A presidente do CDS diz que a empresa é que sabe como deve negociar com os trabalhadores, respeitando os direitos destes. E apela ao empenho de todos para que a marca alemã continue a laborar em Portugal
A situação na Autoeuropa foi um dos temas abordados pela presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, na visita realizada ao Porto de Setúbal, no arranque das jornadas parlamentares do partido, que se prolongam até amanhã na cidade sadina. A centrista alerta para as consequências nefastas que um retrocesso na produção poderá ter na economia da região e do país, apelando ao empenho de todos para que a empresa se mantenha em Portugal.
Na primeira visita destas jornadas, que hoje se dedicaram à captação de investimento e diálogo social e que amanhã terá como prato forte o tema da saúde, Assunção Cristas reuniu com a administração do Porto de Setúbal, onde a Autoeuropa tem 10 hectares concessionados exclusivamente à sua exportação. Os trabalhadores da Autoeuropa começaram ontem a cumprir o novo horário transitório que prevê a obrigatoriedade do trabalho ao sábado, imposto administrativamente pela empresa após a rejeição dos acordos negociados previamente com a Comissão de Trabalhadores.
“Se é preciso ou não é preciso [trabalhar ao sábado], a própria empresa é que tem de saber, porque a empresa é que está no mercado e é que sabe a forma como isso tem de ser negociado com os trabalhadores, respeitando os seus direitos, dando-lhes condições para isso acontecer, nomeadamente, tendo em atenção a dimensão familiar e a necessidade de conciliar o trabalho na Autoeuropa com a família. É uma matéria para ser concertada”, disse Assunção Cristas.
A presidente do CDS referiu-se à possibilidade de haver “um retrocesso na produção, não aparecer um novo modelo, se houver dúvidas sobre a continuidade da Autoeuropa e da dimensão desse trabalho”, considerando que, “naturalmente, o porto [de Setúbal] também ficará afectado”. Assunção Cristas, acompanhada pela presidente do Porto de Setúbal, sublinhou que “o principal impacto desastroso” dessa eventualidade “será, certamente, para a economia da região, e para a economia do país”.
“Creio que o país e todos aqueles que têm a possibilidade de influenciar e de criar condições devem empenhar-se para que a Autoeuropa continue em Portugal. Representa muito bem a economia portuguesa, não só por aquilo que a Autoeuropa faz, mas também por aquilo que um conjunto muito grande de empresas fazem a propósito e por causa da Autoeuropa. É a economia do país que está em causa”, vincou.
Nota ‘muito negativa’ para o ministro das Finanças
A líder centrista debruçou-se também sobre a actualidade, escusando-se a comentar as investigações no Ministério das Finanças. Mas deu uma “nota muito negativa” a Mário Centeno pela “promessa de investimento público” em 2017, “muitíssimo longe de ser cumprida”.
“Para mim, o mais importante, e separando as águas – se há investigações elas têm os seus tempos próprios e protagonistas, não me compete a mim comentar –, interessa-me hoje [ontem] sinalizar o facto de termos tido uma promessa de investimento público em 2017 que ficou muitíssimo longe de ser cumprida”, defendeu.
Cristas referia-se assim à notícia avançada pelo jornal online Eco de que a subida do investimento público em 2017 não chegou para atingir os valores de 2015.
“Dizia-se que íamos crescer mil milhões em investimento, ficámos em 200 mil, não compensou sequer a quebra do investimento público em 2016. Isso significa que o Governo e o ministro das Finanças faltam à sua palavra, procuram enganar os portugueses, empatam durante muitos meses, dizendo que se vai concretizar determinado investimento público e, na verdade, ele não acontece”, considerou.
A presidente do CDS justificou depois a “nota muito negativa” que atribui a Mário Centeno. “Não cumpriu a sua palavra, não cumpriu o que estava no Orçamento de 2017, não cresceu e nem sequer compensou a quebra brutal do investimento público em 2016”, reforçou, a concluir.
DIÁRIO DA REGIÃO com Lusa