Rui Garcia, presidente da AMRS, “as Festas de Nossa Senhora de Tróia são representadas através de uma abordagem social e humana pouco comuns”. A divulgação deste “evento de cunho marcadamente marítimo” é, ainda nas palavras de Rui Garcia, “uma contribuição para a salvaguarda e valorização do nosso património imaterial, ao qual o MAEDS dedica continuada atenção”.