19 Maio 2024, Domingo

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Confinamento obrigou escolas e pais a adaptarem apoio a alunos com necessidades educativas especiais

Confinamento obrigou escolas e pais a adaptarem apoio a alunos com necessidades educativas especiais

Confinamento obrigou escolas e pais a adaptarem apoio a alunos com necessidades educativas especiais

Os alunos com dificuldades especiais de aprendizagem foram dos que mais se ressentiram com as aulas síncronas, é o que dizem professores e psicólogos

 

As aulas à distância, para além de terem vindo reduzir em muito a interacção entre alunos e professores, obrigaram os encarregados de educação dos mais jovens a um acompanhamento e supervisão superiores da aquisição de conhecimentos, a qual seria feita nas escolas.

A situação é mais grave quando se trata de alunos que, por diversas razões, apresentam maior dificuldade na aprendizagem de conteúdos, e que por isso necessitam de medidas de educação inclusivas e diferenciadas. Uns mantiveram-se em aulas presenciais, mas outros por opção dos pais receberam aulas em casa também através de meios informáticos,

O acompanhamento destes alunos é, em situação normal, feito por uma EMAI – Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva – onde se destacam o professor de Ensino Especial e o psicólogo escolar, que ajudam o aluno a desenvolver determinado tipo de competências, de acordo com as particularidades de cada jovem: de forma resumida, o psicólogo actua muitas vezes como consultor, intervindo maioritariamente quando as questões são do foro emocional e psicológico, e o professor acaba por trabalhar a atenção, a concentração e a leitura de palavras e imagens.

Este trabalho conjunto, que apareceu como novidade há relativamente pouco tempo, sofreu com as restrições impostas pelo primeiro e segundo confinamento e, embora tenha havido uma adaptação das partes envolvidas, alguns encarregados de educação interrogaram-se pela falta de empenho dos profissionais durante esta época.

Fernando Afonso, professor de Educação Especial na Escola Secundária du Bocage, assegura que a equipa multidisciplinar continuou a dar apoio a todos os alunos que necessitam, o que já acontecia antes do confinamento. Acrescenta que, de acordo com o que está estabelecido pelo despacho do Ministério da Educação, os alunos com mais problemas e que têm, portanto, currículos diferentes dos outros alunos, tiveram apoio presencial.

Com alunos com Síndrome de Asperger, por exemplo, cujo obstáculo à aprendizagem é, acima de tudo, a dificuldade na interpretação de situações dúbias, não há a necessidade de trabalhar directamente, afirma Fernando Afonso, dado que o seu acompanhamento passa muito pela realização de “alguns tipos de charadas, com questões de interpretação um bocadinho dúbia, que levam o aluno a ter que realizar um trabalho de compreensão”.

No caso de alunos cujo problema é a motricidade fina, pelo contrário, considera ser impossível trabalhar à distância, devida a necessidade da utilização, para o efeito, de certos materiais que apenas a escola possui.

Por sua vez, Cláudia Galambas, psicóloga na escola há seis anos, considera que a situação imposta pelo primeiro confinamento, consequência do Estado de Emergência decretado em Março de 2020, impôs grandes obstáculos ao seu trabalho, resultantes, principalmente, do processo de adaptação dos alunos a esta nova realidade. Embora durante todo este ano tenha havido a familiarização com as videoconferências, a técnica de saúde afirma que “muitos alunos preferem o ensino presencial, e por isso desconectam-se um bocadinho mais. Não se envolvem tanto, ou tenho que os chamar para as sessões”. As dificuldades prendem-se ainda com a necessidade sentida pelos alunos de terem o seu espaço pessoal e, entretanto, passaram para uma situação de partilha do mesmo com outros elementos da família. “Claro que não se sentem tão à vontade, se calhar não vão falar de algumas coisas porque os pais ou irmãos estão ali a ouvir”, partilha a psicóloga. No entanto, considera que “para alguns alunos, as mudanças têm mais interferência do que para outros” e, com o objetivo de proporcionar a todos o melhor acompanhamento possível, desloca-se à escola sempre que necessário.

Acima de tudo, afirma que com todas as alterações no ensino decorrentes da pandemia, é ainda mais importante o apoio de quem vive com o aluno, tenha ele necessidades educativas especiais ou não. Este apoio traduz-se em coisas muito simples como “ir perguntando como é que eles se sentem, proporcionar um ambiente calmo, ter um espaço físico onde eles possam ter algum momento a sós, ou confidencial, e ter uma comunicação o máximo tranquilo possível, e de confiança, para que se as coisas não correrem tão bem, saberem que podem contar com a família”.

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