Ramiro Sousa, director da Escola D. João II acredita no ensino voltado para o “ser europeu, mas do ser apenas português”. E foi este objectivo que a escola recordou o seu patrono, rei impulsionador dos Descobrimentos
A apresentação do novo Museu da Escola D. João II e os trinta e seis anos desta instituição no ensino em Setúbal foram o mote para a organização do Dia da Escola, celebrado a 3 de Maio.
Um evento lançado pela primeira vez com o objectivo de “dar mais identidade à escola, para que os alunos se identifiquem cada vez mais com a instituição”, revela Joseph Rodrigues, um dos responsáveis pelo novo museu e pelo projecto que visa recordar quem foi D. João II e qual a sua ligação a Setúbal
Para o professor, o Dia da Escola representa também “um forte impulso sobre conhecer o nosso passado, não só enquanto instituição de ensino, mas também o nosso passado enquanto portugueses. Conhecer o nosso papel naquela que foi a aventura dos Descobrimentos, recordando a vida de D. João II no 524º aniversário do seu nascimento”.
Para o próximo ano, Joseph Rodrigues confirma que a celebração do Dia da Escola irá manter-se e já existe um novo tema, sempre relacionado com a história do patrono da escola. “Depois de algumas mensagens trocadas decidimos algo em torno de ‘D. João II o mundo e a cultura’”.
“Os alunos devem ser preparados para o mundo”
Para Ramiro Sousa, director da Escola D. João II, esta instituição destaca-se de outras através da “vontade de trazer o mundo aos seus alunos e levar os alunos para o mundo. Do mesmo modo que D. João II também quis levar os portugueses ao mundo, através dos Descobrimentos”.
Se os alunos conhecem quem foi este patrono da escola, o director admite que “muitos provavelmente não”. Um desconhecimento que Ramiro Sousa aponta “à população em geral”. É neste contexto que, a concepção de um Dia da Escola contribui para “novas formas de transmitir conhecimento, através da aprendizagem informal”. Um desafio que Ramiro Sousa apresenta como, “parte integrante da escola D. João II, com um trabalho voltado para a aprendizagem e ligação professor-aluno, mais do que para rankings”. E com o objectivo de desenvolver competências e “criar cidadãos para o mundo”.
Enquanto professor, Ramiro Sousa acredita num ensino que forma pessoas não apenas para viver a realidade do seu país, mas da Europa e do mundo. “Já não podemos pensar apenas em Portugal, como único espaço possível para a nossa vivência. Somos cada vez mais europeus, do que simplesmente portugueses, espanhóis, ou franceses. E é para esse modo de vida que temos que educar os nossos jovens”.
Nesta abordagem do “ser europeu”, Ramiro Sousa inclui o programa de intercâmbio European School Network, que impulsiona os alunos a conheceram diferentes realidades e culturas. “Recebemos alunos de diferentes países. E os nossos alunos fazem também intercâmbio em diferentes escolas da Europa. Esta troca de conhecimento permite a prática de uma ou mais línguas estrangeiras. Assim como estabelecer relações para o futuro a nível pessoal, académico ou profissional”.
Autarca e ex-aluno recorda escola inovadora
Também para Nuno Costa, presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião e ex-aluno da D. João II, esta é “uma escola modelo”.
Prova dessa referência, para o autarca “é o facto de, hoje, todos os jovens quererem frequentar esta escola, não só pelas condições extraordinárias que o edifício oferece mas, sobretudo, pela qualidade do ensino e pela dinâmica entre professores e alunos, que incentiva ao conhecimento do mundo”.
E quem foi D. João II?
Os alunos da Escola D. João II aproveitaram o Dia da Escola e dia da celebração do aniversário deste impulsionador dos descobrimentos portugueses, para conhecer quem é o seu patrono.
Em entrevista a O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO muitos não souberam responder quem foi D. João II na história de Portugal, alguns arriscaram que “foi um rei” ou que “participou nos Descobrimentos”.
Apelidado de “o Príncipe Perfeito”, D. João II foi rei de Portugal e dos Algarves em dois períodos diferentes. Primeiro durante quatro dias em Novembro de 1477 e depois desde 1481 até sua morte, em 1495.
- João II foi um defensor da expansão marítima através dos Descobrimentos e deu grande prioridade à procura pelo caminho marítimo para a Índia.
Em 1494, negociou o Tratado de Tordesilhas com os reis católicos. O acordo diplomático e económico que viria a dividir o mundo em dois, entre o espaço marítimo a explorar por portugueses e espanhóis foi assinado em Setúbal, no Convento de Jesus. Esta foi a época em que D. João II pensava eleger a cidade do Sado como capital do reino.
Fotografia Alex Gaspar