De 23 corporações, 19 não estão a reportar informação operacional à ANPC
A suspensão dos serviços de informação operacional por parte das corporações de bombeiros que entrou em vigor às 0h00 deste Domingo está a ter, no distrito de Setúbal, uma adesão de 76% das corporações de bombeiros, de acordo com informações avançadas por João Ludovico, presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal
a O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO.
“Neste momento temos 19 corporações com serviços suspensos, quatro ainda estão a agilizar questões a nível interno e, por isso, ainda mantêm a operacionalização. Quanto aos Bombeiros Sapadores e Bombeiros Voluntários de Setúbal, esses vão manter as suas comunicações”, ressalva João Ludovico. O presidente salvaguarda ainda que, “esta medida está a ser bem implementada a nível distrital e nacional, tendo sempre em conta que a protecção às populações deve ser mantida”.
“Queremos que o Governo respeite as corporações de bombeiros e dê mais condições para a nossa operacionalidade”. Um resumo exige “que seja reconhecido o trabalho que é feito”, diz João Ludovico.
As medidas que esperam da parte do Governo centram-se “numa Direcção Nacional de Bombeiros com orçamento próprio, um comando autónomo e um cartão social para os bombeiros”. Este último com o objectivo de incentivar o serviço voluntário, pelo trabalho que as pessoas fazem no seu dia-a-dia, dando o seu tempo, sem receber nada em troca”.
“Não vamos parar enquanto o Governo não tomar uma decisão”
“Decidimos tomar esta decisão de suspensão da informação para os comandos distritais porque as negociações com o Governo continuam muito difíceis e consideramos que existe um total desrespeito pelos bombeiros portugueses, tendo em conta tudo o que fazem pelas populações”.
No entanto, João Ludovico garante que todos os pedidos de socorro e assistência que têm chegado através do 112 e dos próprios contactos efectuados directamente pela população para os quartéis, “estão a ser respondidos”.
Apesar da paralisação ao nível informativo, todo o distrito está na máxima prontidão “e em situações que requerem mais apoiam as corporações vizinhas entreajudam-se”, destaca João Ludovico. “Uma forma de garantir todo o apoio às populações e resposta a todas as solicitações pedidas”.
Uma preocupação que havia sido colocada em destaque pelo Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ao comentar que esta suspensão da comunicação seria ilegal e colocava em causa a segurança das pessoas, afectando, possivelmente os meios de resposta.
Contudo esta decisão de suspender os serviços foi aprovada por unanimidade na reunião nacional de Santarém.
Perante estas afirmações, João Ludovico, em representação da Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal afirma, “apesar de todas as ameaças e tentativas de fazer cair esta posição por parte da tutela, através de vários meios e com diversos protagonistas, o Distrito de Setúbal, através das associações humanitárias de bombeiros e dos seus Corpos de Bombeiros, aderiu em grande força, provando assim a justeza da Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal”. Tendo sempre em atenção a máxima “o Socorro nunca esteve, não está nem estará em causa!”.
Questionado sobre até quando esta medida de suspensão estará em vigor, João Ludovico é determinante “até que o Governo tome uma posição e volte à mesa das negociações com a Liga Portuguesa dos Bombeiros e oiça as nossas reivindicações”.
Corporações do concelho de Setúbal com sistema diferente
As corporações de bombeiros do concelho de Setúbal mantêm neste contexto a sua actividade, de comunicação com protecção civil, “porque Setúbal tem um centro operacional municipal com autonomia, no que diz respeito a acções de socorro. Uma organização em que tanto a Protecção Civil Municipal, como os bombeiros sapadores e voluntários e as forças de segurança actuam de forma interligada e bastante eficaz”, descreve José Luís Bucho, coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil e Bombeiros (SMPCB).
“Embora os bombeiros do município estejam solidários com as corporações de todo o país que decidiram suspender a informação operacional” José Luís Bucho destaca que, em Setúbal, essa tomada de posição não se aplica, “porque a nossa agilização funciona com resposta directa perante o município e não perante o Comando Distrital de Operações de Socorro [CDOS]”.