Em ano e meio urgências de obstetrícia da Península de Setúbal funcionaram menos de metade do tempo

Em ano e meio urgências de obstetrícia da Península de Setúbal funcionaram menos de metade do tempo

Em ano e meio urgências de obstetrícia da Península de Setúbal funcionaram menos de metade do tempo

Relatório da IGAS revela que serviço do Hospital de São Bernardo esteve encerrado 371 dias durante este período

As três urgências de obstetrícia da Península de Setúbal tiveram os serviços de urgência mais de metade do tempo fechados para as grávidas que ali chegavam. Os dados estão num relatório da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que a CNN Portugal divulgou, onde se consta que ao longo de 547 dias, entre janeiro de 2024 e junho de 2025, o serviço do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, esteve fechado 371 dias, no Barreiro ficou 324 dias e no Garcia de Orta, em Almada, fechou portas em 296 dias.

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Este relatório avaliou a capacidade das urgências de obstetrícia na Península de Setúbal, sendo que, segundo o documento, o principal problema é a falta de especialistas em obstetrícia nos três estabelecimentos de saúde. Em Setúbal, dos 11 especialistas que ali trabalham só três têm menos de 50 anos e, por isso, fazem todo o tipo de urgências. No Barreiro, dos 9 que fazem urgências há 4 que têm mais de 59 anos e que realizam “bancos” sem qualquer obrigação. Já o Garcia de Orta está dependente dos internos para conseguir ter escalas.

De acordo com a lei, a partir dos 50 anos os médicos estão livres de fazer bancos noturnos e após os 55 podem não fazer quer de noite quer de dia. Em comparação entre os primeiros seis meses de 2024 e 2025, o relatório aponta que em Setúbal, o aumento de dias de fecho foi de 102 para 148 dias, no Barreiro de 98 subiu para 112, e no Garcia de Orta passou de 62 dias para 89,5 o número de dias sem funcionar. 

De resto, os números de dias em que as urgências de obstetrícia estiveram fechadas ao público, isto é, às grávidas que ali se deslocavam, são reveladores do problema, uma vez que em 2024, o Garcia de Orta fechou 207 dias, Setúbal 223 e o Barreiro 212.

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Quanto aos primeiros seis meses de 2025, o Garcia de Orta encerrou 89,5 dias, Barreiro 112 e Setúbal 148. No Hospital de São Bernardo, em muitos destes dias estava a funcionar só para encaminhamento de grávidas pelo CODU, mas sem a porta aberta.  

Estes três hospitais têm um modelo de rotatividade de funcionamento das urgências de Obstetrícia, mas, segundo o relatório, muitas vezes nenhuma delas consegue abrir por não ter o número de profissionais exigidos pela Ordem dos Médicos. Nesse sentido, em alguns dias, os encerramentos dos hospitais foram coincidentes, algo que levou a que na Península de Setúbal não houvesse qualquer urgência de obstetrícia a funcionar. O alerta parte da IGAS que avaliou de forma detalhada um período entre 13 de abril e 4 de maio de 2025.

De acordo com os dados revelados pela CNN Portugal, nessa análise a IGAS detetou que em três dos 22 dias analisados toda a região ficou sem qualquer urgência de obstetrícia e ginecologia, uma vez que a 20, 25 e 26 de abril nenhum hospital abriu o respetivo serviço de urgência. Segundo a notícia, os hospitais da Península de Setúbal já tiveram, entretanto, conhecimento do resultados da análise da IGAS. 

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Envelhecimento dos profissionais em Setúbal preocupa

A falta de médicos, juntamente com a idade dos que trabalham nestes hospitais, são apontadas como as causas de um grave problema. De acordo com o relatório, no Hospital de São Bernardo há 11 médicos e cinco internos, mas, dos especialistas, quatro têm entre 50 e 60 anos e outros quatro mais de 60. Tendo em conta esta situação, a IGAS deixa o alerta para o “vazio geracional preocupante”.  Ainda assim, são precisamente alguns destes médicos com mais de 50 anos que têm garantido a abertura de portas das urgências, uma vez que quatro deles, com 59, 61, 63 e 65 anos, aceitam fazer bancos de urgência, embora o possam recusar por lei, sendo graças a estes profissionais que o hospital conta com nove médicos para as escalas.  

Devido a esta falta de obstetras verificou-se que no período entre 13 de abril e 4 de maio apenas em dois dias a urgência estivesse a funcionar em pleno. Ao longo de 15 dias também só recebeu utentes encaminhadas pelo CODU, mas não podia atender as grávidas que ali fossem pelo seu pé. Tal situação sucedeu na grande maioria dos dias do primeiro semestre deste ano, em que esteve com as portas fechadas.

Ainda assim, no meio do ‘caos’, os inspetores da IGAS deixam um elogio à forma como no Hospital de São Bernardo foi feito o planeamento dos dias de férias de alguns médicos no período que incluiu o 25 de abril e 1 de maio deste ano. De acordo com a IGAS, apesar de haver dias em que um terço dos médicos estavam a gozar férias, este cenário não comprometeu a assistência médica, uma vez que houve sempre um planeamento e facilidade de ajustes de turnos entre profissionais.

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