7 Julho 2024, Domingo

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Direcção do Juventude Azeitonense acusada de não utilizar apoio da Câmara na ida de atleta à Taça do Mundo

Direcção do Juventude Azeitonense acusada de não utilizar apoio da Câmara na ida de atleta à Taça do Mundo

Direcção do Juventude Azeitonense acusada de não utilizar apoio da Câmara na ida de atleta à Taça do Mundo

Mãe do jovem Micael Santos garante que valor “nunca chegou ao seu destino”. Presidente do clube diz que afirmação “é falsa e caluniosa”

 

A 7 de Setembro de 2022, a Câmara de Setúbal aprovou a atribuição de um apoio financeiro no valor de 1 029 euros à Associação Cultural e Desportiva Juventude Azeitonense para ajudar a suportar a deslocação do atleta Micael Santos à Taça do Mundo de Patinagem Artística, realizada em Gottingen, na Alemanha, de 8 a 12 de Agosto último.

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No entanto, a direcção do clube é acusada de não utilizar o montante aprovado para esta finalidade. A mãe do atleta – assim como outras fontes ligadas ao clube – disse a O SETUBALENSE que “o dinheiro nunca chegou ao seu destino”. “Nunca pagaram este valor. Nós é que conseguimos. Andámos de pai em pai e também pagámos nós. O dinheiro que a Câmara deu para ele [Micael Santos] nunca chegou ao seu destino”, garantiu Irina Hutik.

Questionado por O SETUBALENSE, Jorge Lourenço, presidente da direcção do clube, referiu que a “afirmação colocada é falsa e caluniosa”, revelando que “o Juventude Azeitonense já prestou os devidos esclarecimentos à Câmara Municipal, quando instado nesse sentido, apresentando comprovativos da utilização desta verba”.

“O atleta e o treinador não tiveram qualquer custo com a participação na Taça do Mundo. O clube [está] a encetar diligências junto dos seus advogados para que os seus autores sejam responsabilizados em sede própria pelos danos causados ao clube e individualmente às pessoas visadas”, explicou.

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De acordo com Jorge Lourenço, “o clube, quando questionou a ex-directora de patinagem sobre as despesas das deslocações, informou que o clube tinha suportado os custos com um hotel para o animal de estimação do treinador durante a sua ausência na Taça do Mundo”.

A O SETUBALENSE, fonte próxima da ex-directora de patinagem – que rejeita a atribuição desse cargo e revela ter desempenhado funções como seccionista – negou as afirmações, explicando que foi a seccionista quem adiantou o dinheiro para a deslocação do atleta e que os valores associados ao voo, à estadia e ao aluguer do carro foram conseguidos através de donativos de particulares e empresas. O SETUBALENSE teve acesso a diversos documentos que comprovam as transferências dos donativos para o atleta Micael Santos.

Decisões da direcção resultam em dezenas de atletas sem clube

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Na passada época, várias foram as decisões da direcção do Juventude Azeitonense que “revoltaram os pais” e que levam a que dezenas de atletas estejam sem clube e inscritos na Federação de Patinagem de Portugal como independentes.

A dispensa do treinador principal, Pedro Guerreiro, “sem qualquer explicação” foi a ‘gota de água’ apontada a O SETUBALENSE pelos pais para a saída dos atletas do clube. Actualmente, são mais de 40 os atletas que quiseram continuar a treinar com Pedro Guerreiro, com os treinos a realizarem-se em Almada e em Sintra.

No entanto, de acordo com Pedro Guerreiro, que treinava no Juventude Azeitonense há 26 anos, “estas soluções não são a solução para estes atletas”, sendo que, além dos jovens que continuam a treinar consigo, houve “muitos atletas que acabaram por desistir e outros que foram para outros clubes”.

“Estou bastante magoado com esta situação. Tentei sempre cumprir com as minhas obrigações enquanto treinador. É o clube que eu dei mais tempo de treinos. Não achava que numa época com tanto sucesso fosse a forma e a altura de me dispensarem”, disse.

