Projecto autónomo realiza sessões para desmistificar conceitos e informar os mais jovens
Beatriz Ferreira Santos e Francisco Cordeiro de Araújo tinham um objectivo: levar literacia política aos estudantes. Surgiu assim o “Democracia nas Escolas”, em 2020, uma iniciativa que nasceu em Setúbal mas já se estendeu por outros sete distritos, com o intuito de se expandir ainda mais.
“É um projecto de literacia política e cívica onde vamos às escolas explicar um bocadinho o funcionamento da nossa democracia, explicando, por exemplo, como é que funcionam os órgãos de soberania, como é que eles interagem entre si, explicando também, para lá do voto, que outros mecanismos consagrados na lei é que existem para as pessoas poderem participar – por exemplo, referendos locais, iniciativas legislativas de cidadãos. Depois também temos outra componente sobre as instituições europeias porque não podemos falar de política portuguesa sem falarmos também da europeia”, explicou a coordenadora Beatriz Ferreira Santos a O SETUBALENSE.
Desmistificar conceitos, aproximar os jovens da política e da democracia para que estes sejam, no futuro, cidadãos mais informados e conscientes. No fundo, a proposta é combater a elevada abstenção que se tem feito – cada vez mais – sentir.
“Muitas vezes, os jovens têm dificuldade em perceber os conceitos. Onde é que podem encontrar os conceitos políticos para compreender as notícias. O que fazemos é, desconstruindo esses conceitos, tentamos dar-lhes algumas fontes que eles vão investigar por si, portanto, plantamos ali a curiosidade da política nas nossas sessões”.
No passado ano lectivo (2022/2023) os debates tiveram algumas passagens por escolas da região. Na Escola Secundária Sebastião da Gama, em Setúbal, realizou-se uma sessão no 8.º ano, três sessões de 11.º ano. e, duas sessões de 12.º ano, já na Escola Primária da Azeda, uma sessão no 3.º ano.
Na Escola Secundária de Palmela, em Palmela, decorreram duas sessões no 10.º ano; quatro sessões no 11.º ano e uma sessão no 12.º ano. Em Sesimbra, na Escola Secundária de Sampaio, contaram-se duas sessões no 12.º ano.
A equipa é composta por “voluntários” do “projecto sem fins lucrativos e independente”. São estas as pessoas que, anualmente, vão ao encontro dos estudantes em três momentos distintos na abordagem de temas como o “funcionamento da democracia em sentido mais geral”, os “mecanismos de participação cívica”, e por último, as “instituições europeias”. Questões que vão também sendo adaptadas.
“Agora no ano que vem vão ser as eleições europeias e já temos vários pedidos de escolas para uma sessão exclusivamente dedicada à parte de instituições europeias. Tal como na altura das autárquicas direccionarmos mais nesse sentido”.
A adesão tem sido muita, e de ano para ano as parcerias têm sido renovadas, principalmente na cidade sadina. “Setúbal é onde nós temos maior presença e todas as escolas, todos os anos, querem renovar a nossa presença”.
Esta é uma actividade desenvolvida pela associação “Os 230”, uma iniciativa digital cujo desígnio passa por aproximar “os cidadãos dos seus representantes políticos”. “A ideia
principal passou por entrevistámos os 230 deputados – essa é a base do nosso nome e é essa a base do nosso projecto. Temos várias entrevistas de 30 minutos, mais descontraídas, para percebermos também como é o dia-a-dia de um deputado, como é que eles entraram na política, para também conseguirmos estar mais próximos e sabermos quem são os nossos representantes políticos”.