Museu Berardo Estremoz, que conta com a contribuição da Bacalhôa, remodelou salas e fez aquisições que aumentam o prestigio da sua colecção de azulejaria
Aquela que é considerada a maior e mais importante colecção privada de azulejos do país e que conta com a contribuição do Palácio e da Quinta da Bacalhôa (Azeitão) está a celebrar os cinco anos da inauguração da exposição 800 Anos de História do Azulejo. Esta exibição é composta por conjuntos azulejares in situ, património integrado no Palácio e Quinta da Bacalhôa (Azeitão) e no Palácio Tocha (Estremoz), e por mais de quatro mil e oitocentos exemplares móveis, datados do século XIII ao século XXI.
Para assinalar o seu aniversário os responsáveis pelo Museu Berardo Estremoz, decidiram avançar para a remodelação de diversas salas expositivas e novas aquisições, com o objectivo de “engrandecer” grande parte dos núcleos históricos e alargando o espectro geográfico e cronológico da colecção de azulejaria.
Para esta renovação do Museu Berardo Estremoz, participaram os comissários da exposição inaugural, Alfonso Pleguezuelo, da Universidade de Sevilha e o historiador José Meco, da Academia Nacional de Belas-Arte, Ángel Sánchez-Cabezudo, doutor em História da Arte e Susana Varela Flor, do Instituto de História da Arte / NOVA – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
Em termos geográficos, a colecção expandiu a sua presença com azulejos oriundos da Europa Central, como França, Itália, Países Baixos ou Bélgica, bem como do médio oriente de países como Egito e Tunísia. Destaque para a presença de grandes nomes, associados à “revolução” renascentista dos inícios da azulejaria de majólica, como Masséot Abaquesne, com um painel de azulejos de pavimento com o monograma do Condestável Anne de Montmorency provenientes do Castelo d’Écouen (actual Museu Nacional do Renascimento). De Itália chegou um azulejo de pavimento com o brasão de armas da família Piccolomini, datado de cerca de 1492, proveniente da biblioteca Piccolomini, localizada na Sacristia da Catedral de Siena
De África, Tunísia, está presente um conjunto de azulejos “Qallaline”, produção original deste país, com influências dos oriundos do outro lado do Mediterrâneo, nomeadamente Espanha (Valência e Sevilha) e Itália. Datados do século XVI ao século XIX, são o retrato das relações comerciais e culturais, seculares, que sempre se estabeleceram entre o Oriente e o Ocidente.
Do Egito, destacam-se as pequenas placas de revestimento, provenientes do complexo funerário do Faraó Djoser, em Sacará, datadas de cerca de 2630-2611 a.C., estabelecendo as origens técnicas no Oriente, do que viria a ser a produção azulejar dos milénios seguintes. O Museu Berardo Estremoz é uma iniciativa conjunta da Colecção Berardo e da Câmara Municipal de Estremoz
Azulejos do Paço do Ducal e obras de Manuel dos Santos são destaques
Entre as novidades destacam-se um conjunto de azulejos provenientes do Paço Ducal de Vila Viçosa que revestiam as salas mais requintadas deste palácio, os aposentos de D. Teodósio I (1510-1563), 5º Duque de Bragança. De Manuel dos Santos, um dos grandes nomes do Ciclo dos Mestres, podem ser observados dois painéis intitulados Cena campestre e Cena fluvial. Da centúria anterior, uma das grandes novidades centra-se no painel Apanha do tentilhão, que vem reforçar o núcleo oriundo da Quinta da Cadriceira, no Turcifal, do qual o Museu Berardo Estremoz já apresentava três exemplares. Também da Quinta dos Chavões, Cartaxo chegam painéis restaurados na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, que retratam cenas com macacarias, do quotidiano e cenas inspiradas na mitologia.