Ainda não e sabe qual o futuro do terreno da Central Termoeléctrica de Setúbal, mas o presidente da Junta de Freguesia do Sado alerta para que não receba industria poluente
As duas chaminés da Central Termoeléctrica de Setúbal, com 200 metros de altura, deverão ser derrubadas no início de Fevereiro. O presidente da Junta de Freguesia do Sado, Manuel Véstias, ainda não tem data confirmada pela EDP Produção, mas afirma que a empresa e a autarquia estão em perfeita sintonia sobre a preparação desta delicada operação.
Com o abate destas estruturas, de alguma forma icónicas na cidade do Sado, fica por se saber qual o destino a dar ao terreno da central, pertença da EDP Produção. Manuel Véstias diz que a autarquia não tem informação sobre este futuro, mas espera que o espaço “venha a ter um bom uso com actividades não poluentes e também não sonoras”.
Apesar de afirmar que a empresa produtora de energia sempre teve boa disponibilidade para atender a queixas da comunidade local quanto à poluição emanada pela central, chegando mesmo a colocar filtros para reduzir as emissões, Manuel Véstias lembra que “frequentemente carros, telhados e roupas em estendal ficavam cobertos de cinzas”, inclusive, refere que a fabrica da Renault, que esteve instalada na freguesia, “chegou a ter problemas” com estas emissões.
Com a desactivação da central em 2011, este problema de poluição terminou e, diz o autarca, não ficaram vestígios. Aliás, para o presidente da Junta de Freguesia do Sado é importante que a qualidade ambiental nesta localidade, essencialmente rural, seja mantida, apesar das unidades industriais ali instaladas. Por isso reafirmar o desejo de que o terreno a ficar vago não receba actividade poluente.
Quanto ao processo de demolição, avança que o mesmo começou logo em 2012 com o desenvolvimento de um plano para a descontaminação de óleos, equipamentos e águas, assim como desmontagens, isto ao mesmo tempo que foram montadas equipas de segurança para prevenção de roubos de sobrantes.
Passados nove anos da paragem da produção, a central está agora pronta para ser demolida, uma operação que o autarca acredita ser do conhecimento da Agência Portuguesa do Ambiente. O que sabe é que a mesma vai envolver forças de segurança – GNR e Polícia Marítima – e Protecção Civil de Setúbal.
“Vão ser encerradas vias e interditado um perímetro no Sado, onde não poderá haver embarcações”, diz o autarca, que adianta que a demolição será feita com explosivos, daí estarem a ser preparadas várias medidas de segurança. “Para além das poeiras com a derrocada das chaminés, poderão existir estilhaços”, comenta.
Depois do abate das duas chaminés, o solo será analisado e descontaminado no que for necessário, isto num trabalho que irá decorrer durante o ano.
Sete operários morrem em queda de elevador
Construída em 1979, a Central Termoeléctrica de Setúbal foi palco de alguns acidentes, pelo menos um deles ainda durante a sua edificação, mas o de maior escala envolveu a morte de sete operários e aconteceu a 16 de Outubro de 1994.
Estes operários da Lismontagens estavam a limpar uma das chaminés da Central, montados num elevador colocado a 118 metros do solo, que eles mesmo operavam, o qual se despenhou matando de imediato os sete operários.