A candidata independente, apoiada pelo PSD e CDS, ultrapassou o PS e prometeu priorizar transparência, participação cidadã e dinamização do município
Depois de uma ausência de quatro anos, Maria das Dores Meira regressa à Câmara Municipal de Setúbal, com o objetivo de “romper com a má gestão e a estagnação que asfixiava Setúbal há quatro anos”. A candidata independente, apoiada pelo PSD e CDS, destronou André Martins, venceu ao PS por uma margem curta e viu o Chega a crescer exponencialmente no concelho setubalense. Numa vitória ‘curta’ frente aos socialistas, a líder do movimento Setúbal de Volta ficou com a maioria relativa, podendo vir a ter uma tarefa complicada na gestão do município setubalense.
Dores Meira venceu a presidência da autarquia com 16 654 votos, o que representa 29,91% da votação, percentagem que se traduz na eleição de quatro vereadores, menos dois do que tinha alcançado em 2017, na altura enquanto candidata da CDU. Os elementos que vão integrar o executivo camarário pelo movimento independente, além da cabeça-de-lista Maria das Dores Meira, são Paulo Maia como vice-presidente, Maria do Carmo e Bruno Russo.
Com a maioria relativa alcançada neste domingo, Dores Meira precisará de outro partido para alcançar a maioria absoluta nas decisões autárquicas. Tendo em conta os conhecidos confrontos existentes com o PS e com a CDU, o único cenário possível de um acordo será com o Chega, que tem dois eleitos.
Contactada por O SETUBALENSE, a candidatura independente afirmou que este é o momento de “saborear a vitória” e remete as decisões sobre o futuro executivo camarário e possíveis negociações mais para a frente.
Já o Partido Socialista conseguiu reforçar o número de eleitores, mas não foi suficiente para crescer em mandatos, mantendo os mesmos quatro que havia elegido em 2021. Nestas eleições os socialistas obtiveram 15 186 votos (27,48%), mais 2 870 do que nas últimas autárquicas. Desta forma o PS apresenta na sua equipa Fernando José, Joel Marques, Patrícia Paz e Ana José Carvalho.
Quem desapareceu da vereação foi o Partido Social Democrata (PSD), que depois de em 2021 ter visto duplicado o número de assentos na vereação de um para dois, ao passar de 4 910 votos, alcançados em 2017, para 7 377 votos (16,57%), fica sem representação, por não ter apresentado candidatura própria.
Um dos grandes resultados alcançados nesta noite eleitoral foi do partido Chega, que foi de não ter presença para eleger dois vereadores. Depois de em 2021 ter alcançado 5,88 %, o equivalente a 2.619 votos, a candidatura de António Cachaço alcançou os 18,07% (9.983 votos) e conseguiu dois mandatos.
A grande queda da noite foi a da CDU, que passou de uma maioria relativa (34,40%), com cinco mandatos, para ter apenas um eleito (11,43%).
Novo executivo quer “romper com estagnação que asfixiava Setúbal”
No discurso de vitória, proferido perante apoiantes, Dores Meira afirmou que “a cidadania falou e escolheu romper com a má gestão e a estagnação que asfixiava Setúbal há quatro anos”, garantindo que o novo executivo vai “trazer de volta a dinâmica de desenvolvimento” e governar “sem amarras ideológicas”.
A líder do movimento independente frisou ainda que pretende contar “com todos”, partidos, movimentos e cidadãos, na construção do futuro do concelho. “Faremos a governação mais clara, transparente e inclusiva que este município alguma vez viu. Todos terão de fazer parte da solução”, declarou.
Dores Meira destacou que as principais prioridades do mandato são limpeza e higiene urbana, segurança, habitação, saúde e educação. “As melhores ideias contam, e esse será o espírito da governação”, afirmou.
A autarca agradeceu aos candidatos às Juntas de Freguesia e aos partidos que apoiaram a candidatura, nomeadamente PSD e CDS, que considerou terem reconhecido “uma verdadeira expressão de cidadania capaz de representar a sociedade civil”.
A nova presidente da Câmara de Setúbal não deixou de recordar as dificuldades enfrentadas durante a campanha, marcada, segundo disse, por “calúnias, ameaças e desinformação”. “O cerco que nos fizeram foi longo, mas resistimos. E aqui estamos nós, vitoriosos”, declarou.
Encerrando o discurso, Dores Meira comprometeu-se com uma gestão de “boas práticas e escrutínio”, assegurando que “mais nenhuma pessoa em Setúbal verá a sua honra colocada em causa pela cobardia política”.