Criada para acolher crianças de risco em São Tomé e Príncipe a Casa dos Pequeninos acabou de ser acarinhada por Setúbal
O Bispo de São Tomé e Príncipe esteve ontem em Setúbal, na sede do Infantário “O Girassol”, onde recebeu 19 kits escolares e outros três específicos no ensino de inglês para as crianças da Casa dos Pequeninos; uma instituição daquela ilha no centro do mundo onde acesso a este tipo de materiais nem sempre é fácil, e o próprio preço é elevado.
Estes produtos que agora vão ser entregues neste lar de acolhimento de crianças em risco, resultam de uma campanha de solidariedade promovida por “O Girassol”, que envolveu também os pais das crianças que o frequentam, para além de ajudar os pequeninos santomenses pretende também a firmar a “importância de ser solidário para com quem se encontra numa situação de risco ou abandono”, comenta Vânia Guerreiro.
Conta a coordenadora pedagógica deste infantário da Associação de Moradores da Praça do Brasil, que a ideia de desenvolver esta acção surgiu quando ela própria esteve em São Tomé e Príncipe na sequência também de uma campanha de solidariedade, mas desta vez para a entrega de roupas pela escola do seu filho.
Nessa altura, conheceu o Bispo D. Manuel António Santos e ficou combinada a sua vinda a Setúbal e a doação de kits por “O Girassol”. “Verifiquei que apesar da Casa dos Pequeninos ter boas instalações, a nível de material escolar têm pouco”, diz Vânia Guerreiro. Por outro lado, sendo o infantário da Associação de Moradores da Praça do Brasil uma Instituição Particular de Solidariedade social, “faz todo o sentido continuarmos o nosso trabalho alem fronteiras”, acrescenta.
Para o Bispo da Diocese de São Tomé e Príncipe “toda a solidariedade” para com as crianças do arquipélago “é importante”, sendo também uma forma de ajudar a Casa dos Pequeninos, que neste momento abriga cerca de 40 crianças.
Esta é uma obra apoiada pela cooperação portuguesa, que durante alguns anos funcionou em instalações da Cáritas, mas deste há três anos tem instalações própria, através da mesma cooperação.
“Em São Tomé e Príncipe cerca de 70% da população tem menos de 30 anos, e há muitas crianças. Sendo uma sociedade de grande pobreza, muitas crianças vivem em más condições e subalimentação. A Casa dos Pequeninos pretende colmatar algumas dessas necessidades”, afirma D. Manuel António Santos.
Mas segundo o Bispo este não tem sido um trabalho fácil mesmo com a cooperação portuguesa a responder por 80% do necessário para o funcionamento daquela instituição. “Os restantes 20% temos de ser nós a conseguir, daí que as campanhas de solidariedade sejam tão importantes para nós”.
Sonho de construir novo edifício
O Infantário “O Girassol” foi criado a seguir à revolução do 25 de Abril de 1974, pela Associação de Moradores da Praça do Brasil. Neste momento com 170 crianças desde berçário, a cresce e pré-escolar, para além da sede na Rua D. Ana Broughton Gamito, em Setúbal, na cidade tem ainda mais dois polos em Santa Maria e no Bairro do Liceu.
Diz Ilídio Cruz, presidente da assembleia da Instituição, que há muito existe vontade de avançar com outras valências para além da infância. É objectivo da direcção conseguir um terreno, através da Câmara de Setúbal, e por parte da instituição com recurso a fundos comunitários construir um novo edifício. Entretanto já tiveram uma reunião na Câmara e aguardam resposta.
Quando ao espaço onde actualmente funciona a sede de “O Girassol”, caso este sonho se concretize, será transformado em centro de dia para a população idosa.