Sobre qual a justificação que lhe foi dada para ter sido dispensado, diz ter sido “quebra de lealdade por não concordar com algumas decisões que a direcção estava a tomar relativamente ao percurso e à carreira dos atletas”.

Já os outros dois treinadores “foram contactados para saber se queriam continuar”. “Eles, por lealdade e porque formamos uma equipa, não aceitaram”, explicou.

“Nós tivemos uma época de 2022 de muito sucesso. O Juventude Azeitonense nunca tinha tido dois atletas internacionais. O Juventude Azeitonense teve um atleta no pódio de um campeonato nacional e teve dois atletas no topo do ranking nacional individual, uma atleta em júnior e uma atleta em juvenis. O Juventude Azeitonense nunca teve tantos atletas em actividade, com muito sucesso nos torneios onde fomos fazendo a época”, sublinhou.

“Foi quando começámos a projectar 2023 que surgiram situações de diferença de opinião, mas nunca nada que fizesse crer que o rumo fosse esta rotura”, acrescentou.

Contrariamente, o presidente da direcção do clube disse a O SETUBALENSE que “a época de 2022 não foi um sucesso, sendo verdade que havia possibilidade de o ser, mas infelizmente os objectivos não foram alcançados”.

“De referir que o final da época desportiva é a altura ideal para proceder a este tipo de renovações, tentando sempre minimizar um impacto negativo que daí possa advir para os atletas e para o clube”, sublinhou, revelando que “os outros dois treinadores foram convidados a ficar” e que “a direcção contava com eles”.

Além do “aumento da mensalidade a meio da época”, quando esta já tinha subido de valor no início do ano, e a “redução de horas de patinagem” por semana, “de seis para cinco treinos semanais”, é também apontada pelos pais a exigência, por parte da direcção, do “pagamento completo das mensalidades” quando o pavilhão esteve fechado para a substituição do piso nos últimos 15 dias de Julho e nos primeiros 15 dias de Agosto.

“A maioria dos pais revoltou-se. Só pagou metade das mensalidades, o que levou a direcção em Setembro a dizer que se não fizessem o pagamento na íntegra que consideravam em falta e os atletas não eram inscritos em provas nem em torneios”, revelou um dos pais.

Enquanto isso, Jorge Lourenço explica que “estas obras, devido à sua dimensão, levaram a inevitáveis interrupções nos treinos, tendo sido solicitado a todos os atletas que pagassem as suas mensalidades, de igual forma”. “92% acederam a esta solicitação da direcção e pagaram, pois só assim foi possível à associação concretizar esta melhoria para o clube e, por inerência, para todos os seus sócios e atletas”.

Contudo, ao que O SETUBALENSE apurou, os pais sentiram-se “coagidos” a proceder ao pagamento destas mensalidades “para não prejudicarem a época dos atletas”.

Sobre os treinos semanais, o presidente da direcção do clube garante que “é falso que alguma vez se tenha reduzido horas”. “O que se fez foi garantir que não existissem treinos privados/particulares dentro da associação, alguns deles à revelia da direcção”.

Os pais, que afirmam que a direcção defende que a secção de patinagem artística “dá prejuízo” ao clube, explicam ainda que houve “uma tentativa de se fazerem alguns eventos para angariar dinheiro para ajudar os atletas da competição”, mas que foram informados de que o valor “não seria para a modalidade, mas para o clube”. “Achámos que não era justo”, dizem.

Já Jorge Lourenço, que refere que “todas as verbas são geridas pela direcção, e incluídas nas contas do clube, as quais são fiscalizadas pelo conselho fiscal e aprovadas em assembleia geral”, garantiu que “as verbas obtidas por eventos promovidos pelas modalidades poderão ficar cativas para um fim específico dessa modalidade, mas essa tem de ser uma decisão da direcção, não de um treinador ou de uma secção”.

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