Novo responsável pela freguesia traça prioridades para os próximos quatro anos e promete cumprir compromissos financeiros da última gestão
Bruno Frazão, 43 anos, é o novo presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião e considera que o voto dos fregueses no passado dia 12 de outubro representa “confiança”.
O autarca, que foi líder da bancada do PS na Assembleia de Freguesia de São Sebastião no mandato passado, quer que esta seja uma autarquia mais próxima das pessoas, mais moderna, e garante que vai chegar à fala tanto com a oposição como com a câmara municipal.
Num momento em que ainda está a “arrumar a casa” garante que vão ser cumpridos os compromissos financeiros do último mandato, e que o orçamento para 2026 já está a ser pensado.
Nesta que é a segunda entrevista que O SETUBALENSE está a realizar aos presidentes de junta eleitos nas últimas eleições autárquicas Bruno Frazão refere algumas das prioridades para os próximos quatro anos, entre as quais a melhoria da limpeza e higiene urbana.
Como é que encara os resultados do PS nesta freguesia?
Para nós, este resultado representa confiança. As pessoas acreditaram no trabalho que apresentámos, porque estivemos na rua, ouvimos, falámos com muitas pessoas, fomos claros no que podíamos fazer e no que não podíamos prometer. Foi uma campanha honesta e próxima.
Sabemos que algumas medidas dependem de articulação com a câmara municipal, e isso exige diálogo e capacidade de negociação. Vamos trabalhar com sentido de responsabilidade para que a freguesia não perca oportunidades.
Agora começa o mais importante: estar no terreno, todos os dias, a trabalhar para melhorar a freguesia e a vida das pessoas. Estamos a “arrumar a casa”.
Quais são as suas prioridades para este mandato?
A nossa prioridade é simples: melhorar a qualidade de vida na freguesia. Queremos ruas mais limpas, espaços públicos cuidados e uma junta mais próxima e acessível.
Queremos também reforçar a cultura, o desporto e o associativismo, porque acreditamos que são estes espaços que criam comunidade e aproximam as pessoas.
No apoio social, queremos olhar para as famílias de forma mais próxima e humana, sem burocracias desnecessárias, articulando respostas com quem já trabalha no território.
E queremos uma junta moderna, transparente, onde as pessoas sintam que podem entrar, falar, sugerir e serem ouvidas. A junta é da freguesia, não é de um executivo.
Afirmou, durante a tomada de posse, que vai dialogar e cooperar com todas as forças políticas. Quer alinhar objetivos com a oposição?
Sim, naturalmente. A junta de freguesia deve trabalhar com todas as forças políticas, porque todas representam pessoas que vivem na freguesia. O diálogo será permanente, aberto e construtivo. Não se trata de unanimismos, mas de procurar convergências que beneficiem a comunidade. Onde houver objetivos comuns, estaremos alinhados. Onde houver divergências, haverá respeito e discussão séria. A democracia faz-se assim.
Enquanto executivo, acreditamos que o espaço político local deve ser um espaço de responsabilidade e respeito mútuo. Cada força política pode trazer contributos válidos para a melhoria do território e é nossa responsabilidade criar condições para que esse diálogo seja possível.
O que nos orienta é o interesse público e o bem-estar da freguesia. Nesse sentido, estaremos sempre disponíveis para trabalhar em conjunto quando isso significar melhores respostas para as pessoas.
E com a câmara municipal? Qual é a relação que espera ter nos próximos quatro anos?
Esperamos uma relação de cooperação institucional clara, responsável e contínua. A junta e a câmara têm áreas de atuação diferentes, mas complementares. As pessoas não querem saber quem é responsável pelas áreas, querem ver os problemas resolvidos.
Por isso, é fundamental termos canais de comunicação simples, diretos e eficazes, que permitam identificar situações, encaminhá-las rapidamente e garantir resposta no terreno com prontidão. Se houver articulação constante entre equipas e fluxo de comunicação transparente, as soluções surgem mais depressa e com melhores resultados.
O nosso objetivo é trabalhar em conjunto, com respeito institucional e foco na solução. Construir pontes, coordenar esforços e garantir que cada problema encontra resposta. É isso que fará a diferença no dia a dia da freguesia.
De que forma pretende envolver os fregueses durante o seu mandato?
A participação das pessoas é central. Vamos afinar os meios de contacto que já existem, tornando-os mais claros, acessíveis e úteis, para que a informação circule de forma mais rápida e eficaz.
Vamos também criar a figura das conselheiras e conselheiros de freguesia, pessoas de referência nos seus bairros, que terão como missão fazer chegar à junta, com maior rapidez, as necessidades, sugestões e situações identificadas no território. Serão uma ponte viva entre as pessoas e o executivo, um olhar próximo sobre cada rua.
Para reforçar a proximidade, o projeto Freguesia Sobre Rodas será implementado ao longo do mandato, levando os serviços da junta diretamente aos bairros.
Paralelamente, vamos dinamizar iniciativas comunitárias como o Projeto Varandas Floridas e a criação de Hortas Urbanas, promovendo convivência, sustentabilidade e sentido de pertença.
