Familiares, amigos e membros da comunidade educativa homenagearam D. Manuel Martins, através de uma exposição, inauguração de um busto e uma sessão solene que recordou o seu legado social
A manhã de homenagem a D. Manuel Martins, patrono da Escola Secundária D. Manuel Martins, em Setúbal realizada esta quinta-feira, 25, começou com uma exposição interactiva “Quero Que Sejas Tu”, de fotografias, obras e manuscritos de D. Manuel Martins patente na biblioteca do estabelecimento de ensino. Em seguida, procedeu-se à inauguração do busto de D. Manuel Martins, obra da autoria de Amílcar Martins, docente de Artes Visuais, que ficou no átrio da referida escola. No momento do descerrar da placa, Clemência Funenga, directora da escola considerou que “a obra era uma ambição da comunidade educativa e uma forma de perpetrar a memória do bispo de Setúbal, presença sempre amiga e inspiradora”.
A sessão solene contou com a presença de João Costa, secretário de Estado da Educação, Ricardo Oliveira, vereador da Educação, Nuno Costa, presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, D. José Ornelas, actual bispo de Setúbal, Maria Odete Costa, professora aposentada e membro da Pastoral da Família, Constantino Alves, pároco da paróquia de Nossa Senhora da Conceição e António Sousa Duarte, biógrafo de D. Manuel Martins.
A cerimónia de tributo a D. Manuel Martins prosseguiu no auditório da escola, através de um painel de debate intitulado “O Legado Social de D. Manuel Martins, moderado por António Sousa Duarte.
João Costa, secretário de Estado da Educação abriu o painel começando por congratular-se pela comemoração dupla dos 35 anos da Escola Secundária D. Manuel Martins, “uma secundária que não trabalha para os rankings nem para as notas, mas para todos, sem discriminar ou segregar” e também pela homenagem a D. Manuel Martins. De acordo com o membro do executivo de António Costa, o bispo de Setúbal cumpre os requisitos do perfil do aluno, definido pelo Ministério da Educação como “aquele que sabe muitas coisas, mas é capaz de acolher esse conhecimento e pensar crítica e activamente sobre o mundo, relevando-se um cidadão inquieto”.
Já Maria Odete Costa explicou que teve o privilégio de trabalhar com o bispo, na Pastoral da Família, nascendo a partir daí uma relação de amizade. “No D. Manuel encontrei um pastor e um verdadeiro mestre. Ele sabia estar tão próximo da juventude a quem reconhecia o seu valor. O legado social de D. Manuel Martins dá a sua atenção aos jovens, que dizia pertencerem a uma faixa etária ágil, mas muito frágil”.
O pároco Constantino Alves iniciou o seu discurso, relembrando o momento particular e delicado que se vivia quando D. Manuel foi ordenado. O caldeirão revolucionário de 1975, seguido da grande depressão, os salários em atraso, a fome e as lutas sociais atiravam o distrito de Setúbal para as manchetes da comunicação social nacional, europeia e internacional pelas piores razões. De acordo com o primeiro sacerdote ordenado pelo bispo emérito, no que toca ao seu legado, “o mais importante é incorporar em nossas vidas as suas experiências, ensinamentos e os desafios que nos levantou e continua a levantar ainda hoje”. Constantino Alves referiu ainda que “o bispo exercia o carisma da profecia, acolhia trabalhadores, sindicatos e comissão de trabalhadores. Com uma voz forte anunciava a fome e a injustiça e exploração dos trabalhadores. Não tinha uma linguagem politicamente correcta, embora dialogasse educadamente com as autarquias e com o poder”, acrescentou.
Por fim, Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa disse que “nasceu de novo” ao conhecer D. Manuel, porque “a visão que tinha do meu compromisso cristão era muito normativa, intimista e não só pela palavra, mas pelas suas atitudes, percebi o que era ser cristão, que é muito mais exigente que ser católico”.