Conhecido como Tio Bubu nas redes sociais, arguido tinha esquema onde drogava engates para depois os roubar
Bruno Pereira, 33 anos, conhecido pela alcunha de Tio Bubu, formulou um esquema para drogar engates gay com GHB, a droga da violação, para os roubar sem que dessem por isso, mas deu demasiada droga a uma das vítimas que viria a agonizar até à morte, trancado no quarto da casa de Bruno, em Setúbal, enquanto este ia às compras com o cartão bancário. O arguido está agora acusado de homicídio qualificado e roubo agravado.
O crime aconteceu no dia 13 de Fevereiro e Bruno deixou o corpo da vítima no patamar do prédio durante a madrugada de 14, tirando-lhe os ténis. Foi preso no dia 14 pela PJ que encontrou em sua casa os ténis da vítima.
De acordo com a acusação do Ministério Público, Bruno engendrou um esquema para satisfazer o vício da droga, visto que não tinha trabalho e vivia com a mãe, que o suportava, mas não lhe dava dinheiro para a droga. Ao longo de pelo menos um ano, Bruno levava para a sua casa, na Travessa da Saboaria, homens que engatava numa plataforma electrónica. Drogava-os com GHB levando a que perdessem os sentidos e tomava acesso às suas contas electrónicas, roubando-os.
No dia 13 de Fevereiro, convidou para a sua casa um homem que drogou com GHB em excesso, o que o viria a provocar a morte por a vítima tomar também medicamentos antidepressivos, uma mistura que se revelou fatal. Os dois estavam no quarto da mãe de Bruno e o arguido viu que a vítima estava a espumar-se pela boca. O MP descreve que Bruno pegou no cartão bancário da vítima e ignorou o estado desta, trancando a porta para que a sua mãe, com quem Bruno vivia, não o encontrasse quando chegasse a casa nem lhe pudesse prestar auxílio. A mãe não usava o quarto, dormia na sala e assim Bruno estava descansado.
Enquanto a vítima agonizava até à morte, Bruno deslocou-se ao Alegro para tentar levantar dinheiro e fazer compras com o cartão da vítima. Queria aparelhos electrónicos que pudesse mais tarde trocar por droga, mas o código pin do cartão estava errado e não concretizou o plano. Bruno regressou a casa, entrou no quarto e viu que a vítima estava sem vida.
Com o corpo no quarto, Bruno decidiu que se ia desfazer do cadáver durante a madrugada, quando a mãe dormisse. Fê-lo perto das 3 horas, deixando o corpo no vão de escadas a poucos metros da porta. Retirou-lhe os ténis, para trocar mais tarde por droga, o que viria a ser um erro que conduziu à sua detenção.
Bruno foi realizar lives no Instagram, uma das formas que tinha de fazer dinheiro, até às 7 horas, quando um agente da PSP lhe bateu à porta, perguntando se conhecia a pessoa que estava morta no hall. Negou, mas viria a ser detido mais tarde pela PJ de Setúbal.
Os inspectores da PJ de Setúbal recolheram informação de que a vítima foi na tarde anterior para aquela casa e que lá morava um individuo referenciado por consumo de estupefacientes. Na mesma tarde e na posse de um mandato, entraram na sua casa e encontraram os ténis da vítima. Bruno viria a confessar ter dado uma overdose de droga à vítima e foi detido.
Roubou 1900 euros a vítima que drogou um ano antes
A investigação chegou a uma das anteriores vítimas de Bruno. Um homem queixa-se de ter sido drogado com a droga da violação, GHB, por Bruno na sua casa para onde foi ter um encontro romântico, em Março de 2023. Com a vítima inconsciente, Bruno acedeu ao MBWAY da vítima com o polegar desta e transferiu 1900 euros para a sua conta. Na conta do cartão de crédito, tentou nova transferência de quase 7 mil euros para a conta da vítima que iria transferir para sua, mas a transferência não foi imediata e não a concretizou. Na manhã seguinte, a vítima acordou, foi expulsa da casa de Bruno e verificou que tinha sido roubado. Por este crime, Bruno é julgado por roubo agravado.