A par destas medidas, vamos implementar Orçamentos Participativos, Orçamentos Participativos Jovens e Orçamentos Sensíveis ao Género, garantindo que todas as pessoas possam propor, decidir e acompanhar projetos que melhorem o seu bairro e a freguesia como um todo.
Queremos uma freguesia onde cada pessoa sinta que faz parte, participa e constrói.
A limpeza e higiene urbana foi uma bandeira da sua candidatura. O que é que pretende fazer concretamente nesta matéria?
Vamos reorganizar equipas, redefinir zonas de atuação e reforçar a frequência de limpeza.
Vamos melhorar a recolha de resíduos e promover campanhas de sensibilização junto da comunidade, envolvendo escolas, coletividades, moradores e moradoras, para promover responsabilidade partilhada. A limpeza da freguesia depende de todas as pessoas e não apenas dos serviços da junta ou da câmara.
Vamos também estar atentos a eventuais infrações e deposição incorreta de resíduos. O objetivo é educar, prevenir e promover o cuidado com o espaço público.
Pretendemos complementar o trabalho das equipas municipais, sobretudo em situações de grande acumulação de lixo junto aos contentores. Para isso, vamos criar um canal de comunicação célere especificamente dedicado à sinalização e resolução rápida destas ocorrências.
Vamos igualmente reforçar a colaboração com agentes no terreno, grupos de vizinhança e redes locais.
Se cada pessoa cuidar do espaço à sua porta, teremos uma freguesia mais limpa, mais saudável e mais digna para todas e todos.
O reforço em áreas como associativismo, cultura, desporto, sustentabilidade ambiental e solidariedade intergeracional são algumas das suas prioridades. Há propostas concretas que tenha em alguma destas áreas?
Sim. Vamos criar uma agenda dos diversos eventos, apoiar coletividades com meios logísticos e programação e reforçar atividades intergeracionais.
Queremos reformular os contratos-programa, tornando-os mais claros e transparentes, e disponibilizar as verbas mais cedo, para que as coletividades possam planear o ano com estabilidade. Recorde-se que os apoios de 2025 só foram pagos há cerca de um mês.
A nossa intenção é pagar por tranches ao longo do ano, garantindo previsibilidade e condições para que o movimento associativo desenvolva o seu trabalho com tranquilidade e continuidade. A curto prazo, vamos reunir com o movimento associativo, ouvir as suas preocupações e expectativas, e construir em conjunto as mudanças necessárias, alinhando as respostas da junta com as suas reais necessidades e projetos.
O reforço da sustentabilidade ambiental será uma das marcas deste mandato. Vamos apostar em projetos que promovam o equilíbrio entre desenvolvimento, qualidade de vida e preservação ambiental, aproximando as pessoas das causas ecológicas e da defesa do território, desenvolver ações de sensibilização ambiental, de reflorestação urbana, de redução de resíduos e de valorização dos espaços verdes, envolvendo escolas, associações e moradores.
A sustentabilidade ambiental será transversal a todas as áreas da cultura ao desporto, da solidariedade à educação reforçando a ideia de uma freguesia que cuida, preserva e transforma com responsabilidade.
Como é que estão as contas da junta de freguesia?
Estamos a realizar um levantamento rigoroso da situação financeira, avaliando compromissos existentes e margem de investimento.
Recebemos uma junta de freguesia não com verbas avultadas, com alguns compromissos assumidos pelo último mandato que iremos cumprir.
Neste momento, parece-nos que as verbas deixadas permitem fazer face aos investimentos previstos e assegurar o funcionamento regular dos serviços.
Queremos ter um grande controlo financeiro, garantir uma gestão equilibrada e manter sempre uma almofada financeira para imprevistos, porque as necessidades na freguesia mudam e podem surgir situações que exigem resposta rápida.
Vamos trabalhar com rigor, transparência e critério, definindo prioridades com seriedade e evitando decisões de curto prazo que comprometam o futuro.
Já estão a trabalhar para o orçamento da junta em 2026?
Sim, já estamos a dar passos nesse sentido. No entanto, este é um trabalho que exige responsabilidade, continuidade e diálogo. Iremos ouvir a oposição ao abrigo do Estatuto do Direito de Oposição, porque acreditamos que a democracia local se constrói também com contributos diferentes e com debate construtivo. Queremos integrar sugestões válidas, sem desvirtuar aquilo que é o compromisso assumido com as pessoas através do nosso programa eleitoral.
O orçamento irá, por isso, refletir as prioridades a que nos propusemos enquanto candidatos e candidatas, garantindo que, ao longo dos quatro anos de mandato, vamos executando o programa de forma consistente, gradual e estrategicamente faseada. A nossa meta é clara: chegar a 2029 com os objetivos cumpridos, com respostas concretas dadas aos bairros, às famílias, às coletividades e ao espaço público.
Pretendemos construir uma freguesia mais cuidada, mais acessível, mais dinâmica e onde seja um orgulho viver. O orçamento será um instrumento ao serviço dessa visão: realista, responsável e transformador.